Diplomata angolano apresenta obra sobre “Diplomacia Pública”

 

O diplomata Felício Bruno Teles lançou quinta-feira, em Lisboa, o livro “Diplomacia Pública”, num acto que decorreu no auditório da Embaixada de Angola em Portugal.

A obra resulta da sua recente tese de Mestrado em “Diplomacia e Relações Internacionais”, na Universidade Lusófona de Lisboa, que concluiu com a classificação de “Muito Bom”.

Em declarações à imprensa, o autor justifica a sua obra pela “inexistência de qualquer estudo do género no espaço da CPLP e a dificuldade no acesso à documentação dispersa”. Felício Bruno Teles que é Segundo secretário da Embaixada de angola em Portugal, é o único diplomata lusófono com tese de mestrado em Diplomacia Pública e dedica como o tema da obra “A Diplomacia Pública no Contexto das Organizações Internacionais: O caso da CPLP”.

Defende que “o século XXI tem sido marcado pela democratização e pela globalização competitiva dos meios de comunicação, com impacto crescente sobre a opinião pública e sobre os processos de tomada de decisão dos Estados e das Organizações Internacionais”.

Segundo descreve, “na contemporaneidade, a opinião pública tornou-se mais informada e exigente, passou a influenciar significativamente os processos de tomada de decisão em matéria de política externa, num período em que os assuntos do exclusivo domínio dos órgãos representativos dos Estados têm diminuído à medida que aumenta o papel das organizações internacionais”.

Salienta a afirmação da chamada “diplomacia pública”, definida como “instrumento de política externa que não recorre aos tradicionais meios e canais diplomáticos para atingir os objectivos definidos, agindo sobre a opinião pública estrangeira ou internacional de modo a influenciá-la no sentido desta funcionar como ‘lobbie’ junto do respectivo centro de decisão – o Governo de um Estado ou o órgão máximo de uma Organização Internacional”.

“A diplomacia pública”, segundo explana, “distingue-se da diplomacia tradicional pelo principal destinatário das suas mensagens (opinião pública estrangeira/internacional), pelo ‘modus operandi’- não está rodeada de secretismos e protocolos, sendo que a componente cultural assume particular importância”. Porém, “elas se complementam mutuamente”, acrescenta.

No que concerne à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), que centralizou a sua dissertação, Felício Teles, atesta existir “uma consciencialização sobre a necessidade de desenvolver actividades de diplomacia pública, com vista a atingir os desígnios desta organização”.

Admite que “os condicionalismos de ordem financeira e política não estimulam, nem tornam prioritário o desenho de uma estratégia de diplomacia diplomática, que passaria pela exploração das potencialidades presentes neste domínio”.

Para ele, “a CPLP terá tanto mais reconhecimento interno e prestígio externo, quanto maior for a sua utilidade para os Estados-membros”, adiantando, contudo, a importância de a CPLP “desempenhar um papel de relevo no apoio ao desenvolvimento dos Estados-membros, especialmente dos mais carenciados, sendo importante o seu reconhecimento internacional da Organização, a fim de constituir-se em parceiro importante das organizações multilaterais de apoio ao desenvolvimento”.

O autor tem participado em seminários, colóquios e conferências sobre diplomacia, protocolo do Estado, negociação e direito internacional e tem publicado diversos trabalhos científicos sobre Direito e Diplomacia. Estiveram presentes na cerimónia de apresentação o Embaixador da República de Angola em Portugal, José Marcos Barrica, diplomatas, juristas, deputados, políticos e demais membros da sociedade civil.

O livro foi apresentado pelo antigo ministro e Presidente da Assembleia da República Portuguesa, o Professor Doutor Jaime Gama que também o prefaciou, tendo sido editado pela Coimbra Editora.

Nascido em 1978, em Luanda, Felício Teles é licenciado em Direito pela Universidade Estatal de Ivanova (Rússia), pós-graduado em Ciências Jurídicas pela Universidade Católica Portuguesa, Escola de Lisboa e mestre em diplomacia e relações internacionais na Universidade Lusófona de Lisboa.

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