Angola tem mais de 15 milhões de usuários
Angola controla mais de 15 milhões de usuários de diversos tipos de telefones, desde os mais simples aos mais sofisticados, segundo dados avançados, ontem, em Luanda, pela Direcção Nacional das Telecomunicações e Tecnologias de Informação.
Os dados divulgados, por ocasião do Dia Internacional do Telefone, que hoje se assinala, dão conta que as reformas que o Executivo tem feito, em todos os segmentos da economia nacional resultaram, em 2020, na inauguração da primeira fábrica de montagem de telefone em Luanda.
Com a entrada em funcionamento da referida fábrica, de acordo com a instituição do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, ficou facilitado o acesso aos telefones digitais e analógicos.
Surgimento do primeiro aparelho no mundo
A invenção do telefone teria ocorrido de maneira acidental para aperfeiçoar as transmissões do telégrafo, que possui conceitos estruturais muito semelhantes. Era possível a transmissão de apenas uma mensagem por vez.
Tendo bons conhecimentos de música, Graham Bell percebeu a possibilidade de transmitir mais de uma mensagem ao longo do mesmo fio e de uma só vez na concepção de telégrafo múltiplo.
O norte-americano conseguiu esse progresso e utilizou a electricidade para conduzir a voz humana. As experiências foram apoiadas por um auxiliar, Thomas Watson, o primeiro a ouvir uma voz humana pelo dispositivo denominado “telefone”, em Junho de 1875.
As pesquisas posteriores tinham como objectivo o desenvolvimento de uma membrana para transformar o som em corrente e reproduzí-lo novamente no outro lado.
O sucesso foi marcado em 10 de Março de 1876. As primeiras palavras transmitidas por Graham Bell foram: “Senhor Watson, venha cá. Preciso falar com o senhor”, após um acidente no laboratório.
A comunicação por telefone foi uma das invenções mais importantes para o século XX, fazendo com que o mundo se tornasse muito mais “pequeno” e acessível para todas as pessoas.
Mas, antes da grande evolução dos telefones, o mundo conheceu DynaTAC 8000x, considerado o celular mais antigo do planeta. Também foi o primeiro modelo de telefone a ser comercializado, em 1983, uma evolução do protótipo lançado em 1973, pela Motorola.
O primeiro celular do mundo foi inventado pelo engenheiro electrotécnico Martin Cooper, considerado o “pai” do telefone celular.
Em 1990, foi criado o Motorola PT-550, a tela mostrava apenas sete dígitos e alertas do sistema, além de ser pesado. Dois anos depois, foi feita a primeira mensagem, um texto “Feliz Natal”, enviada no dia 3 de Dezembro, por um engenheiro, de 22 anos, conhecido por Neil Papworth. Ele trabalhava na Vodafone, operadora do Reino Unido.
Em 2011, foi lançado o primeiro celular dual chip, Screen EX 128, da Motorola. Em 2013, surge o 4G, quarta geração de telefonia móvel. Actualmente, a Samsung e Apple lideram o mercado no quesito tecnologia e aparelhos desejados.
Numa nota, a direcção esclarece que o Executivo tem feito esforços para não deixar ninguém para trás na era da digitalização. Por isso, estes investimentos vão contribuir para o crescimento do número de usuários nos próximos anos.
A mensagem fez referência de que, actualmente, os telefones têm grande in-fluência na vida das pessoas, tendo em conta que quase ninguém consegue viver sem este dispositivo. No mundo, cerca de 5,1 bilhões de pessoas fazem uso do telefone.
Segundo a nota, o marco da evolução dos telefones em Angola, deu-se no período colonial, onde, em 1885, foram instalados os primeiros 50 telefones e, em 1951, a inauguração de circuito telefónico e telégrafo entre Luanda e Lisboa.
Fulgêncio da Cunha, en-genheiro informático, considera que a invenção do telefone e, posteriormente, a evolução para telemóvel transformou as relações hu-manas, sociais, culturais e económicas.
O antigo estudante da Universidade Católica de Angola acha excelente a criação do telefone, por ter facilitado várias formas de comunicação entre as pessoas, grupos e empresas, a partir de qualquer parte do mundo.
Referiu que o surgimento dos aplicativos instalados nos actuais telefones permitiu os usuários a se comunicar por meio de mensagens escritas, imagens e vídeos de forma muito rápida. “Estes oferecem vantagens na comunicação entre as sociedades, tornando-se numa nova forma de troca de informação nos vários domínios da vida, nomeadamente, no sector da Indústria, Transportes, Banca, entre outros”.
Vantagens e desvantagens
O engenheiro informático disse que o telefone sempre terá benefícios para todos e em todas as circunstâncias humanas, sociais, culturais e económicas. Em primeira instância, citou, que independente dos custos financeiros que podem acarretar, é vantajoso o seu uso.
“Apesar de ser um aparelho criado com o objectivo de facilitar a comunicação entre pessoas, ter um telefone não tem sido fácil para a maioria dos potenciais usuários em quase todos os países, bem como manter o sustento do sinal da Internet”, disse Fulgêncio da Cunha.
Em relação às desvantagens com a utilização do telefone, apontou que a exposição e vulnerabilidade no controlo de informações do usuário são cruciais, pelo facto de estar conectado à Internet.
“Quanto mais estivermos ligados às tecnologias de informação e comunicação (TIC), mais expostos estaremos, ao contrário daqueles que por qualquer opção evitam ter acesso ao telefone de forma regular e completa”, disse o engenheiro.
O pesquisador e historiador Ngombo Calemba é usuário de telefone há mais de 10 anos, disse que a sua vida ficou mais facilitada com a utilização dos vários aplicativos instalados no seu aparelho e conectados à Internet.
O jovem referiu que a invenção do telefone deu dignidade as pessoas, principalmente nesta fase da pandemia da Covid-19, pelo facto, de serem usados para trabalho.
Ngombo Calemba lembrou que com o telemóvel consegue aceder a serviços bancários, fazer marcação de consultas, viagens ou ainda participar em aulas de mestrado, a partir de Portugal e França.
Cláudia Francisco, ma-quiadora de profissão, disse que o seu trabalho tem tido sucesso graças ao telemóvel, porque consegue ter maior número de clientes, pelo facto de ter instalado um aplicativo que facilita a publicação dos seus serviços.
Pela facilidade que encontra no contacto com os clientes, Cláudia Francisco felicitou os inventores e os criadores de softwares. “Foi um grande trabalho…Isto está a permitir a conexão do mundo”.
História do telefone em Angola
Desde 1798, os serviços integrados de telecomunicações surgiram em Angola. Depois de mais de um século e meio (177 anos) de efectivação, no meio de avanços e inovações, o sector iniciou, em 1975, com a conquista da Independência Nacional, a 11 de Novembro do mesmo ano, a caminhar para o progresso tecnológico.
Desde então, as autoridades angolanas criaram, em 1999, o Instituto Angolano das Telecomunicações (INACOM) e introduziram, de forma gradativa, técnicas e tecnologias de ponta. Fruto desses investimentos, o país dispõe, actualmente, de equipamentos, serviços e soluções que viabilizam as telecomunicações, a partir de cabos de fibra óptica, via satélite, Internet e outros sistemas.
Em 1885, são encomendados os primeiros 50 telefones para uso público e, a partir daí, a evolução das telecomunicações em Angola passa a acompanhar o ritmo mundial. Mas, foi em 1933 que Angola experimenta a primeira emissão de radiodifusão de uso público, a partir da cidade de Benguela, cerca de uma década após a pioneira BBC, de Londres, ter inaugurado o seu serviço (em 1922).
A partir de 1975, Angola passa a ter uma das redes de telecomunicações mais modernas da Região Austral de África. Até então, a definição das regras e exploração dos serviços eram assegurados pelos Correios, Telégrafos e Telefones do Ultramar (CTTU).
Ainda nos anos 70, a exploração dos serviços de correios foi separada das telecomunicações, passando a definição de políticas e estabelecimento de normas e regulamentos a serem competência do então Ministério dos Transportes e Comunicações.
Naquela época, foram criadas a Empresa Nacional de Correios e Telégrafos de Angola (ENCTA), Empresa Nacional de Telecomunicações (ENATEL), responsáveis pela rede doméstica, e a Empresa Pública de Telecomunicações (EPTEL), voltada, exclusivamente, às ligações internacionais.
A grande revolução
Depois da Independência Nacional, Angola aderiu, nesse mesmo decénio, a uma série de organizações inter-governamentais, com destaque para a União Internacional de Telecomunicações (UIT).
Ainda, em 1975, inicia-se, oficialmente, a transmissão televisiva em Angola, depois de algumas transmissões experimentais na década de 1960.
Em 2001, com o final da guerra, o Governo começa a adoptar regulamentos para liberalizar o sector das Telecomunicações, o que permitiu aos investidores privados revitalizar a infra-estrutura de telecomunicações, severamente prejudicada pelo conflito armado.
Esse passo marca o início do uso da Internet no país e, no ano seguinte, Angola tinha um dos maiores mercados de telecomunicações móveis da África Subsahariana. O acesso à Internet estava a crescer de forma rápida.
É, também, em 2001, que entra em cena o primeiro operador privado de telefonia móvel, a Unitel, dispondo, actualmente, de uma gama de serviços e planos. Trata-se de uma empresa de direito angolano que está presente nas 18 províncias do país, com cerca de 11 milhões de clientes.
Em 2002, a TV Cabo inicia a construção da sua rede em Angola, que veio a ser inaugurada, em 2006, sendo, neste momento, detentora de uma moderna infra-estrutura de rede e operadora de televisão, Internet e voz por cabo.
No mesmo ano, o país ganha a segunda operadora de telefonia. Trata-se da Movicel, uma empresa de telecomunicações móveis, sediada na cidade de Luanda.