ANGOLA REDUZ CASOS DE TUBERCULOSE
O número de pacientes com tuberculose em Angola caiu de 78 mil e 305, em 2019, para 65 mil e 821, em 2020, representando uma redução de 12 mil e 484 casos.
Conforme as autoridades angolanas, a baixa destes números pode ter como base a pandemia da Covid-19, que limitou o movimento da população junto dos estabelecimentos de saúde, reduzindo o atendimento de novos pacientes.
Do referido número, 62 mil e 612 são casos novos e de recaídas, dos quais 64 mil 682 de tuberculose sensível e mil e 132 de tuberculose fármaco-resistente.
Segundo o coordenador do Programa Nacional de Controlo da Tuberculose, Ambrósio Disadidi, que falava à ANGOP a propósito do Dia Mundial da Tuberculose (24 de Março), as província do Namibe (com 431 casos), Benguela (355), Luanda (288), Cuanza Norte (275) e Cuando Cubango (228) apresentaram a maior taxa de prevalência, sendo as idades dos 25 a 34 anos (23,5%), dos 15 a 24 (23,4 %) e dos 35 a 44 (17,5 %) as mais afectadas.
Sem adiantar o número total de mortes no referido ano, por estar em curso o levantamento dos dados, referiu que só no primeiro semestre de 2020 a taxa foi de 5%, em 29 mil 496 casos, com um sucesso no tratamento na ordem dos 66%.
Quanto ao custo financeiro de um paciente, o responsável informou que está a ser feito um levantamento, que incluí, além do tratamento (os medicamentos são gratuitos), o chamado “custos catastróficos”, suportados pela família (alimentação, transporte, entre outros).
Vacinação BCG
A TB é um problema grave de saúde pública mundial, em Angola é considerada a 3ª causa de morte, depois da malária e dos acidentes de viação, embora seja uma enfermidade com diagnóstico e tratamento realizados de forma gratuita no país.
A cobertura de vacinação de BCG (Bacilo Calmette-Guérin) em crianças menores de um ano foi de 59,2 % à nível nacional, em 2020.
Os sintomas da doença são tosse com expectoração, cansaço, alguma febre, suor à noite, emagrecimento, gânglios no pescoço. Apesar de grave e mortal, o tratamento correcto desta doença garante a cura ao paciente.
Unidades Sanitárias
O número de municípios com centros de diagnóstico e/ou tratamento passou de 111 para 155, em 2020, com 350 unidades sanitárias a atender casos da doença.
O aumento, segundo Ambrósio Disadidi, foi possível com a implementação do despacho ministerial n° 519/GAB/MIN/2018 de 13 de Setembro de 2018, que determina a expansão da rede de atendimento de casos de tuberculose.
“Com o diagnóstico feito e o tratamento prescrito, os pacientes não graves ou que não carecem de cuidados médicos especiais, podem fazer o seu tratamento em regime ambulatório, mas realizando sempre os exames de controlo”, considerou.
O país conta com 171 laboratórios de baciloscopia, incluindo os de hospitais sanatórios e dispensários anti-Tuberculose.
A perspectiva, de acordo com o responsável, é que todos os municípios do país possam diagnosticar a tuberculose fármaco-resistente com a instalação, para breve, de máquinas GeneXpert.
A máquina, explicou, detecta a presença do BK (Bacilo de Kock), agente causador da tuberculose, e uma eventual resistência do bacilo detectado à Rifampicina, tudo em quatro horas.
Actualmente, o país possui 54 máquinas GeneXpert para detecção da resistência a Rifampicina e quatro aparelhos Bactec para o diagnóstico da tuberculose extremamente resistente, cultura e testes de sensibilidade aos antibióticos.
Acções de Controlo da Doença
Várias acções estão a ser promovidas como a sensibilização nas principais línguas nacionais, o reforço da parceria para expandir o DOT-Comunitário (diagnóstico e tratamento) e o controlo da doença nas populações nómadas e que vivem em zonas de acesso difícil.
Ambrósio Disadidi falou, por outro lado, do Plano Estratégico Nacional de Luta Contra a Tuberculose 2018/2022, que visa acelerar a redução da incidência e da mortalidade por TB, baseados nos princípios de direito à saúde, universalidade, equidade, integração e participação comunitária em correspondência com as metas da estratégia “Pôr Fim a TB” e do Plano de Desenvolvimento Sanitário de Angola 2012–2025.
A sua visão é: Angola livre da carga da Tuberculose, com o objectivo de reduzir em 35% a morbilidade e mortalidade por Tuberculose até 2022.
Financiamento e Parcerias
O Programa Nacional de Controlo da Tuberculose beneficia do Orçamento Geral do Estado, através do Ministério da Saúde.
Em Fevereiro do corrente ano, o Fundo Global para Angola disponibilizou USD 82 milhões e 600 mil para o apoio no combate à malária, Vih/Sida e tuberculose.
A informação foi avançada pela ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, que considerou ser um sinal de confiança que a organização tem para com os angolanos na implementação dos projectos destinados a redução das doenças acima citadas.
O Fundo Global, avançou a ministra, vai financiar as três doenças nas províncias de Benguela e do Cuanza Sul, para além do apoio com o tratamento e diagnóstico. Consta também uma componente comunitária muito forte: trabalhar, fundamentalmente, na prevenção e controlo dessas patologias.
Posição do país a nível mundial
Angola alinha-se à Organização Mundial da Saúde no sentido de acabar com a tuberculose como problema de saúde pública, sendo que no país a meta é atingir menos de 10 casos por 100 mil habitantes até 2035.
O país faz parte do grupo de 30 Estados no mundo com a carga da TB mais elevada, de acordo com Ambrósio Disadidi.
No grupo, dividido em dois sub-grupos, o país encontra-se no primeiro, que reúne 20 países onde o número estimado de pessoas com TB é mais elevado.
A India tem mais de um milhão de casos, com 500 mil a um milhão de casos está a Indonésia, China, Paquistão, Nigéria, com 10 mil a 500 mil casos, Angola, RDC, África do Sul, Moçambique, Etiópia, Tanzânia, Coreia do Norte e Vietnam.
O sub-grupo dois é constituído por 10 países onde a taxa estimada de pessoas desenvolvendo a TB por habitantes é o mais elevado com pelo menos 10 mil casos por ano: Congo, Namíbia, Zâmbia, Lesotho.
A OMS prevê um mundo livre da tuberculose até o ano de 2035.
A efeméride comemora-se neste dia, já que foi a 24 de Março de 1882 que Robert Koch anunciou a descoberta da causa da tuberculose – o bacilo TB – o que seria o início do diagnóstico e da cura.
O objectivo deste dia mundial de combate à tuberculose é alertar a população sobre a doença para a sua erradicação.