Dia Internacional da Lembrança do Tráfico de Escravos e sua Abolição – 23 de Agosto
O Dia Internacional de Lembrança do Tráfico de Escravos e sua Abolição celebra-se a 23 de Agosto, em alusão à sublevação de escravos ocorrida nesse dia em 1791, em Santo Domingo, actualmente Haiti e República Dominicana, que resultou na revolução haitiana desempenhando um papel crucial na abolição do comércio transatlântico de escravos.
Esta data foi posteriormente adoptada pelo Conselho Executivo da UNESCO na sua 29ª sessão, através da Resolução 29 C/40 e é celebrada desde 1998.
O Dia Internacional de Lembrança do Tráfico de Escravos e sua Abolição, pretende inscrever a tragédia do tráfico de escravos na memória colectiva de todos os povos.
A UNESCO tem desempenhado um papel importante no sentido de promover a compreensão e reconhecimento do tráfico de escravos. Desde o estabelecimento do Projecto “A Rota do Escravo” em 1994, a agência tem trabalhado para dar a conhecer a dimensão e as consequências do tráfico e retratar a riqueza das tradições culturais – ao nível da arte, música, dança e cultura no sentido mais lato – que os povos africanos foram forjando perante a adversidade. Os esforços do projecto esperam contribuir para a Década das Pessoas de Ascendência Africana, de 2013 a 2022 e que pretende ajudar a aumentar os compromissos políticos a favor daquela população.
Como sociedade, é essencial prestar homenagem aos que lutaram pela liberdade e reconhecer as contribuições insubstituíveis para a afirmação dos direitos humanos universais, contra os preconceitos raciais herdados do passado e contra as novas formas de escravatura.
Uma pesquisa da OIT – Organização Internacional do Trabalho e da Fundação Walk Free, em parceria com a OIM – Organização Internacional para Migração, revela a verdadeira escala da escravidão moderna em todo o mundo.
De acordo com este estudo apresentado durante uma Assembleia Geral das Nações Unidas em Setembro de 2017, mais de 40 milhões de pessoas em todo o mundo foram vítimas da escravidão moderna em 2016.
Em Angola, a questão da escravatura e a sua triste memória sempre esteve na agenda nacional. Existe o Museu da Escravatura em Luanda no Morro da Luz, criado pelo Instituto Nacional do Património Cultural, com o objetivo de dar a conhecer a história da escravatura em Angola. O Museu tem a sua sede na Capela da Casa Grande, templo do Séc. XVII, onde os escravos eram baptizados antes de embarcarem nos navios negreiros que os levavam principalmente para o continente americano.
A adesão de Angola ao projecto da UNESCO sobre “A Rota dos Escravos” constitui um importante passo para o reconhecimento de todo um processo histórico que importa manter na memória colectiva da humanidade. O projecto será inscrito na lista de Património Cultural da UNESCO á semelhança de Mbanza Kongo.
Para mais informações, consultar os links:
- Banco de Dados do Tráfico Transatlântico de Escravos – reúne informações sobre quase 36.000 viagens negreiras: http://www.slavevoyages.org/
- Organização Internacional do Trabalho – https://www.ilo.org/global/publications/books/WCMS_575479/lang–pt/index.htm
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Coordenação: Luandino Carvalho – Adido Cultural
Edição: Miriam P. Santos - Técnica Superior