Angola prepara presidência do Conselho de Segurança

Fotografia: Nuno Flash

Fotografia: Nuno Flash

Angola vai promover, durante a presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Março, uma agenda internacional de prevenção e  solução de conflitos no mundo, anunciou ontem o ministro das Relações Exteriores.

Ao discursar na abertura da sétima reunião anual dos embaixadores, Georges Chikoti garantiu que a  diplomacia angolana vai continuar a contribuir significativamente para a paz, estabilidade,  progresso e no reforço da competitividade e da cooperação bilateral e multilateral  do país  na arena internacional.
O objectivo é aproveitar a experiência do país, principalmente do Presidente José Eduardo dos Santos e responder às necessidades e os desafios da diplomacia enquanto instrumento da política externa de Angola. O ministro falou das acções de terrorismo internacional, tendo destacado que  acções na Nigéria, Mali, Camarões Chade, França, Estados Unidos da América, merecem resposta  energética no quadro do multilateralismo, por serem um dos grandes desafios à segurança dos Estados actualmente.
Angola considera que a fragilidade deliberada de um Estado, sob qualquer pretexto político ou diplomático, constitui uma ameaça à segurança internacional, uma vez que “representa uma oportunidade  e um terreno fértil para que grupos terroristas desenvolvam as suas actividades criminosas de recrutamento e de treino para intervenções a nível mundial”.
Georges Chikoti disse que nas suas intervenções sobre a política externa, Angola reiterou a necessidade da reforma da ONU e a importância estratégica de se atribuir aos países do  continente africano e da América Latina,  o estatuto de membros não-permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
O Ministério das Relações Exteriores adoptou dois eixos estratégicos fundamentais para a implementação do plano de acção para este ano no âmbito do Plano Nacional de Desenvolvimento até 2017, o reforço do posicionamento geopolítico de Angola nos planos bilateral, regional e internacional e o fortalecimento e alargamento das relações bilaterais e multilaterais entre Angola e os países do continente africano, americano, asiático, europeu e diversas organizações e instituições sub-regionais, regionais e internacionais.
No âmbito bilateral, sustentou o ministro, a diplomacia angolana conseguiu alcançar resultados positivos no quadro do reforço das relações de amizade e de cooperação com os diversos países da África, América, Ásia e Europa. Já no plano regional, registou  com preocupação a continuação de alguns conflitos e o surgimento de outros que agravam a situação humanitária de pessoas deslocadas e refugiadas e atrasam o desenvolvimento económico e social dos países afectados.
Angola tem trabalhado em questões ligadas à prevenção e  solução de conflitos, à paz e segurança, por serem essenciais para o progresso, bem-estar, democracia e a promoção e respeito dos direitos humanos em África. Esta decisão, segundo o ministro, justifica a participação em várias reuniões regionais e internacionais, com destaque para cimeiras da União Africana, Ásia-África, Grandes Lagos, SADC, CEEAC, Comunidade da África do Leste, Clima e Ambiente e FOCAC.  O país participou igualmente em reuniões de mecanismos tripartidos Angola-África do Sul e RDC, CPLP,   Fórum dos PALOP, grupo Internacional do contacto sobre a RCA, Comité Consultivo Permanente da Organização das Nações Unidas para a segurança na África Central.

Diplomacia actuante 

Georges Chikoti alertou os embaixadores para os desafios de Angola nos planos interno e externo, que requerem uma política externa cada vez mais actuante, consentânea, pragmática e hábil para a defesa dos seus interesses estratégicos.
Georges Chikoti defendeu a adaptação da acção diplomática no sentido de torná-la mais eficaz e interventiva na defesa dos interesses do Estado e na promoção da paz e do progresso em África e no mundo.
Por isso, disse o ministro das relações Exteriores, a reunião dos embaixadores, que decorre sob o lema “40 anos de diplomacia, afirmação, continuidade e visão estratégica”, constitui um espaço de reflexão prospectiva e de discussão construtivas sobre os desafios da diplomacia no âmbito das prioridades estratégicas da política externa de Angola num contexto internacional de responsabilidade cada vez  mais colectiva.
A política externa seguida por  Angola, disse o ministro das relações Exteriores, tem promovido a inserção competitiva do país no contexto internacional e, também, a obtenção de maiores benefícios da cooperação com parceiros bilaterais e internacionais.  Neste sentido, garantiu, a diplomacia angolana tem pautado a sua  acção e todas as suas intervenções no respeito pela soberania de outros Estados, respeito da igualdade e  não-ingerência em assuntos internos, nos valores da paz, da liberdade e da cooperação com vantagens recíproca , respeitando e fazendo respeitar igualmente as normas das convenções internacionais sobre as relações diplomáticas e consulares.
O ministro das Relações Exteriores manifestou a vontade do país em participar activamente nos trabalhos da ONU e declarou  a disponibilidade para continuar a cooperar com outros parceiros, como o Conselho de Paz e Segurança da União Africana, na busca de soluções pacificas e políticas para os conflitos que ameaçam a paz e a estabilidade.

Riscos do terrorismo 

Na reunião anual que termina amanhã, os participantes analisam o grau execução das recomendações saídas da sexta reunião e reflectem sobre temas de interesse actual, além de avaliarem as perspectivas da acção diplomática nas várias áreas geopolíticas. Estão   agendados temas como as redes sociais e suas ameaças e os riscos do terrorismo internacional e o envolvimento e perspectivas da presidência angolana no Conselho de Segurança da ONU e as implicações dos conflitos no Médio Oriente.
O ministro Georges Chikoti disse que o objectivo é chegar-se a “conclusões plausíveis e adoptar recomendações corajosas e pragmáticas, como resultado de trocas de ideias e de opiniões assentes num espírito de abertura, construtivo e de missão, a favor de uma diplomacia à altura da evolução de Angola e do seu papel e responsabilidade na arena internacional”.

Diplomatas homenageados

Antes da reunião anual dos embaixadores foram homenageados três ex-ministros das Relações Exteriores, Paulo Jorge, Afonso Van-Dúnem “Mbinda” e Pedro de Castro Van-Dúnem “Loy”, que passam a ter os seus nomes nas estruturas do Ministério das Relações Exteriores.
O anfiteatro do Ministério das Relações Exteriores passou, desde ontem, a chamar-se anfiteatro Afonso Van-Dúnem “ Mbinda”, o salão nobre tem o nome de Paulo Jorge e o segundo salão passa a chamar-se Pedro de Castro Van-Dúnem “Loy”. Hoje é homenageado outro antigo diplomata, Venâncio de Moura que dá o nome ao Instituto Superior de Relações Internacionais.
O ministro Georges Chikoti afirmou que a reunião serve também para recordar os antigos diplomatas angolanos e os seus feitos em defesa dos interesses de Angola e espera que os seus exemplos continuem a inspirar e mobilizar as novas gerações no cumprimento do dever nacional.
Georges Chikoti reconheceu o apoio do Presidente da República na definição e condução da política externa assente no multilateralismo e na cooperação internacional, como vectores privilegiados de paz e de desenvolvimento e da prevenção e resolução de conflitos em África, em particular, e no mundo, em geral.
Ainda ontem foi igualmente inaugurada uma exposição fotografia, que retracta a trajectória do Ministério das Relações Exteriores, os seus momentos mais importantes, principalmente as figuras que mais se destacaram na diplomacia angolana, como o Presidente José Eduardo dos Santos, que foi o primeiro ministro das Relações Exteriores de Angola.

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