Espanhóis interessados no turismo antropológico em Mbanza Kongo

O empresário espanhol Joan Riera manifestou, esta quinta-feira, em Mbanza Kongo, província do Zaire, o interesse de dinamizar o turismo cultural antropológico na região.

Em declarações à imprensa, o também guia turístico prometeu colocar Mbanza Kongo no imaginário popular dos turistas estrangeiros e trazer especialistas em reanimação da acção cultural, uma área na qual trabalha há 25 anos.

A fonte pretende, igualmente, trazer a Mbanza Kongo turistas estrangeiros com alto poder aquisitivo e homens de negócios para potenciar as actividades turísticas.

Para si, o que mais pode atrair os turistas estrangeiros a Mbanza Kongo é o seu património cultural imaterial, frisando que os edifícios, templos e igrejas seculares deixaram de constituir uma novidade para os viajantes europeus e não só.

Neste âmbito, destacou a língua materna da região (Kikongo), tradição, as artes e outros rituais tradicionais locais como elementos fundamentais para o desenvolvimento do segmento do turismo cultural antropológico.

Residente há quatro anos em Angola, o interlocutor considera os hábitos e costumes ancestrais da região como alavanca para a promoção do sector turístico, de modo a rentabilizar tais potencialidades, com o envolvimento da classe empresarial privada.

“Aqui há um tesouro desconhecido, uma enorme potencialidade (…). Há necessidade de engajar empresas privadas, as autoridades tradicionais e outros agentes para dinamizar este potencial”, sublinhou.

Aconselhou os munícipes a continuar a preservar o património cultural material e imaterial, a que comparou a um tesouro, que engloba os locais de memória e sítios históricos, a música, língua, os rituais, a dança, a gastronomia tradicional, entre outros.

O empresário espanhol, proprietário de uma agência turística em Luanda faz-se acompanhar de três outros compatriotas, um dos quais é especialista e docente na disciplina de antropologia no seu país.

Antropólogo defende preservação da tradição oral Kongo

Por sua vez, o antropólogo espanhol, Luís Font, advogou a necessidade da preservação e protecção da tradição oral do antigo Reino do Kongo e sua transmissão de geração em geração.

Explicou que a perpetuação desta tradição oral passa pela valorização daqueles que detêm conhecimento da cultura ancestral e que mantêm intactos os costumes, as tradições e outros elementos que constituem o património imaterial do povo Kongo.

Segundo o antropólogo, o que está em jogo é a cultura ancestral enraizada pelos próprios kongueses, antes da chegada do cristianismo e da ocupação colonial do território que configurava o Reino do Kongo.

“O turismo é o primeiro passo para a valorização de um país”, frisou, lembrando que este sector, se bem fomentado, gera riqueza, renda e inúmeros postos de trabalho.

O centro histórico de Mbanza Kongo, capital do antigo Reino do Kongo, ostenta a categoria de Património Cultural da Humanidade da UNESCO, desde Julho de 2017.

FacebookTwitterGoogle+