PR aborda papel de Angola na resolução de conflitos

PRESIDENTE DA REPÚBLICA, JOÃO LOURENÇO FOTO: PEDRO PARENTE

PRESIDENTE DA REPÚBLICA, JOÃO LOURENÇO
FOTO: PEDRO PARENTE

 O Presidente da República, João Lourenço, destacou hoje (terça-feira) em Nova Iorque, a “modesta” contribuição de Angola na resolução de conflitos, nomeadamente na mediação entre o Rwanda e o Uganda.

24 Setembro de 2019 | 23h39 – Actualizado em 25 Setembro de 2019 | 08h41

No seu discurso na 74ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, o Presidente considerou que “Angola tem procurado dar a sua modesta contribuição na medida do possível na prevenção ou resolução de conflitos, sobretudo na região da SADC, dos Grandes Lagos ou da África Central”.

Notou que assim foi com “o mais recente caso do Memorandum de Entendimento entre o Rwanda e o Uganda assinado em Luanda, um passo importante na prevenção de um conflito que se estava a incubar e na iminência de eclodir”.

O terrorismo no continente africano também mereceu a atenção do Presidente João Lourenço, que chamou a atenção para o de cariz fundamentalista religioso que assola o Mali, o Níger, a Nigéria, os Camarões, o Burkina Faso, o Tchad, a República Centro Africana e a Somália.

Falou também da necessidade da comunidade internacional e a União Africana, em particular, prestar atenção especial à normalização da situação política na Líbia, pelo facto de os territórios controlados pelas diferentes milícias serem a fonte de abastecimento logístico em armas e munições dos grupos fundamentalistas que actuam em África.

Na visão do estadista angolano, “os conflitos político-militares e as enormes desigualdades económicas ainda existentes representam uma ameaça permanente a toda a Humanidade, obrigando a uma união de esforços na resolução dos problemas reais que constituem as prioridades, como a protecção do Ambiente e a erradicação definitiva da fome e da pobreza, das doenças endémicas, do tráfico de pessoas e drogas, da imigração ilegal, do terrorismo e de outros atentados à paz, criando o ambiente adequado ao progresso social e ao desenvolvimento”.

Conforme disse, “para se cumprir esse nobre desiderato importa concentrar todo o nosso empenho na resolução pacífica dos conflitos, que levam alguns países a um clima permanente de tensão ou de guerra iminente”.

Nesta perspectiva, João Lourenço, o 17º estadista a discursar na sessão, defendeu o multilateralismo nas relações internacionais, por considerar que “só ele contribui efectivamente para a paz e segurança mundiais”.

Neste domínio, particularizou a tensão prevalecente na península coreana que continua a pôr em perigo a paz mundial, devendo continuar como uma das grandes preocupações da comunidade internacional.

Por isso, encorajou e felicitou os esforços diplomáticos que vêm sendo feitos pelas grandes potências mundiais, nomeadamente pelos Estados Unidos da América, a Rússia e a China, no sentido de se fazer daquela parte do planeta uma zona de paz e segurança.

Manifestou-se igualmente preocupado com o conflito do Médio Oriente que se vem eternizando, sendo fundamental que as sucessivas e pertinentes resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas sejam respeitadas, em especial as que dizem respeito à importância da criação de um Estado palestino independente, que conviva em paz com o Estado de Israel e desenvolvam entre si normais relações de vizinhança e de cooperação económica.

Com relação à crescente tensão no Golfo Pérsico, onde se situam importantes reservas de crude ameaçadas pelo conflito latente e na iminência de pôr em perigo a segurança energética mundial, apelou à contenção de todas as partes envolvidas e que sejam encontradas as melhores soluções à mesa de negociações.

Do alto daquela importante tribuna, aproveitou a oportunidade para apelar ao fim do embargo económico imposto há décadas a Cuba, “por ser injusto à luz do Direito Internacional, sobretudo se tiver em conta a recente aproximação e de regularização das relações, voluntariamente aberta com a inédita e histórica visita de um Chefe de Estado americano a Cuba”.

No discurso, referiu-se ainda a guerra comercial que neste momento opõe duas potências económicas, os EUA e a China, exortando para o seu fim, pelas consequências nefastas que já se fazem sentir na economia mundial.

Advogou também por uma reforma profunda da ONU, para que possa melhor cumprir com a grande responsabilidade que tem na gestão e resolução de conflitos, bem como na prevenção das guerras.

Reiterou a necessidade de se “alargar o número de membros permanentes do Conselho de Segurança, dando primazia a África e a América do Sul, pelo facto de a actual composição que contemplou, na altura, sobretudo, as potências vencedoras da Segunda Guerra Mundial, já não reflectir a necessidade de um mais justo equilíbrio geoestratégico mundial”.

Até à próxima sexta-feira (27), a Assembleia Geral das Nações Unidas será marcada por intervenções de representantes de cerca de 150 países, entre Chefes de Estado e de Governo

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