Corpo diplomático recebe explicações
O Gabinete Central do Censo vai divulgar em Agosto os resultados preliminares do Recenseamento Geral da População e da Habitação a realizar em Maio deste ano, anunciou ontem o director do Instituto Nacional de Estatística, Camilo Ceita, durante um seminário dirigido ao corpo diplomático acreditado em Angola.
Camilo Ceita disse que os resultados definitivos e oficiais vão ser divulgados 18 meses depois do fim do recenseamento com a apresentação de 12 relatórios sobre a imigração, saúde, demografia, entre outras orientações das Nações Unidas.
Sobre os casos “específicos”, o director do INE clarificou que o Gabinete Central do Censo está a fazer um levantamento de todas as plataformas existentes no país e, atendendo à sua especificidade e sensibilidade, vai trabalhar essas plataformas com os respectivos funcionários por razões de segurança.
Camilo Ceita informou que o Gabinete Central do Censo vai criar uma rede privada do Censo com as operadoras móveis Unitel, Movicel, Angola Telecom e o Instituto Nacional de Telecomunicações para permitir a comunicação, em tempo real, entre o agente recenseador, o supervisor nas comunas até ao centro de processamento em Luanda.
Camilo Ceita revelou que os “casos especiais” incluem os meninos de rua, aeroportos, estações ferroviárias, lar de idosos, hospitais, cadeias e plataformas. “Três dias antes da realização do Censo, o gabinete vai sair à rua para saber onde estão localizados e abrigados os meninos de rua”, referiu. O director do INE considerou o corpo diplomático um sector importante por representar todos estrangeiros legais e ilegais residentes no país, notando que “o Censo não exclui ninguém”. Acrescentou que todos os estrangeiros residentes há mais de seis meses no país vão ser recenseados.
O também coordenador-geral do Gabinete Central do Censo esclareceu que da comparação internacional feita quanto ao custo geral do Censo a nível da sub-região e do mundo constatou-se que o Recenseamento Geral da População e Habitação em Angola equivale a 1.000 kwanzas por pessoa totalizando 20 mil milhões de kwanzas, o orçamento da operação.
Camilo Ceita disse que pelas condições do país este orçamento não é caro, já que é o primeiro Censo que país realiza após a independência. “Ainda somos um país em pós-conflito e estamos a controlar bem o orçamento destinado a este processo”, sublinhou.
Reconheceu que uma das variantes mais importantes deste processo é a recolha da idade, que é muitas vezes acautelada em função de acontecimentos que surgiram no passado, daí a necessidade da criação de um calendário de eventos nas comunidades, uma experiência sugerida pelo embaixador de Marrocos em Angola, Sidati El Ghallaoui.
Os grupos técnicos comunais, segundo Camilo Ceita, foram já orientados a trabalhar com as comunidades para a nível das regiões criarem um calendário de eventos. Reconheceu que a realização do Censo nas áreas rurais é mais difícil do que nas áreas urbanas devido à extensão territorial do país. “A distância entre as diversas regiões é muito grande o que obriga à criação da logística necessária para a movimentação dos agentes recenseadores”, disse o director do INE.
Ao corpo diplomático Camilo Ceita pediu para que informe as respectivas comunidades de que o Censo não é selectivo e todos os residentes em Angola devem responder, pois o Governo precisa de saber onde as pessoas estão localizadas para melhorar as suas condições de vida.
O embaixador de Cabo Verde em Angola, Francisco Pereira da Veiga, considerou o Censo “muito importante” no processo de planificação do Executivo angolano no desenvolvimento do país “pois os poderes públicos precisam dos dados requeridos no recenseamento geral para melhor planificarem os programas e determinarem o que fazer”.
Francisco Pereira da Veiga apelou os cabo-verdianos residentes em Angola para participarem no processo, e a representante do Fundo das Nações Unidas para a População, Kourtoum Nacro, disse ao Jornal de Angola que o Censo permite obter informações correctas para melhor planeamento e desenvolvimento de políticas justas.
O embaixador da França, Jean-Claude Moyret, considerou a preparação da operação um “processo complicado e indispensável para um país-modelo que quer fazer boas políticas públicas e tem de conhecer a população e as suas condições de vida”.