Angola poderá contar com novos pólos industriais

Foto: Lucas Neto

Foto: Lucas Neto

As províncias de Malanje e Uíge e as regiões do Bom Jesus (Luanda), Caála (Huambo), Soyo (Zaire), e Saurimo (Lunda Sul) estão identificadas como áreas que poderão servir de base para a construção de novos Pólos de Desenvolvimento Industrial, disse hoje (quarta-feira), em Luanda, o secretário de Estado da Indústria, Kiala Ngone Gabriel.

Em entrevista à Angop, Kiala Gabriel disse que apesar dos recursos serem poucos, o sector pretende nesta nova fase de construção de novos pólos, trabalhar por etapas, a medida que o Estado for disponibilizando os recursos financeiros. Os mesmos serão construídos em áreas reduzidas  para  depois  irem ganhando espaço.

Kiala Gabriel informou que na última reunião com a Comissão para a Economia Real do Conselho de Ministros, esta mostrou-se receptiva ao projecto de construção de novos pólos, pelo que o sector espera que os mesmos venham a constar do Programa de Investimentos Públicos  de 2015.

Quanto aos pólos mais antigos, informou que o pólo industrial de Viana (Luanda) com cerca de dois mil 885 hectares e o de Catumbela (Benguela) com dois mil e 107 hectares apesar de não possuírem infra-estruturas, têm unidades fabris instaladas.

A este respeito, explicou que a pressão que existiu nos anos anteriores, por parte de alguns industriais que queriam a todo o custo os terrenos, obrigou o sector a abrir mão dos espaços, admitindo a entrada destes (industriais) que se comprometiam em fazer funcionar, mesmo na ausência de infra-estruturas, como vias de acesso, redes de esgotos, sistema de água, energia eléctrica, telecomunicações, passeios e arruamentos, sistemas de combate a incêndios, que são infra-estruturas determinantes para o funcionamento de um pólo.

Na altura da implementação destes pólos, disse, apesar da política de construção dos mesmos ter sido aprovada, não havia recursos financeiros, e o ministério não beneficiou de recursos suficientes para ir industrializando e construindo todos os pólos aprovados . “Este é o caso dos pólos de Viana e da Catumbela, que têm unidades  industriais instaladas e os espaços esgotados,  porque nós tivemos  que consentir ou largar os espaços para quem pudesse fazer uso com recursos próprios, não só para a construção de estruturas, mas também de infra-estruturas”, esclareceu.

Na lista dos mais antigos, continuou,  figura também o pólo industrial de Lucala (Cuanza Norte)  e o de Fútila (Cabinda). Este último considerado clássico e especial,  já que o órgão de tutela conseguiu conter a pressão não abrindo mão aos potenciais interessados. “É considerado um caso de sucesso porque o governo aplicou recursos numa área de dois mil 345 hectares e neste momento trabalha-se numa área de 112 hectares”, afirmou Kiala Gabriel.

O secretário de Estado informou que o acto de consignação das obras deste pólo foi efectuado em Setembro do ano transacto, com um prazo de execução das infra-estruturas de 11 meses, enquanto que os edifícios onde irão funcionar os serviços e a sede deverão ser entregues dentro de 8 meses.

Por seu turno, o pólo industrial de Lucala, disse, é um projecto que iniciou em 2012 com  financiamento de uma linha de crédito da Índia (valor não especificado). “Devido a problemas na qualidade das obras, o projecto foi suspenso e neste momento estamos a rever o projecto executivo e tudo indica que vamos retomar os trabalhos este mês com a alteração de local de construção”, referiu.

Neste novo local será necessário proceder aos trabalhos de limpeza, desmatação e a desminagem para salvaguardar a vida das pessoas. Explicou que o processo dos pólos é longo e não acaba em 3 ou 4 anos, uma vez que se trata da industrialização do país em toda a sua extensão. “Termos pelo menos um pólo em cada uma das províncias seria bom, só que os custos que levam a sua construção levam-nos a dizer que ainda vamos falar deles durante longos anos”, sublinhou o governante.

Informou também que na última reunião com a Comissão para a Economia Real foi discutida a operacionalização dos pólos e a possibilidade de se contar com o sector privado na construção, gestão e promoção dos pólos.

Com a criação de pólos de desenvolvimento industrial, o sector preconiza a criação de empregos, riqueza, crescimento da indústria nacional e atingir o objectivo do governo, que é a substituição competitiva das importações.

“O que nos interessa é levar o desenvolvimento para o interior do país”, afirmou Kiala Gabriel. O processo de criação de pólos de desenvolvimento teve início em 1998, altura em que foi aprovada a política dos pólos de desenvolvimento industrial, através da resolução 1/98 de 10 de Março.

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