Angola defende protecção dos ecossistemas florestais
O Governo angolano considera que a actual exploração anárquica das florestas tem um impacto negativo sobre a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas florestais, que devem necessariamente ser protegidos.
Esta sessão, que contou com a participação da representante permanente junto da FAO, embaixadora Maria Fátima Jardim e outros diplomatas, decorreu em simultâneo com a 7ª Semana Mundial da Floresta, iniciada a 2 de Outubro e se prolongara até 12 do mesmo mês.
Ao enaltecer a importância de protecção das florestas, André Moda referiu que os produtos florestais não lenhosos geram receitas significativas no domínio da segurança alimentar, o que pode permitir às populações locais a não dependerem dos produtos importados, que são geralmente muito caros.
Porém, acrescentou, actualmente o ritmo de exploração dos recursos lenhosos nessas florestas podem, também, comprometer a durabilidade das espécies vegetais, na ausência de medidas de vigilância.
Afirmou que as florestas têm funções ecológicas e ambientais indeléveis, porquanto fornecem diversos produtos alimentares, farmacêuticos, aromáticos, lenhosos, fibrosos, ornamentais, forragem e mesmo tóxico (para a caça e a pesca).
O secretário de Estado defende que a promoção da diversificação integrada das actividades ligadas às zonas florestais (turismo, caça, pesca e pastorícia) dará uma contribuição pertinente à durabilidade das florestas e ao desenvolvimento rural, ao melhoramento do valor ambiental das zonas florestais e à maximização das suas funções de protecção.
Nesse âmbito, destacou a necessidade de recuperação das zonas submetidas ao fenómeno de desertificação e de erosão, com acções que devem constar no Plano de Acção Nacional da Luta Contra a Desertificação, para a recuperação dos ecossistemas florestais degradados, com destaque para os corredores ecológicos e as galerias ribeirinhas de Okavango-Zambeze e a zona transfronteiriça do Mayombe.
Na sua intervenção, enfatizou o facto de cada país ser soberano e fazer as suas opções sobre o que pensa e idealiza como visão de responsabilidade local, no que se refere à gestão do seu espaço e recursos florestais, sempre alinhado com os paradigmas internacionais, tendo em conta as vantagens transfronteiriças.
Deu a conhecer a nova política florestal, consubstanciada na Lei de Base para as Florestas e Fauna Selvagem, Regulamento Florestal e de Fiscalização, estando na forja outros instrumentos, como o Regulamento da Caça e da Apicultura, o Plano de Gestão dos Ecossistemas Frágeis da Floresta Aberta de Miombo, no Centro e Sul do país.
A extensão florestal de Angola é estimada em 69,3 milhões de hectares, com base nos últimos dados do inventário florestal nacional, realizado e publicado em 2015, sendo que cerca de 82% esta coberto por Miombo, floresta aberta e vulnerável, situado a sul e sudoeste do país com características semi-áridas e eventos desérticos frequentes, sublinhou.
A sessão do COFO analisou matérias de âmbito global, incluindo o impacto da COVID-19 no sector florestal e como fazer face a esses desafios, o papel das florestas na transformação dos sistemas alimentares e na mitigação dos impactos das alterações climáticas, a contribuição do sector para as décadas da ONU sobre agricultura familiar e restauração de ecossistemas, entre outros tópicos.
Os participantes analisaram igualmente os resultados de dois relatórios publicados sobre as florestas, nomeadamente sobre o Estado das Florestas do Mundo de 2020 e a Avaliação Global de Recursos Florestais 2020.
Durante a semana, foi lançada uma nova publicação “Moving Forward”, que destaca as realizações do Programa das Florestas da FAO no período 2018-2019.
O Comité das Florestas (COFO) é o órgão estatutário mais alto da FAO. As suas sessões bienais reúnem chefes de serviços florestais e outros altos funcionários de Governos, para identificar políticas emergentes e questões técnicas, buscar soluções e aconselhar a FAO e outros parceiros sobre as acções a tomar.