Angola poderá ser membro da Francofonia em 2020

SILVAIN ITTÉ, EMBAIXADOR DA FRANÇA EM ANGOLA FOTO: CLEMENTE

SILVAIN ITTÉ, EMBAIXADOR DA FRANÇA EM ANGOLA
FOTO: CLEMENTE

16 Julho de 2018 | 11h29 – Actualizado em 16 Julho de 2018 | 11h29

Angola poderá ser admitida na Organização Internacional da Francofonia (OIF), em 2020, durante a 19ª cimeira de chefes de Estados e de Governo deste bloco comunitário, a realizar-se na capital tunisina, Túnis, anunciou o embaixador de França no país, Sylvain Itté.

Em declarações à imprensa, sábado, em Luanda, por ocasião da Festa Nacional de França, o diplomata  explicou que o primeiro passo da candidatura foi dado com a declaração do Presidente angolano, João Lourenço, em Maio passado, em Paris.

O embaixador francês precisou que, depois do anúncio público da pretensão angolana de aderir à OIF, “segue-se todo um processo até à formalização da candidatura”.

Infelizmente, lamentou, esta decisão das autoridades angolanas, anunciada durante a primeira visita oficial do chefe de Estado angolano a um país europeu, “chega depois da data limite para o depósito das candidaturas para a próxima cimeira da OIF, em Erevã, na Arménia”.

De acordo com o embaixador, a cimeira da OIF programada para a capital arménia será a 19ª edição deste encontro de cúpula que se organiza de dois em dois anos, e terá lugar em Outubro próximo.

“Vamos trabalhar para a próxima cimeira da OIF, em 2020, que espero que será o momento formal da adesão de Angola”, afirmou, acrescentando que, durante estes dois anos que antecedem a formalização da candidatura, as duas partes vão trabalhar na área da cooperação universitária e do reforço de contactos entre a televisão da francofonia e os media angolanos.

Sobre a cooperação universitária, revelou que a Universidade Agostinho Neto (UAN), primeira instituição pública de ensino superior em Angola, já é membro da Agência Universitária da Francofonia (AUF).

Os trabalhos de preparação da candidatura de Angola incluem também contactos com a Associação Internacional dos Municípios Francófonos, que, segundo o diplomata francês, reúne mais de 80 países, num projecto virado para a promoção da cooperação municipal.

Para Sylvain Itté, trata-se de contactos muito importantes para Angola que se encontra precisamente num processo de descentralização através das autarquias e eleições autárquicas agendadas para 2020.

Confirmando que França decidiu aderir à Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), já a partir da próxima cimeira desta organização, que se inicia esta terça-feira, na Ilha do Sal, Cabo Verde, o embaixador Itté disse ser “um grande prazer” saber que Angola também vai juntar-se à OIF.

Segundo disse, Angola é o único dos países lusófonos de África que não é membro da Francofonia.

Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe são todos membros de pleno direito da OIF, enquanto que Moçambique é membro observador, explicou, ressaltando que, ao mesmo tempo, “Angola é sem dúvida o país mais francófono dos países não francófonos de África”.

“Angola é, sem dúvida, o país mais francófono de África fora dos francófonos. Havia alguma coisa que não encaixava ter um país tão importante como Angola que não pertence à família francófona”, destacou.

Para ilustrar essa francofonia de Angola, o embaixador citou o exemplo do norte do país, que “tem uma dupla cultura linguística (…), os seus habitantes muitas vezes falam francês, que faz parte também da sua cultura e da sua história”.

“Por isso, para mim, é realmente um grande prazer saber que Angola vai, finalmente, poder participar na Francofonia (…) e trazer a sua história, a sua cultura, a sua particularidade cultural”, concluiu.

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