Libéria agradece ajuda

Fotografia: Francisco Bernardo

Fotografia: Francisco Bernardo

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, recebeu ontem uma mensagem da sua homóloga da Libéria, Ellen Johnson-Sirleaf, a agradecer o apoio de Angola no combate ao Ébola.

Ellen Johnson-Sirleaf enviou a Luanda Boima Fahnbulleh, seu conselheiro de Segurança Nacional, que transmitiu ao líder angolano uma mensagem de “extrema gratidão”, pelo apoio que considerou decisivo para  a Libéria conseguir banir o vírus do Ébola do seu território. Boima Fahnbulleh disse que a audiência com o Presidente José Eduardo dos Santos permitiu passar em revista a actual conjuntura na África Ocidental, uma região que foi fortemente abalada pelo Ébola, especialmente no eixo Serra Leoa, Guiné e Libéria, onde morreram mais de 11 mil pessoas.
Em declarações à imprensa, após a audiência, Boima Fahnbulleh disse que a pandemia do Ébola ensinou várias lições ao Governo e também ao povo da Libéria. “Foi uma situação que nos permite olhar de maneira diferente para os esforços de países em vias desenvolvimento, que devem ser para nós um exemplo a seguir.”
O emissário de Ellen Johnson-Sirleaf considerou que “a atitude e o exemplo de Angola serve  de inspiração”, pelo interesse demonstrado na situação provocada pelo Ébola. “Isto ensinou-nos que em momentos como este devemos aprender a criar solidariedade e além disso devemos trabalhar em conjunto pelo bem-estar do nosso povo e combater outros flagelos que ainda apoquentam os nossos povos como a marginalização, o subdesenvolvimento e outros problemas que impedem o desenvolvimento do continente.” Perguntado sobre se a pandemia do Ébola teve algum impacto em relação às Metas de Desenvolvimento do Milénio, Fahnbulleh disse que a situação apenas revelou quão fracos são os  sistemas de saúde. “A nossa região já enfrentou outras epidemias e foi capaz de os  ultrapassar. O problema é que a Ébola revelou a fraqueza dos nossos sistemas de saúde, porque quando surgiu não tínhamos quadros preparados, nem infra-estruturas adequadas para responder. Pior do que isso, nem se sabia se havia cura para a doença”.
Boima Fahnbulleh disse que a forma como a Libéria enfrentou a doença e os resultados obtidos deveu-se  a uma grande mobilização nacional para enfrentar um problema comum, mas foi fundamental o apoio de amigos como Angola. Para o conselheiro de Ellen Johnson-Sirleaf, embora os vizinhos Guiné e Serra Leoa estejam ainda a enfrentar alguns problemas, ficou a lição de que é preciso trabalhar cada vez mais de forma conjunta e concertada. “Foi crucial termos conseguido  que a doença ficasse confinada àquela região, porque as nossas fronteiras são porosas e as populações para se movimentarem de um país para o outro raramente usam aeroportos”, disse Fahnbulleh, sublinhando que ao confinar a doença a Libéria impediu que países vizinhos como o Senegal e Costa do Marfim  fossem afectados.
Boima Fahnbulleh disse ter aproveitado a audiência para falar com o líder angolano sobre os focos de instabilidade, especialmente na região  ocidental do continente. “A instabilidade leva-nos a olhar para outros ângulos, porque há países que tiveram situações do género e conseguiram ter uma saída airosa, como é o caso de Angola. São exemplos  que devemos apreender e implementar nos nossos países”, afirmou o diplomata.
Fahnbulleh, que já foi ministro para os Assuntos Externos da Libéria, no Governo liderado por Samuel Doe, considerou a instabilidade uma consequência da falta de condições de sobrevivência, da exclusão social, da marginalização e dos problemas conjunturais social e económicos. “Se nos unirmos e buscarmos a experiência daqueles que já passaram por esses problemas, naturalmente temos condições de trabalhar no sentido de garantir estabilidade e prosperidade para a nossa região e para o continente”, disse o diplomata.
Para o político e diplomata liberiano, em África existem bons exemplos de como ultrapassar uma situação de instabilidade, por mais profunda que seja. E considerou que em todos os casos de sucesso, a disciplina foi sempre um elemento imprescindível.
“É fundamental que haja disciplina. Vimos países que conseguiram ultrapassar a instabilidade e a insegurança, como  Angola. Tem de haver um espírito de disciplina a nível nacional, e só assim se consegue investir nos homens para pôr o país no caminho do desenvolvimento”, concluiu Boima Fahnbulleh.

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