Capacidade eléctrica dá um salto em 2017

Fotografia: Rogério Tuty |

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Angola vai atingir a auto-suficiência energética já no próximo ano com a entrada em operação das centrais hidroeléctricas de Laúca e Cambambe II e a do ciclo combinado do Soyo.

Angola vai atingir a autossuficiência energética já no próximo ano, com a entrada em operação das centrais hidroeléctricas de Laúca e Cambambe II, e a do ciclo combinado do Soyo, que vai produzir energia a partir do gás gerado pelo projecto Angola LNG e água do rio Zaire.
Segundo um relatório apresentado, ontem, durante a primeira sessão conjunta das comissões Económica e para Economia Real do Conselho de Ministros, orientada pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, as obras dos três projectos estruturantes do sector eléctrico registam “bom andamento e dentro dos prazos inicialmente estipulados”, apesar de pequenos constrangimentos de ordem financeira.
Em declarações à imprensa, após a reunião, o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, disse que em Dezembro de 2017 entra em operação a última máquina, com cerca de 67 Mega Watts, das seis que completam os 2067 Mega Watts, que é a capacidade instalada prevista para Laúca.
Segundo João Baptista Borges, a extensão da central hidroeléctrica de Cambambe, a construção da central de Laúca e a do Soyo, vão gerar, no seu conjunto, mais de quatro mil MW, que adicionados à actual capacidade instalada ultrapassa os cerca de cinco mil MW, que é a grande meta do Plano Nacional de Desenvolvimento 2013-2017.
Em relação ao estágio de execução desses projectos, referiu, o projecto hidroeléctrico de Cambambe, que prevê iniciar a produção já em Junho próximo, vai contribuir no final com um total de 960 Mega Watts, praticamente o dobro da capacidade actual de Capanda. “Em Junho, começa a gerar energia a primeira das quatro máquinas instaladas na nova central de Cambambe e a última entra em operação em Dezembro”, garantiu. O ministro assinalou o estado “bastante adiantado” das obras: 65 por cento. “Permite-nos assegurar que entre Maio e Junho de 2017, tenhamos em operação duas máquinas, das seis previstas, e em Dezembro entra em funcionamento a última máquina, com cerca de 67 Mega Watts, completando a capacidade total instalada.”
Em relação ainda a Laúca, disse João Baptista Borges, é preciso assinalar que o sistema de escoamento de energia prevê a interligação com Luanda, que é o maior centro consumidor do país, e esse projecto está em execução. Assim como a electrificação de Malanje, com a inclusão de Calandula, e ainda o sistema de transporte que vai interligar com Huambo e Lubango.
Nas contas, segundo o ministro, também entram 600 mil novas ligações domiciliares em Luanda, Benguela, Cabinda e Lubango, para garantir, como referiu, o “necessário impacto com a entrada em operação desse centro electroprodutor”.
João Baptista Borges avançou que existe um outro projecto em curso, associado à ampliação da segunda central em Cambambe. “Estão a ser construídas as linhas de interligação que vão permitir escoar a capacidade gerada por Cambambe, por um lado, para Luanda, por outro, para Gabela e Benguela. Estamos também a electrificar algumas regiões da província do Cuanza Norte, como são os casos da faixa Dondo/Caculo e Dondo/Cassualala”, apontou.
Quanto ao terceiro grande projecto do sector eléctrico, a construção Central de Ciclo Combinado do Soyo, que se distingue dos outros já que em vez de água vai consumir gás natural produzido pela central do Angola LNG. “Contamos começar a gerar energia neste projecto no final do primeiro semestre de 2017, com a entrada em operação da primeira máquina”, disse.
A central do Soyo vai ter um total de 750 Mega Watts, já com o ciclo combinado na sua totalidade, que vão ser encaminhados para Luanda, atendendo o município em si, mas também os arredores como Viana, Catete, Camama, Kilamba, interligando com o sistema hídrico. O mesmo projecto vai também abastecer os municípios do Nzeto e Mbanza Congo, sendo que já estão em construção os dois sistemas de transporte de energia.
Considerado mais moderno e complexo comparativamente aos demais, em termos de construção e também de funcionamento, o ciclo combinado do Soyo compreende um conjunto de quatro turbinas a gás que vão queimar gás natural, e mais duas a vapor que vão utilizar o calor gerado pela combustão do gás para produzir mais 250 Mega Watts.
“Isto equivale a dizer que vamos construir sistemas de alimentação não só do gás fornecido pela Sonagás a partir da planta do LNG, mas também uma solução de recursos para quando a planta do LNG estiver em manutenção e em função disso não existir gás, para que tenhamos um circuito de alimentação de água a partir do rio Zaire que vai alimentar as turbinas a vapor”, explicou.

Recursos Humanos

A central de ciclo combinado vai usar máquinas da General Electric, o que, de acordo com o ministro da Energia e Águas, coloca o sector perante um outro desafio, que é a necessidade de ter recursos humanos com a qualificação necessária.
Essa situação, disse o ministro, levou a que se incluísse no projecto a construção de um centro de formação e treinamento de pessoal para centrais térmicas, quer de ciclo combinado quer de outras, pois o que se pretende é que em função da disponibilidade de gás que o país possa ter, se possa construir outras centrais de ciclo combinado ao longo da costa, preferencialmente no Lobito e no Namibe.

Gás menos poluente

João Baptista Borges justificou a opção pelo sistema de ciclo combinado com o facto de o gás ser mais barato que o diesel, além de ser um combustível menos poluente. “A nossa estratégia passa pela utilização do gás em maior escala, construindo mais centrais de ciclo combinado, daí que damos grande importância à qualificação do pessoal e esse projecto do Soyo vai servir também para irmos criando essa capacidade humana.”
A conclusão dos três grandes projectos estruturantes do sector eléctrico é apontada como a “grande solução” para se acabar com as restrições do dia-a-dia, que têm como causa a subida progressiva do consumo sem ser acompanhada pela subida do crescimento da capacidade de produção.
Em matéria de política fiscal, monetária e cambial, a sessão conjunta das duas comissões que tratam de matérias económicas no Conselho de Ministros apreciou ainda os Decretos Legislativos Presidenciais referentes ao regime jurídico da contribuição especial sobre as operações bancárias e à cativação de despesa do OGE de 2016.
A Reunião foi informada sobre o processo de recadastramento biométrico dos servidores públicos, que tem por objectivo contabilizar todos os funcionários públicos a nível nacional e clarificar o seu vínculo formal com a unidade orçamental que procede à sua remuneração.
E foi também informada sobre o conteúdo do Memorando referente à visita do FMI, durante o I Semestre de 2016, que se inscreveu no quadro da manutenção da estabilidade e da prevenção de crises do sistema monetário internacional, através de um sistema de vigilância económica e financeira mundial.

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