BNA coloca 350 milhões de dólares à disposição dos operadores económicos

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O governador do Banco Nacional de Angola, José de Lima Massano, disse sexta-feira na cidade do Cuito, que a instituição que dirige, vai lançar nos próximos dias uma carteira de títulos em moeda estrangeira emitida pelo Tesouro Nacional, no valor de 350 milhões de dólares, que vai ajudar a flexibilizar à falta de divisas no mercado financeiro.

Governador José de Lima Massano explicou durante conferência de imprensa com jornalistas no Cuito sobre decisões do CPM/BNA © Fotografia por: Edson Fabrizio |Edições Novembro
O líder do banco central angolano disse, que o actual momento de escassez de divisas que se regista no mercado financeiro nacional, é fruto das oscilações que se verificam nos preços dos produtos petrolíferos no mercado internacional – que segundo ele têm grande peso na geração de cambiais para o país -, mas que se trata de um fenómeno passageiro e que o mercado cambial vai se ajustar nos próximos tempos.

“Temos uma carteira de títulos em moeda estrangeira emitida pelo Tesouro Nacional e detidos pelo BNA, no valor de 350 milhões de dólares, que vão ser colocados nos próximos dias à disposição dos operadores económicos e dos cidadãos, que vão ajudar a flexibilizar a falta de divisas no mercado e reduzir o crescimento da inflação”, disse.

Massano entende, que a injecção dos 350 milhões de dólares em títulos do tesouro, que o Banco Nacional de Angola deve disponibilizar ao mercado financeiro nos próximos dias, vai ajudar a manter estável os níveis de inflação, porque se o BNA fosse obrigado a intervir, como é pedido por diversos agentes económicos, para manter a taxa de câmbio dos últimos dois meses, as reservas internacionais (estimadas em 14,45 mil milhões de dólares) teriam já caído em mais de mil milhões de dólares, facto que, segundo ele, causaria outros danos à economia.

José de Lima Massano reconheceu, durante a conferência de imprensa que culminou com os trabalhos 111ª reunião do Comité de Política Monetária do BNA, que decorreu três dias na cidade do Cuito, que a ausência de cambiais na economia nacional tem ditou a subida da inflação e, subsequentemente a alta de preços nos últimos dois meses.

“O comportamento cambial e o conjunto de implicações que o mesmo tem para a estabilidade dos preços na economia angolana e transtorna o poder de compra das famílias. A inflação é um mal e gera pobreza. Por isso, as acções do Banco Central têm de ser sempre no sentido de influenciar a estabilidade dos preços no mercado e assegurar estabilidade às famílias”, disse.

Comité de Política Monetária mantém inalteradas as taxas

O Comité de Política Monetária (CPM) do Banco Nacional de Angola, reunido até ontem na cidade do Cuito, capital da província do Bié, decidiu manter inalteradas a taxa básica de juros do BNA e a taxa de juro da Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez, ambas nos 17 por cento, e a taxa de juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez, em 13 por cento.

O governador do BNA explicou, durante a conferência de imprensa, que a decisão de manutenção das taxas de juros, baseia-se na alteração registada em algumas “variáveis macroeconómicas com potencial de influenciar a estabilidade dos preços na economia”, tendo o CPM recomendado um período de observação e de acomodação das decisões tomadas nas duas sessões anteriores daquele órgão de política monetária do Banco Central, realizadas nos meses de Janeiro e Março deste ano.

Entre as principais alterações, José de Lima Massano, realçou a redução do saldo da balança comercial, com impacto sobre a oferta de recursos cambiais aos operadores económicos e, consequentemente, a pressão que se verificou sobre a moeda nacional, o que deverá culminar, segundo ele, numa menor oferta de bens importados, que não são ainda totalmente compensados pela produção interna.

O Comité de Política Monetária do Banco Nacional de Angola concluiu ainda, durante os três dias que esteve reunido no Cuito, que a nível nacional, que o índice de preços no consumidor nacional registou uma variação mensal de 0,92 por cento, ao passo que a taxa de inflação homóloga fixou-se em 10,59 por cento.

A 111ª reunião do CPM do BNA aponta que as maiores variações ocorreram nas classes da saúde, com 1,91 por cento, vestuário e calçados, com 1,55 por cento, bens e serviços, com 1,45 por cento, e hotéis e restauração, com 1, 22 por cento. As Províncias do Namibe, com 1,12 por cento, Cunene e Zaire (1,08 por cento), Uíge (1,04 por cento) e Lunda-Norte (1,03 por cento), registaram as taxas mais altas no período em referência.

A próxima reunião do Comité de Política Monetária do BNA acontece no mês de julho, mantendo o intervalo de cada dois meses.

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