China assegura apoio total a Angola

Ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, foi ontem ao Palácio da Cidade Alta Fotografia: Francisco Bernardo | Edições Novembro

Ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, foi ontem ao Palácio da Cidade Alta
Fotografia: Francisco Bernardo | Edições Novembro

O ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, foi ontem ao Palácio da Cidade Alta assegurar ao Presidente da República, João Lourenço, a parceria estratégica entre os dois países e anunciar apoio total aos programas de desenvolvimento económico e social.

A China está disposta a reforçar o apoio a Angola para acelerar o processo de diversificação económica, depois de já se ter tornado no maior financiador durante o período de reconstrução do país.
A abertura foi manifestada ontem, em Luanda, pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, à saída da audiência com o Presidente da República, João Lourenço. O ministro chinês disse ter avaliado com o Chefe de Estado os avanços registados ao longo dos 35 anos de relações, completados sexta-feira.
Wang Yi afirmou que novos financiamentos vão depender das necessidades de Angola. “Cabe às autoridades angolanas fazer a proposta e a China estudá-las”, afirmou o ministro chinês, garantindo que o seu país não vai poupar esforços para ajudar no desenvolvimento de Angola.
“Nestes últimos anos da cooperação bilateral a China ajudou Angola a recuperar ou construir mais de 20 mil quilómetros de estradas, construiu mais de 2.800 quilómetros de linha férrea, construímos mais de 100 escolas e mais de 50 hospitais e milhares de habitações”, disse o ministro, acrescentando que todos estes projectos têm como foco a melhoria das condições de vida do povo angolano.
“Somos parceiros, por isso fazemos tudo que estiver ao nosso alcance para ajudar Angola a desenvolver-se”, disse o ministro chinês, que considera este ano importante para avaliar o passado e projectar um futuro brilhante.
As autoridades chinesas prometem apoiar, encorajar e criar facilidades para as empresas chinesas no sentido de investirem em Angola e ajudarem a desenvolver a indústria angolana. “As empresas chinesas têm capacidades e condições para fornecer equipamentos e tecnologias para relançar a indústria em Angola”
Wang Yi, que assina hoje, com o seu homólogo angolano, Manuel Augusto, o acordo de facilitação de vistos em passaportes ordinários, elogiou as reformas que estão a ser realizadas pelo Presidente João Lourenço, no sentido de garantir um bom ambiente de negócios para as empresas estrangeiras, incluindo as chinesas.
“Informei ao Presidente João Lourenço que, como parceiros estratégicos que somos, a China apoia todos os esforços de Angola na busca dos caminhos adequados para o desenvolvimento, segundo as suas condições, e vamos apoiar a estratégia de diversificação económica, formar quadros angolanos e ajudar a criar competências.
Num artigo de opinião publicado no Jornal de Angola, o embaixador da China, Cui Aimin, revelou que, após o estabelecimento das relações diplomáticas, a parte chinesa concedeu à parte angolana empréstimos que totalizam mais de 60 mil milhões de dólares, destinados à construção de inúmeras obras de infra-estrutura como centrais de energia, estradas, pontes, hospitais e casas.
No fim de 2016, segundo o diplomata, foi realizado em Luanda o Fórum de Investimento China-Angola, que resultou na celebração de 48 acordos de intenção de investimento no valor total de 1,2 mil milhões de dólares. “Actualmente, a China é o maior parceiro comercial de Angola, enquanto Angola é o segundo maior parceiro comercial, o maior fornecedor de petróleo da China em África, um dos maiores mercados ultramarinos de empreitadas”, escreve o diplomata.
Para garantir a sustentabilidade da dívida e do respectivo serviço, o Executivo decidiu negociar o reescalonamento da dívida com os principais parceiros bilaterais. Ao Ministério das Finanças foi incumbida a missão de concluir a análise de sustentabilidade da dívida que, em 2013 era equivalente a 24,5 por cento de toda a riqueza produzida no país durante o ano, mas em 2016 já equivalia a 56 por cento.
Entretanto, o ministro chinês garantiu que este assunto não foi discutido com o Presidente João Lourenço. “Não falamos da reestruturação da dívida”, afirmou, para acrescentar que o Presidente João Lourenço avaliou de forma positiva todos os créditos concedidos pela China a Angola.
O Acordo de Facilitação de Vistos em Passaportes Ordinários é, de acordo com o ministro chinês, mais uma forma de impulsionar a cooperação bilateral, já que a ideia é agilizar os mecanismos de concessão de vistos a empresários e homens de negócios, académicos, pesquisadores científicos, homens de cultura, desportistas e pessoas com necessidades de tratamento médico.
Após a assinatura do documento, os dois ministros participam de uma conferência de imprensa para explicações em detalhe sobre o acordo de facilitação de vistos em passaportes ordinários, ocasião que vai servir também para uma abordagem mais ampla das relações entre a China e Angola, que datam de Janeiro de 1983.
Angola é, na África Austral, o maior parceiro comercial africano e coopera nos domínios militar, agrícola, académico, agro-industrial, infra-estrutural, petrolífero e tecnológico.
No quadro das boas relações bilaterais, o gigante asiático absorve cerca de metade do petróleo extraído em solo angolano, e conta com mais de 250 mil trabalhadores em Angola, sobretudo na construção e reparação de infra-estruturas, nomeadamente caminhos-de-ferro, estradas e habitações.
A China é a segunda maior economia mundial, a seguir aos Estados Unidos, e a maior potência comercial do planeta. Nesta sua primeira deslocação do ano, o ministro dos Negócios Estrangeiros chinês esteve no Ruanda e Gabão e vai ainda a São Tomé e Príncipe.

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