Presidente José Eduardo dos Santos rende homenagem a “Negrita” no Vaticano

Foto: Lino Guimarães

Foto: Lino Guimarães

O Presidente da República de Angola, José Eduardo dos Santos, depositou hoje, sexta-feira, uma coroa de flores na Basílica Santa Maria Maggiore, sediada no Estado do Vaticano, em homenagem ao falecido angolano dom Afonso Nvunda “o Negrita”.

No túmulo de “Negrita”, enviado por volta do século XVI pelas autoridades do Reino do Congo (Angola) para questões com as autoridades religiosas da Santa Sé, o estadista depositou uma coroa de flores no seu jazigo, no interior da Basílica Santa Maria Maggiore, um dos mais conceituados deste estado.

Cumprida essa formalidade, o Chefe de Estado Angolano, que foi recebido pelo Monsenhor Paccanelli, responsável máximo pela Basílica, visitou suas áreas, onde na altura decorria uma missa na presença de muitos féis cristãos turistas e nacionais italianos, fora do contexto da actividade presidencial.

Recebeu explicações das áreas visitas da Basílica, consideradas históricas secularmente, tendo sido no final oferecido ao Presidente José Eduardo dos Santos um álbum fotográfico que retrata a história desta infra-estrutura religiosa e também um livro que aborda a o percurso de ” Negrita”.

O estadista angolano fez-se acompanhar, neste visita, da primeira Dama da República, Ana Paula dos Santos, dos ministros das Relações Exteriores, Georges Chicoti, da Cultura, Rosa Cruz da Silva, e funcionários do gabinete da Presidência Angolana.

Ao encontro da História

Na sua visita oficial ao Estado do Vaticano,  o Presidente da República fez questão de visitar a Basílica de Santa Maria  Maggiore por causa da ligação com a História de Angola. Quando esteve em Angola, em 1992, o já falecido Papa João Paulo II confirmou essa ligação, que andou envolta em dúvidas, pois outros países reclamavam para si a naturalidade do embaixador  ” Negrita”.

O Papa João Paulo II foi a Mbanza Congo e ali evocou a “primeira evangelização de Angola”, antes de homenagear o “sucessor de D. João I, o rei D. Afonso I, Mvemba-Nzinga, que foi naquele tempo o maior missionário do seu povo”.

O então chefe da Igreja Católica recordou as “relações directas que o reino do Congo procurou ter com a Santa Sé, enviando embaixadores que foram acolhidos com admiração e carinho” pelos seus antecessores.

O príncipe Afonso Nvunda ” Negrita” foi enviado como embaixador por Dom Álvaro II. António Nvunda partiu de Mbanza Congo, capital do Reino do Congo, que em 2015 deve ser classificada como Património da Humanidade pela UNESCO.

Pioneiro dos emissários

O apelido  “Negrita” surgiu por causa do tom escuro da pele e também pela dificuldade em pronunciar-se o seu nome africano. Culto e inteligente, o príncipe António Nvunda falava latim. O Papa recebeu a notícia da chegada de um embaixador africano e preparava-se para recebê-lo.

Mas a viagem de Afonso Nvunda teve muitos obstáculos, a ponto de durar quatro anos. O rei de Portugal, entretanto, morreu e foi substituído por Filipe II, rei de Espanha, que não aceitara que fosse um negro a apresentar-se como interlocutor para toda a África perante o Papa.

Bibliografia esparsa no Vaticano relata a história de “Negrita”, que chegou a Roma apresentando sintomas de uma doença estranha, que o deixara bastante debilitado. Os esforços empreendidos pelo Papa para o encontrar foram em vão. A festa que estava preparada para ser de boas-vindas, transformou-se no seu funeral.

Dizem os registos da época que um grande cortejo atravessou toda a cidade de Roma, desde São Pedro até à Basílica de Santa Maria Maggiore onde se encontra até hoje o seu túmulo.

 

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