Conselho de Segurança aprova agenda de Angola

Fotografia: Reuters

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Os membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovaram ontem a agenda de trabalhos, acto que marcou oficialmente o arranque da presidência de Angola, durante este mês, à frente do órgão responsável pela paz e segurança global.

O país vai ser o porta-voz do Conselho, sem deixar de se pronunciar como membro. Os 30 dias na presidência incluem manter o órgão em funcionamento regular e ficar à frente de operações que incluem tratar dos conflitos actuais.
A presidência rotativa inclui debates abertos e uma sessão especial sobre segurança alimentar. O representante permanente de Angola nas Nações Unidas, Ismael Martins, disse ontem à Rádio ONU que há uma proposta de resolução do Conselho de Segurança sobre a região africana dos Grandes Lagos.
“A agenda principal da nossa sessão pública éa paz internacional, principalmente a prevenção de conflitos nos Grandes Lagos”, disse o diplomata, acrescentando que os conflitos têm estado muito presentes em países como a República Democrática do Congo, Burundi, Sudão do Sul, República Centro Africana e Ruanda.
“Precisamos de pôr esses países a dialogar, olhando para a riqueza, primeiro em termos de recursos humanos, mas também os recursos naturais”, afirmou Ismael Martins,prometendo um estímulo ao diálogo nos conflitos africanos e a necessidade de acção para o desenvolvimento dessas áreas.
“A nível do Conselho, temos tido sessões sobre a Síria, o Iraque e o Iémen, quase diariamente sobre a situação humanitária, para condenar vários actos bárbaros. Portanto, chega! Durante a nossa presidência vamos continuar a dar atenção a estes conflitos e tentar encontrar as soluções mais adequadas”, sublinhou.
O papel da mulher na prevenção de conflitos africanos é o destaque de um debate aberto marcado para o fim do mês. A reunião vai seguir-se aos eventos da Comissão sobre o Estatuto da Mulher.“Teremos uma sessão sobre o papel da mulher na resolução de conflitos em África, no dia 28, com a participação de várias mulheres, já que em Março as Nações Unidas e Nova Iorque se transformam em cidade das mulheres”, disse o diplomata.
Angola pretende encerrar o mês de liderança do Conselho com uma reunião informal onde os 15 Estados-Membros e especialistas vão abordar a segurança alimentar. Marcado para o dia 29, conta com a participação do director-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e a Alimentação (FAO), José Graziano da Silva.

Compromisso do país

Em Janeiro, durante a cerimónia de cumprimentos de ano novo ao corpo diplomático, o Presidente da República garantiu fazer “tudo o que estiver ao seu alcance” para que o país corresponda às expectativas depositadas na gestão dos assuntos que constam da agenda das Nações Unidas.
“Vivemos num mundo global e plural, onde a concertação, o diálogo e a negociação motivados por uma firme vontade política devem ser o principal factor de aproximação e de relacionamento entre os Estados e as nações”, disse o Chefe de Estado angolano, para acrescentar: “acredito, com efeito, que o espírito de abertura para o diálogo, a tolerância e a prevalência da razão ou bom senso são a chave para a resolução dos problemas que hoje afectam a Humanidade”.
José Eduardo dos Santos lembrou que o mundo inteiro atravessa um período de crise económica e financeira que é agravada pela proliferação de conflitos e guerras locais e sub-regionais, de que decorrem consequências humanitárias muito graves. “Os conflitos no Médio Oriente, por exemplo, e a intensificação do terrorismo, em particular, são aqueles que, pela sua dimensão e envolvimento, têm merecido maior atenção mundial”, disse, sublinhando a urgência para que se obtenha uma solução abrangente e inclusiva, capaz de pôr termo aos problemas e assim viabilizar a estabilidade de toda a região e remover a causa principal do crescimento do número de refugiados que se dirigem para a Europa.
“Os conflitos candentes, que continuam a existir em África, são a principal preocupação dos povos deste continente. Tanto as Nações Unidas como a União Africana devem dedicar especial atenção às crises na Líbia, no Mali, na República Centro Africana, no Sudão, no Sudão do Sul, na Somália e no Burundi”, disse o Presidente angolano. José Eduardo dos Santos afirmou que a paz deve ser a primeira prioridade de todos os países e em todos os continentes, de modo a não se comprometer o destino comum. “Esse destino não pode ser outro senão o do progresso, desenvolvimento e harmonia entre os povos”.

Expansão do português

O embaixador angolano junto das Nações Unidas, Ismael Martins, revelou que a língua portuguesa vai ser ouvida durante várias sessões do Conselho de Segurança, durante a presidência angolana deste órgão. Ismael Martins destacou um aumento de interesse de vários representantes internacionais pelo idioma, durante o mês em que vai presidir rotativamente o órgão responsável pela paz e segurança globais.
Na ONU, os debates são realizados em inglês e francês, que têm o estatuto de línguas de trabalho e permitem a tradução dos documentos produzidos nas sessões. Os dois idiomas são também oficiais com o espanhol, o russo, o chinês e o árabe, o que torna possível a tradução simultânea nas intervenções.
O diplomata angolano disse que é notória a boa vontade em relação ao português, falado por cerca de 250 milhões de pessoas. “Somos vistos como um grupo aberto. Estamos nos vários continentes e essa nossa presença nos vários continentes não é rejeitada, pelo contrário, é aceite”, disse o embaixador.
O incentivo ao uso da língua portuguesa na organização foi reiterado pelo Presidente de Portugalao discursar na Assembleia Geral de 2015.Cavaco Silva reiterou que o idioma deve ser uma das línguas oficiais das Nações Unidas.
O esforço para promover o idioma e a sua diversidade geográfica tem sido feito por vários representantes da CPLP, que nos últimos anos falam português nos debates gerais do principal órgão que toma decisões das Nações Unidas.

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