DECLARAÇÃO DO PRESIDENTE JOÃO LOURENÇO NO PALÁCIO DE ÉLYSÉE
Muito obrigado, Presidente Emmanuel Macron!
Muito boa tarde a todos os presentes, membros do Governo francês, membros do Governo angolano!
Caros jornalistas;
Como sabem, estamos em território francês a cumprir uma visita de Estado depois daquela que efectuei em 2018 e da que o Presidente Emmanuel Macron efectuou a Angola em Março de 2023.
Gostaria de começar por agradecer a
forma amigável, acolhedora e irmã como fomos recebidos, aqui em França, desde a nossa chegada. Mas, sobretudo, agradecer a surpresa que me foi feita esta manhã ao ter sido agraciado com a mais alta distinção do Estado francês, a Ordem da Legião de Honra Francesa.
E isso é algo que não constava do programa. Mas o Presidente Emmanuel Macron fez-me esta agradável surpresa em agraciar-me com tão importante medalha do Estado francês.
Isto vem, sem sombra de dúvidas, dar a indicação da importância do reforço das relações de amizade e de cooperação entre os nossos dois países, Estados, entre os nossos povos, o angolano e o francês.
Esta manhã tivemos um encontro de trabalho a nível das duas delegações governamentais em que passámos em revista, por um lado, o estado das nossas relações bilaterais, conforme acaba de ser, de forma muito minuciosa, dito pelo Presidente Emanuel Macron. Mas tivemos também a oportunidade de passar em revista a agenda internacional, os graves acontecimentos que estão a ter lugar hoje no mundo e que, de uma ou de outra forma, acabam sempre por impactar nos nossos países.
Em relação às questões bilaterais, sem querer ser muito exaustivo, gostaria de dizer que manifestámos o interesse comum de reforçar os laços de amizade e cooperação em praticamente todos os domínios das economias dos nossos dois países.
Angola reiterou, perante as Autoridades francesas, o seu interesse em desenvolver a cooperação na área da agricultura, do turismo, da saúde, do ensino superior, dos recursos minerais, petróleo e gás e de outros minerais, onde os investidores franceses têm toda a liberdade de identificar o que mais os interessa desenvolver: no sector da Marinha Mercante, no sector importante da defesa, segurança e ordem interna. Enfim, de uma forma geral, o sector das águas e energia.
No sector das águas, já é uma realidade o investimento que o Grupo Suez está a fazer para que a cidade de Luanda, capital de Angola, passe a ter mais água para atender, pelo menos, a mais três milhões de habitantes.
No sector energético, convidámos a parte francesa, os investidores franceses, a não deixarem fugir a oportunidade de investir em linhas de transmissão de energia eléctrica, sobretudo para os países limítrofes de Angola, para levar o excedente de energia que Angola tem para a região da SADC, para a zona mineira da Zâmbia e da RDC.
Convidámos a França, os seus investidores com interesse pela concessão que virá a ser feita ainda este ano, para a gestão do Porto Comercial de Águas Profundas do Caio, na província mais a norte de Angola, a província de Cabinda.
Enfim, por não ser possível falarmos de tudo, apenas destaco o que acabei de dizer.
O interesse é recíproco. Os franceses estão interessados em continuar a investir em Angola, da mesma forma que nós, na medida das nossas capacidades, o faremos aqui no território francês.
Falámos dos conflitos um pouco por todo o mundo, lamentavelmente, em todos os continentes; da situação difícil e preocupante, que vivem os países da região do Sahel, que enfrentam, por um lado, o terrorismo, as mudanças inconstitucionais de poder, as guerras. Falámos do conflito que opõe a República Democrática do Congo à República do Ruanda, em que Angola está a jogar o papel de medianeiro, fazendo um esforço a ver se conseguimos pôr termo a este conflito que dura há décadas.
Falámos da situação preocupante na República do Sudão, que tem provocado um número bastante elevado de mortos, feridos, destruição de infra-estruturas, deslocados internos, refugiados para países vizinhos e que também urge pôr fim. E, obviamente, fora do nosso continente, aqui mesmo na Europa, o conflito entre a Rússia e a Ucrânia, que deve conhecer um desfecho positivo pela via negociada.
Considerámos que a União Europeia se deve envolver mais, assim como os Estados Unidos da América, na busca dessa solução negociada para este conflito, que é perigoso não apenas para a Europa, mas para o mundo.
Congratulámos-nos com o anúncio feito ontem sobre o acordo de paz alcançado entre Israel e Hamas, que vai pôr fim ao sofrimento do povo palestiniano que habita aquela parcela do território palestiniano. Vai permitir uma maior intervenção em termos da ajuda humanitária para diminuir o sofrimento daquele povo; vai permitir, quando chegar o momento de dar início à reconstrução daquela faixa do território, a reconstrução de Gaza; vai permitir a libertação dos reféns que se encontram nas mãos do Hamas, assim como a libertação de prisioneiros palestinianos do Hamas que se encontram nas prisões israelitas.
Portanto, saudamos esse acordo alcançado ao fim de meses de negociação, mas consideramos importante não esquecer a necessidade de recordar a todos, israelitas, palestinianos, à comunidade internacional, a necessidade da criação do Estado da Palestina, única forma, no nosso entendimento, de se pôr termo a esse conflito que, infelizmente, dura há bastantes anos.
Muito obrigado!