Angola e Zâmbia assinam memorando contra cólera e malária

MINISTRA DA SAÚDE, SÍLVIA LUTUKUTA FOTO: FRANCISCO MIUDO

MINISTRA DA SAÚDE, SÍLVIA LUTUKUTA
FOTO: FRANCISCO MIUDO

Um Memorando de Colaboração sobre saúde designado “Uma parceria para a saúde e bem estar” foi rubricado, segunda-feira, em Lusaka (Zambia), entre os ministérios da Saúde de Angola e da Zâmbia, representados pelos ministros de tutela, Sílvia Lutukuta e Chitalu Chilufya, respectivamente.

O Memorando de Colaboração prevê a troca de informações regulares, no que toca a ocorrência de surtos epidémicos, em regiões limítrofes à fronteira comum; o desencadeamento de programas de educação para a saúde, através de campanhas de sensibilização nas regiões vizinhas, além de acções de maior controlo, no domínio do comércio transfronteiriço.

Chitalu Chilufya, ministro da Saúde da Zâmbia, foi enfático no seu discurso e lançou a meta de 2021, como o ano da irradicação da malária na Zâmbia. Para tal, acções de natureza transversal constam do programa do seu governo, “as quais trarão benefícios directos à saúde pública”, referiu o governante.

O governante zambiano realçou a importância dos investimentos em infraestruturas, nomeadamente, ligadas a captação, tratamento e distribuição de água potável e a melhoria do saneamento básico, como factores vitais na promoção da saúde das populações. Para tal, enfatizou, a Zâmbia afirma-se unida para vencer este desafio”.

Por seu lado, Sílvia Lutukuta, ministra da Saúde de Angola, referiu-se a prevenção, como o principal antídoto contra as doenças, tendo elogiado a experiencia zambiana, nomeadamente, no domínio do combate anti-larval e vectorial, exemplos que, de acordo com as palavra da ministra, deverão ser amplamente disseminados, em regiões potencialmente endémicas de Angola.

Embora vivendo uma situação económica difícil, o Executivo Angolano tem no sector da Saúde um dos seus principais pilares, no âmbito da estratégia de elevação da qualidade de vida dos angolanos, realçou Sílvia Lutukuta, para quem a fatia de 9,5% do OGE, atribuído ao sector da Saúde, deve ser encarado como factor de mobilização e maior responsabilidade, na busca de soluções para os problemas.

A cerimónia de rubrica do Memorando de Colaboração foi antecedida de breves momentos de exposição do quadro epidemiológico, ao nível dos dois países, tendo a cólera e a malária sido como os casos de estudo. A pátria de Kaunda vive, desde Outubro do ano passado, um forte surto de cólera, com registos acima dos três mil e quinhentos casos, sobretudo, nas região de Lusaka e arredores, dos quais mais de setenta resultam em óbitos.

Para fazer face ao drama, medidas drásticas foram tomadas, como o adiamento do início do ano lectivo, o encerramento dos mercados e a restrição da concentração de pessoas em lugares públicos. A estatística apresentada, indica a ocorrência de uma media de 25 casos/dia.

No entanto, as autoridades sanitárias angolanas asseguram que não é proveniente da Zâmbia, o surto de cólera que afecta, sobretudo, a província do Uíge, norte de Angola. O quadro apresentado por Izilda Neves, directora Nacional de Saúde Pública, refere-se ao deficiente saneamento básico, sobretudo, o recurso às cacimbas, na busca do precioso liquido, como o principal factor de deflagração da doença, em épocas de chuva.

A estadia da delegação angolana foi aproveitada para a realização de vistas, nomeadamente, ao Hospital Universitário – o maior da Zâmbia – e ao Centro Nacional de Logística de Medicamentos. A delegação constatou, igualmente, as acções de limpeza e saneamento do meio, levadas a cabo no bairro do Canyama, em Lusaka, principal área afectada pela cólera. Sílvia Lutukuta teve a honra de proceder ao lançamento da segunda fase da campanha de vacinação contra o surto diarréico.

A embaixadora de Angola na Zâmbia, Balbina Dias da Silva, testemunhou de perto todos os momentos, que envolveram o programa de visita da delegação angolana a Lusaka.

Angola e Zambia partilham mais de mil quilómetros de fronteira e a persistente ocorrência de surtos de cólera e malária em regiões específicas dos dois lados da fronteira fez despertar o “alarme”, visando unir esforços mediante estratégias comuns que viabilizem o combate a estas efermidades, incluíndo o comércio de medicamentos não especificados.

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