Arquivo Nacional com acervo de Mário Pinto de Andrade
O Arquivo Nacional de Angola deverá disponibilizar, brevemente, para consulta, o acervo bibliográfico do nacionalista e intelectual angolano Mário Pinto de Andrade, depois da cerimónia de assinatura do protocolo de cessão do referido espólio cedido pelas herdeiras.
A entrega formal do acervo aconteceu ontem, no Arquivo Nacional. A socióloga Henda Ducados, que com a irmã Anou-chka de Andrade, assinou o protocolo ao lado da directora do Arquivo, Alexandra Aparício, mostrou-se regozijada com a concretização desta iniciativa, que levou cerca de cinco anos.
Henda Ducados disse que o acervo reúne, essencialmente, livros que são o testemunho da sua curiosidade e sede de conhecimento. Feliz com o empenho do Arquivo e do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, na concretização da iniciativa, agradeceu pela disponibilidade das instituições. “Eu e a minha irmã fazemos fé que o seu legado seja usufruído em Angola e no estrangeiro, a partir deste acervo que se divulga agora”, frisou.
Por seu lado, a secretária de Estado da Cultura, Maria da Piedade, agradeceu o gesto das filhas de Mário Pinto de Andrade, reputando-o de exemplar, já que, com a assinatura do referido protocolo, o acto fica na história como o primeiro de muitos que se seguem.
Maria da Piedade espera, com esta iniciativa, que muitos outros herdeiros de nacionalistas e intelectuais, entre outros, possam deixar os seus acervos naquela instituição dedicada à preservação da nossa memória colectiva. Enquanto isso, a directora do Arquivo Nacional garantiu que tão logo o acervo seja tratado e catalogado será disponibilizado para consulta ao público.
Alexandra Aparício, que revelou haver outras iniciativas em curso, apelou a que mais figuras sigam o exemplo das herdeiras de Mário Pinto de Andrade, pois a instituição que dirige possui mil metros quadrados de espaço reservado exactamente para acolher acervos desta natureza, no âmbito do agora lançado projecto “Nacionalistas”.
Depois da assinatura do protocolo, a ministra da Educação, Rosa Grilo, que prestigiou o acto, procedeu ao corte da fita da sala de leitura “Mário Pinto de Andrade” e acompanhou a exposição aí presente sobre a vida do nacionalista e a sua visão sobre África.
Mário Pinto de Andrade nasceu no Golungo Alto, a 21 de Agosto de 1928, no seio de uma das mais antigas e respeitadas famílias de Luanda (o seu pai, Cristino Pinto de Andrade, funcionário público, foi um dos fundadores da Liga Nacional Africana). Muito cedo começou a interessar-se por todas as questões ligadas à cultura do continente que o viu nascer e à dignificação do homem africano, questões às quais consagrou a vida inteira.