«Preço da habitação baixou em Angola», revela Jornal de Angola

 

As novas centralidades permitiram a milhares de angolanos realizar o sonho da casa própria. O mercado imobiliário está em grande ascensão e para a maioria dos clientes, este momento é favorável à compra de habitações. A oferta de casas do Estado obrigou a uma queda nos preços.

Diante das várias opções que o mercado tem para oferecer, a facilidade de financiamento e a redução dos juros à habitação, as famílias só precisam de escolher com cuidado o melhor lugar para morar.

Agente imobiliário desde 2004, David Tuvesso nunca experimentou tantas dificuldades como agora. Responsável pelo sustento de uma família de quatro membros, até há um ano e meio conseguia fazê-lo com os lucros da actividade que exerce. Mas as coisas mudaram e hoje é difícil conseguir clientes para comprar ou arrendar um apartamento no centro e arredores da cidade. “As pessoas agora preferem a Centralidade do Kilamba porque os preços é que ditam as regras”, disse.

David Tumesso revela que muitos agentes imobiliários estão a abandonar a actividade porque a tendência é para existirem cada vez menos clientes.A oferta de habitações nas novas centralidades deu uma machadada na especulação imobiliária. Hoje é muito fácil comprar casa e com preços controlados.

Com o rosto triste, David Tumesso recorda que os lucros com a venda de vivendas ou apartamentos em bairros como Alvalade, Terra Nova ou Bairro Popular, os mais caros e de difícil aquisição por parte da maioria dos angolanos, eram elevados.

“Essas zonas, pela dimensão das suas infra-estruturas e o abastecimento frequente de energia e água potável, sofreram baixas significativas nos preços”, disse o agente imobiliário.Apesar da crise de clientes, muitos vendedores de imóveis não desistem do negócio e o bairro da Maianga constitui um exemplo.

Jovens nas proximidades do Serpa Pinto despertam a atenção pela forma como abordam os eventuais compradores de imóveis.

Os agentes imobiliários demonstram vasta experiência de negociação e uma paciência sem limites. O objectivo principal passa por fechar o negócio da casa e receber a sua percentagem que normalmente ronda os dez por cento do valor da venda da casa.

Adérito Rodrigues é agente imobiliário há 15 anos. Revelou à reportagem do Jornal de Angola que as casas e os apartamentos na zona da Maianga, nas redondezas do Prédio do Livro, reduziram o preço de uma forma considerável.

Para se ter uma ideia, em 2009, o preço dos apartamentos variava de um milhão a um milhão e 200 mil dólares, enquanto o arrendamento rondava os três mil dólares por mês. “Existem dias que somos solicitados por um ou dois clientes e depois ficamos semanas sem um movimento o que em nada se compara com os primeiros anos em que entrei nesta actividade”, reconheceu.

Associação na forja

Manuel Lourenço Paulino trabalha há dez anos como agente imobiliário. Já desenvolveu a actividade em vários locais de Luanda, mas há oito anos adoptou o Bairro Popular como local de trabalho.
Os anos de experiência levaram-no a conhecer o negócio como a palma das suas mãos, o que lhe dá autoridade para dizer que a procura desceu consideravelmente.

Admite que o motivo principal é a oferta de apartamentos nas centralidades do Kilamba, Cacuaco e Vida Pacífica, no Zango.

Manuel Lourenço Paulino revela que as dificuldades, falta de entendimento e confusão são tantas que entre os agentes imobiliários se fala na criação de uma associação. “Trabalhamos aqui semana após semana e na ânsia de angariar clientes facilmente surgem desentendimentos”, disse.

Manuel Lourenço Paulino diz que a iniciativa de criar uma associação tem recebido resposta positiva dos colegas e acredita que se for criada “temos tudo a nosso favor para ter a vida facilitada”.

Queda nos preços

Há muito que os bairros da Maianga e Alvalade são tidos como as zonas de Luanda onde as rendas dos apartamentos são especulativas.O corrector de imóveis, André Francisco, diz que os preços praticados variam de 1.500 a 2.500 dólares ao mês. Mas tratando-se de compra, o cenário muda de figura.

“Os apartamentos para compra que em outros tempos custavam um milhão hoje custam 450 mil dólares”, disse.

André Francisco explica que a tendência de redução passou a ser notada nos últimos nove meses.

“Não é necessário ser corrector de imóveis ou trabalhar no ramo imobiliário para perceber que os preços estão baixos devido às novas centralidades que o Executivo ergueu na cidade de Luanda.

É notória a corrida dos clientes às casas das centralidades.

O número de pessoas para alugar ou comprar casas reduziu bastante e fez com que os proprietários baixassem o preço”, realçou.

O director geral da imobiliária Propricasa, Miguel Ribeiro, considera que a evolução do mercado imobiliário em Luanda é animadora. Disse que importa manter a confiança num mercado que ao longo dos últimos 20 anos mantém as portas abertas e tem garantido serviço de qualidade quando é solicitado.

Miguel Ribeiro explica que a maior parte dos clientes que arrendam ou compram uma habitação na Propricasa preferem o centro da cidade para facilitar o dia-a-dia do trabalho. Acrescenta que os clientes fazem-no para evitar o congestionamento do trânsito o que não se verifica nas outras cidades do país.

“Além de Luanda, temos apostado fortemente no mercado imobiliário de Benguela, mas a realidade revela que com as novas centralidades que o Executivo ergueu em Luanda o ramo imobiliário teve que reduzir os preços”, disse.

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