Entrevista ao Chefe de Estado após inaugurar centrais fotovoltaicas

Íntegra das declarações proferidas, nesta quarta-feira (20 de Julho), à imprensa, pelo Presidente da República, João Lourenço, na Província de Benguela, após a inauguração de duas centrais fotovoltaicas nas localidades de Biópio e da Baía Farta.

O Executivo angolano está a fazer grande investimento para o aumento da capacidade de produção energética no país. Com estes investimentos, para quando se poderá contar, efectivamente, com o fornecimento de energia eléctrica a todas as populações do país, dentro das previsões do Estado angolano?

PRESIDENTE DA REPÚBLICA (PR) - Bom, nós estamos a trabalhar no sentido de, nos próximos quatro/cinco anos, electrificarmos, de facto, o país, recorrendo a diversas fontes de produção de energia, de preferência fontes amigas do Ambiente, particularmente a produção de energia hidroeléctrica, que já vem acontecendo. Portanto, temos as barragens de Capanda, de Laúca… está em construção a barragem de Caculo Cabaça e temos em carteira outra central hidroeléctrica que será binacional. Portanto, estou a referir-me a Baynes sobre o rio Cunene, que vai produzir energia a ser consumida parte por Angola e outra parte pela vizinha República da Namíbia. Portanto, isso falando da energia hidroeléctrica.

Actualmente, nós combinamos a produção de energia hidroeléctrica e a produção de energia de fontes que são poluentes. Portanto, os geradores a diesel, que não só são economicamente pouco rentáveis, uma vez que consomem bastante combustível, bastante diesel, mas sobretudo pelo facto de serem poluentes, ou seja, inimigas do Ambiente.

Portanto, a aposta é, paulatinamente, irmos nos libertando destas fontes poluentes. Os ganhos são para o Ambiente, mas também são para os cofres do Estado.

Daqui para frente, a partir desta primeira experiência de produção de energia fotovoltáica, que está a acontecer aqui na Província de Benguela, com os parques do Biópio e da Baía Farta, vamos continuar a combinar duas fontes diferentes de produção de energia, com a diferença de que, em substituição da energia térmica, entra a energia fotovoltáica.

O investimento é grande! Estão sete projectos em curso e projectados muitos outros para o resto do país, com destaque para o Sul e o Leste do nosso país, que é dos menos electrificados, totalizando, portanto, um investimento que vai até cerca de sete mil milhões de dólares. É um investimento que compensa. Parece ser muito dinheiro, mas acabará por compensar e vamos sentir isso dentro de muito pouco tempo. Dentro de três, quatro anos, sentiremos que não só o ambiente vai agradecer, como também os cofres do Estado vão agradecer.

TV ZIMBO - Senhor Presidente, como é que o Executivo perspectiva tirar proveito deste aumento de potência de energia eléctrica para atrair investimento privado, quer nacional, quer estrangeiro?

PR - Bom, o objectivo da electrificação do país é não apenas servir os cidadãos, garantindo energia ao domicílio, mas também criar as condições para a tão almejada industrialização do nosso país. E, como sabem, não pode haver industrialização se não houver energia. A energia é uma condição fundamental para que o país se possa industrializar. Nós temos vindo, ao longo dos tempos, a nos queixar de que as nossas matérias-primas são exportadas em bruto, não têm transformação local, não deixam riqueza local, não dão emprego, porque exportamos as nossas matérias-primas em bruto. Portanto, havendo abundância de energia, pelo menos deixa de haver uma desculpa. Não faltará energia e os investidores que queiram apostar nas diferentes indústrias terão este bem essencial para o funcionamento de qualquer indústria, que é a energia.

TPA - A minha questão vai para o compromisso do Senhor Presidente, na última Cimeira do COP26 em Glasgow, na Escócia, onde assumiu, claramente, que Angola iria aumentar a produção de energias renováveis até 2025. Estamos mais próximos de conseguirmos alcançar este objectivo, com a inauguração destas duas centrais em Benguela?

PR - Eu acredito que sim. Até 2025 temos três anos e é, mais ou menos, o tempo de execução, não só da conclusão destes sete projectos que estão em curso, como do arranque e desenvolvimento dos demais que acabei de citar.

 

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