Diplomata em Lisboa confiante na eleição

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O embaixador em Portugal manifestou-se ontem confiante na eleição de Angola como membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, cuja candidatura se baseia “na experiência do país na resolução de conflitos”.

O embaixador José Marcos Barrica intervinha numa conferência em Lisboa dedicada a esta candidatura, organizada pelo Centro Lusíada de Investigação em Política Internacional e Segurança (Universidade Lusíada) e pela Embaixada de Angola.

“Estamos seguros de que é bem-sucedida”, afirmou o diplomata aos jornalistas, à margem do encontro, admitindo que Angola possa “voltar a ditar a proeza de 2002, quando foi o país mais votado” na eleição para este cargo, recebendo na altura uma “maioria esmagadora de 186 votos”.

José Marcos Barrica afirmou que a candidatura “conta com o apoio de muitos países, dentro e fora de África, e de organizações internacionais”, como a União Africana, a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sua sigla em inglês) e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

A candidatura já mereceu manifestações de apoio do Brasil, reiteradas na segunda-feira pela Presidente brasileira, Dilma Rousseff, ao seu homólogo angolano, José Eduardo dos Santos, durante a visita oficial àquele país, além de Portugal, Rússia e Ucrânia, sublinhou.  A experiência de Angola na resolução de conflitos é um dos argumentos mais importantes que sustentam a candidatura.

“Um dos problemas que ocorrem em África, nos dias de hoje, é a instabilidade político-militar em alguns países, sobretudo na região dos Grandes Lagos, que abrange países como Moçambique, Quénia ou República Democrática do Congo.

Angola tem alguma experiência na resolução desses conflitos e este é um argumento importante que Angola quer levar ao Conselho de Segurança e, por via disso, poder participar e contribuir na resolução dos conflitos, onde o papel das Nações Unidas deve recair”, destacou.

Na sua intervenção, José Marcos Barrica sublinhou que Angola está também “seriamente apreensiva” com a instabilidade em países como Israel e Palestina, Iraque, Síria, Afeganistão e Ucrânia.

“Como país que viveu um longo período de guerra, sangrenta e devastadora, conhece bem o significado e preço dessa indesejada e cruel realidade. Não pode permanecer indiferente perante as atrocidades que ceifam a vida de milhares de seres humanos, arruínam o património das sociedades, povos e culturas e condicionam o desenvolvimento e o progresso da humanidade”, disse.

O embaixador disse ainda que a candidatura tem “quatro eixos fundamentais: paz, segurança, estabilidade e desenvolvimento” e “é alicerçada na experiência do país na resolução de conflitos, sobretudo na região austral, onde está situado, assim como na “habilidade de construir ambientes de paz e de reconciliação entre partes desavindas”.

Na sua participação nas Nações Unidas, “Angola pauta e vai continuar a pautar a sua atitude na base das suas convicções e crenças, distante de pressões estranhas à sua vontade”.

Papel da ONU

José Marcos Barrica destacou o papel da ONU no cenário internacional. “Num contexto em que os países, isoladamente, se mostram incapazes de reverter a situação, as Nações Unidas continuam a ser uma organização indispensável, a única capaz de responder colectivamente às ameaças globais, quer através da prevenção, quer pela intervenção e repressão de actos que desonram os princípios de direito internacional”, sustentou.

A eleição é  feita depois de Setembro, durante a 69ª Assembleia Geral das Nações Unidas, e engloba o mandato para o período 2015/2016.

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