Governo angolano quer novo rumo na cooperação Europa África
10 Julho de 2018 | 23h01 – Actualizado em 10 Julho de 2018 | 22h55
O ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, afirmou hoje, terça-feira, em Lisboa, que o governo angolano quer uma nova cooperação entre Europa e África adaptada as expectativas e as necessidades da juventude.
O ministro falava no painel sobre “Perspectivas políticas para o futuro das relações entre África e Europa”, no 1º Fórum EurAfrican aberto pelo presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
Manuel Augusto disse que o continente Africano está aberto para continuar a cooperar com a Europa, mas quer uma cooperação adaptada ao actual momento, virada fundamentalmente para as expectativas e as necessidades dos jovens.
O ministro indicou que a maioria dos países africanos defende que haja uma plataforma de entendimento exclusivamente entre a Europa e África e que os europeus encontrem outros caminhos para cooperar com as Caraíbas e Pacífico.
“ O mundo continua a funcionar em blocos. Assistimos hoje, e vimos em algumas apresentações esta manhã, o papel que a Ásia vai tendo no mundo. Uma Ásia que está muito próxima de África, que trabalha com os africanos em novos moldes e que obriga a Europa a repensar o seu modelo de cooperação com a África”, salientou.
No entanto, referiu ser necessário evitar-se pensamos negativos da relação de Ásia com África “ou seja discurso anti-chinês, de que o Chinês não é bom para cooperar com a África, mas é bom para cooperar com a Europa e com o Estados Unidos”.
“ É preciso entender que a África já não está na fase de aceitar essa discriminação, seja ela positiva ou negativa. Isso obriga que os europeus e africanos estabeleçam novas linhas de força para o seu relacionamento, até porque é evidente que há como vantagens a ligação histórica em muitos casos”, asseverou.
Actualmente, apontou, assiste-se, com muita satisfação e orgulho, o papel proeminente do sector privado africano na cooperação entre Europa e África, com incursões em matérias de investimentos em países europeus.
Manuel Augusto recordou que Angola viveu longo período de guerra e terminado o conflito, virou-se aos parceiros tradicionais no ocidente. “Pretendia-se e esperava-se, como qualquer país que vem de uma guerra, uma grande conferência de doadores, um plano Marchal para reconstruir Angola, mas lhe foi negada esta possibilidade, pois dizia-se que Angola era um país rico e não precisava de ajuda”, sublinhou.
O ministro explicou que Angola teve de virar as atenções para o oriente e, em 16 anos de paz, com o parceiro chinês, fundamentalmente, construíram-se estradas e barragens, bem como reabilitou-se caminhos de ferro, num conjunto de infra-estruturas minimamente aceitáveis para um país que foi destruído pela guerra.
O evento, organizado pelo Conselho da Diáspora Portuguesa, pretendeu contribuir para um futuro “próspero e sustentável” em África e na Europa, aproveitando sinergias e promovendo oportunidades de negócio com benefícios mútuos, valorizando sobretudo as novas gerações.
Participaram no encontro líderes europeus e africanos do mundo empresarial, político e da sociedade civil.