Banco russo prepara crédito para Angola

Dívida de Angola esteve no centro do encontro entre o Chefe de Estado e Andrey Kostiv Fotografia: Francisco Bernardo | Edições Novembro

Dívida de Angola esteve no centro do encontro entre o Chefe de Estado e Andrey Kostiv
Fotografia: Francisco Bernardo | Edições Novembro

O banco russo VTB, líder do consórcio de bancos que financiou o satélite angolano Angosat 1, está a preparar novos financiamentos para projectos nas áreas da indústria, agricultura e energia e águas em Angola.

De acordo com o presidente do banco, Andrey Kostiv, que foi ontem recebido pelo Chefe de Estado, João Lourenço, técnicos da instituição estão a trabalhar com as autoridades angolanas na reestruturação da dívida contraída pelo Estado ao VTB, na ordem dos 1,3 mil milhões de dólares e 180 milhões de euros, para viabilizar novos financiamentos.
Segundo maior banco da Rússia, o VTB abriu, em 2006, em Luanda, o VTB-África, seu braço financeiro no país, com os capitais repartidos em 66 por cento russos e 34 por cento de cidadãos angolanos. O grupo técnico criado entre técnicos do Ministério das Finanças e do VTB vão, igualmente, trabalhar nas emissões de obrigações no valor que rondam entre os dois e três milhões de dólares.
Até ao momento a operação mais expressiva foram os 320 milhões de dólares investidos no satélite angolano. O investimento foi gerido por três contratos: da construção, aluguer do segmento espacial e do segmento terrestre.
A responsabilidade do Governo angolano foi  garantir a formação dos especialistas e a construção de infra-estruturas em terra para assegurar o apoio dos serviços de gestão do satélite. Para garantir a sustentabilidade da dívida e do respectivo serviço, o Executivo decidiu negociar o reescalonamento da dívida com os principais parceiros bilaterais e alargar a base de investidores em Títulos do Tesouro.
Ao Ministério das Finanças foi incumbida a missão de concluir a análise de sustentabilidade da dívida de Angola que , em 2013, era equivalente a 24,5 por cento de toda a riqueza produzida no país durante o ano, mas, em 2016 já equivalia a 56 por cento.O grupo está presente em mais de 20 países e com uma forte presença na área de banca de investimento. Em 2011, o VTB Capital recebeu mais de 15 distinções internacionais incluindo de Melhor Banco de Investimento na Rússia pela Global Finance e pela World Finance.
O VTB África é um banco comercial com três áreas de actuação específicas, nomeadamente, banca de investimento, corporate e retalho. A área de retalho tem por objectivo servir somente os colaboradores das empresas, que são os clientes.
A rede de distribuição está direccionada para o mercado empresarial e, por isso, conta apenas com 1 agência em Luanda. Andrey Kostiv garantiu igualmente que o VTB vai, em breve, introduzir novos meios e créditos para projectos concretos em Angola.

Emissão de eurobonds

Num despacho presidencial de 21 de Agosto do ano passado, ainda na vigência do anterior Executivo liderado pelo Presidente José Eduardo dos Santos, o Governo angolano escolhia os russos do VTB para conduzir a estratégia para uma segunda emissão de \’eurobonds\’, ou dívida soberana em moeda estrangeira, para captar até 2.000 milhões de dólares no mercado externo.
O Estado angolano estre­ou-se na emissão de \’eurobonds\’ em Novembro de 2015, angariando então, no mercado externo, cerca de 1.500 milhões de dólares, através de um consórcio de bancos liderado pelo norte-americano Goldman Sachs International e que incluiu ainda o alemão Deutsche Bank e os chineses da ICBC International. Os juros da primeira emissão angolana de \’eurobonds\’ foram confirmados em 9,5 por cento, a liquidar aos dias 12 de Maio e 12 de Novembro de cada ano, a partir de 2016.
Além de cobrir as necessidades de financiamento do Estado, colmatando a quebra nas receitas fiscais decorrentes da exportação de petróleo, esta operação permitiu igualmente o acesso a divisas, que o país necessitava nomeadamente para garantir as importações de alimentos e matéria-prima.
O Plano Anual de Endividamento para 2017 não previa, inicialmente, nova emissão de \’eurobonds\’, mas esse planeamento estava dependente das condições financeiras. O plano previa necessidades brutas de financiamento no mercado na ordem dos 4,667 biliões de, sendo 75 por cento deste total para angariar no mercado interno.

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