Concertação na ONU com a Nova Zelândia

Fotografia: Rogério Tuti
A Nova Zelândia está na corrida a uma das vagas no Conselho de Segurança das Nações Unidas, como membro não-permanente, e quer o apoio de Angola, disse Don Mckinnon, enviado especial do primeiro-ministro John Key, após uma audiência com o Presidente José Eduardo dos Santos.
O primeiro-ministro John Key está apostado em conseguir o máximo de apoios e sabe que Angola, que também é candidato a membro não-permanente do Conselho de Segurança, tem interesse em ter bons aliados nesse desafio. “Angola pode, desde já, contar com o voto da Nova Zelândia no processo eleitoral que vai decorrer em Nova Iorque, em meados de Outubro deste ano e espero que também possa apoiar o meu país quando chegar o momento da votação”, disse Don Mckinnon.
A audiência serviu para falar da cooperação bilateral. Don Mckinnon destacou a importância de os dois países trabalharem juntos e explorarem áreas de interesse comum, pois, disse, a Nova Zelândia tem especialização no domínio da agricultura, energias renováveis e tem grande interesse em cooperar com Angola nos domínios dos petróleos, minas e desenvolvimento de infra-estruturas.
Don Mckinnon falou ainda da disponibilidade do seu país em oferecer cursos de língua inglesa para funcionários do Estado angolano.
Além do enviado do primeiro-ministro da Nova Zelândia, o Presidente da República concedeu ontem mais duas audiências. Recebeu o responsável máximo da Igreja Evangélica Sinodal de Angola (IESA), reverendo Dinis Marcolino Eurico, e o presidente do partido e líder da bancada parlamentar da FNLA, Lucas Ngonda.
Obras sociais
O reverendo Dinis Marcolino Eurico declarou à saída do Palácio Presidencial da Cidade Alta que aproveitou o encontro com o Chefe de Estado para analisar a situação social do país e também para dar a conhecer os projectos da IESA e as acções de impacto social desenvolvidos por esta congregação, com sede central na Província da Huíla.
No quadro das suas acções de impacto social, o reverendo Dinis Marcolino Eurico informou o Presidente José Eduardo dos Santos da pretensão da IESA abrir ainda este ano uma Universidade, com capacidade para cerca de 3.000 estudantes, e uma rádio evangélica na província da Huíla. Segundo o reverendo Dinis Marcolino Eurico, a futura Universidade da IESA já estabeleceu convénios com instituições congéneres de Portugal, da Áustria e do Brasil, e vai ministrar cursos de licenciatura em Medicina, Economia, Direito e Sociologia. Antigos combatentes. O Presidente da República ficou com a preocupação de fazer diligências no sentido de solucionar a questão levantada ontem na audiência que concedeu ao líder da FNLA Lucas Ngonda, em relação aos antigos combatentes da luta armada de libertação nacional que pertenceram ao antigo Exército de Libertação Nacional (ELNA).
Segundo Lucas Ngonda, milhares de antigos combatentes que estavam ligados ao braço armado do movimento FNLA de então estão sem nenhum enquadramento. “São milhares de antigos combatentes que vão morrendo, vão desaparecendo, sem o devido reconhecimento”, disse Ngonda, que se queixou de “processos bloqueados ou sem resposta” no Ministério dos Antigos Combatentes e Veteranos da Pátria.
“São antigos combatentes que já não são da FNLA, mas da pátria. Muitos deles chefes de família e já sem idade para procurar emprego e nem têm património para ajudar a ter uma condição social aceitável”, referiu Lucas Ngonda, sugerindo o recurso à experiência de outros países que também viveram situações de guerra e hoje os antigos combatentes beneficiam de políticas concebidas para o reconhecimento do sacrifício que fizeram pela pátria.
Lucas Ngonda falou também da questão da convivência em várias zonas do país, entre angolanos com orientações ideológicas diferentes. O líder da FNLA considerou preocupante o facto de em algumas regiões do país alguns partidos não poderem colocar as suas bandeiras, porque são retiradas.
“Viemos de uma guerra atroz e precisamos de promover o diálogo permanente entre irmãos, daí entendermos que todos temos responsabilidades na consciencialização das pessoas no sentido de haver maior tolerância, porque somos todos irmãos, filhos da mesma terra e temos todos o direito de pensar diferente sem que isso signifique sermos inimigos”, conclui Lucas Ngonda.