África busca equilíbrio na cooperação com a China

Foto: News.cn

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02 Setembro de 2018 | 20h39 – Actualizado em 02 Setembro de 2018 | 20h39

A necessidade de se obter uma cooperação com ganhos mútuos constitui o pano de fundo da III Cimeira do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC -2018) que decorre a partir de segunda-feira (3) na capital chinesa, a cidade de Beijing.

O fórum deste ano junta mais de 50 dignitários de países africanos com relações diplomáticas com a China.

Para tomar parte no evento, o Presidente da República de Angola, João Lourenço, acompanhado da esposa, Ana Dias Lourenço, encontra-se desde sábado em Beijing.

João Lourenço chefia uma delegação que integra os ministros das Relações Exteriores, Manuel Augusto, das Finanças, Archer Mangueira, entre outros quadros do Estado.

O encontro a decorrer até terça-feira (4) irá adoptar uma declaração de princípios políticos que vai nortear a cooperação China-África e respectivo plano de acção para 2019/2025, que integra sectores como a agricultura, desenvolvimento de infra-estruturas, recursos humanos e transferência de tecnologia.

Ao nível bilateral, o “lobby” de Angola será no sentido de influenciar a continuidade da assistência da China para os projectos já em curso, futuros e a atracção de investimento privado chinês para os diversos sectores que directa ou indirectamente contribuem para o desenvolvimento económico e social do país.

É também interesse de Angola contribuir para a adopção de uma declaração e plano de acção que respondam aos anseios do continente e do país, em particular, tendo em conta as suas prioridades de desenvolvimento.

No geral, fontes diplomáticas dos dois países consideram “bastante positiva” a cooperação entre Angola e a China.

No que diz respeito à parceria inter-Estado, os dois países estabeleceram relações diplomáticas em 1983. Esses laços fortaleceram-se a partir de 2002, altura em que o “gigante” asiático concedeu financiamento a Angola para recuperar, construir estradas, linhas ferroviárias, aeroportos, além de outras infra-estruturas estruturantes.

No primeiro trimestre do ano em curso, as trocas comerciais entre os dois países cresceram 22,4 por cento tendo atingido 6.80 biliões de dólares norte-americanos (USD).

Neste período, a China vendeu a Angola produtos avaliados em 481 milhões de USD e comprou mercadorias avaliadas em 6,32 biliões de dólares.

Em 2017, o comércio entre Angola e a China cresceu 43,42% para 22,34 biliões de dólares norte-americanos, com a China a comprar mercadorias a Angola no valor de 20.047 USD e a ter vendido bens no valor de 2.297 milhões de USD.

Em torno da Cimeira

Entretanto, a grande novidade desta cimeira é a integração no plano de acção de uma componente de desenvolvimento com ganhos recíprocos.

Na V conferência ministerial realizada em Julho de 2012, em Beijing, sob o lema “abrir uma nova perspectiva para uma nova estratégia China-África com base nos êxitos obtidos”, o Governo chinês anunciou a concessão de 20 biliões de dólares para o financiamento de infra-estruturas, projectos ligados à agricultura e pequenas e médias empresas.

Tête-à-tête João Lourenço – Xi Jimping 

 Refira-se que ainda hoje (domingo) à tarde o Presidente angolano teve um encontro com o seu homólogo chinês Xi Jimping.

Neste tête-à-tête, o Chefe de Estado angolano terá reafirmado a vontade de manter e fortalecer as relações de amizade e cooperação entre os dois países, que já duram 35 anos.

A cimeira China-África, que acontece pela segunda vez em solo chinês, depois de 2006, é uma plataforma de consultas e diálogo colectivo, cujo objectivo é o fortalecimento das relações de amizade.

A intensificação e promoção da cooperação entre o “gigante” asiático e os países do continente-berço fazem também do foco do fórum.

A primeira edição do FOCAC realizou-se em Beijing, em 2006, e a segunda na África do Sul, em 2015.

O continente africano é um parceiro estratégico da China, tendo o comércio entre as partes totalizado, em 2014, 200 biliões de dólares.

A China é receptora de 28 por cento das exportações de petróleo proveniente de África.

Participarão também no encontro, que se realiza no Palácio do Povo (Beijing), o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o presidente da União Africana (UA), Paul Kagame, a presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat, entre outras entidades convidadas.

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