Embaixador da África do Sul reforça ideia de abolir vistos

Fotografia: Francisco Bernardo

Fotografia: Francisco Bernardo

Os investimentos que Angola tem feito nos últimos anos no controlo das suas fronteiras vai permitir desbloquear, a breve trecho, a situação do acordo com a África do Sul para supressão de vistos em passaportes ordinários, defendeu ontem o embaixador sul-africano.

Em fim de missão após quatro anos como chefe da representação diplomática sul-africana em Angola, Godfrey Ngwenya foi recebido em audiência ontem pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos. “Quis agradecer ao senhor Presidente pelos meus quatro anos de missão neste belo país, que é a minha segunda casa”, disse o diplomata.
Godfrey Ngwenya defendeu que pelos laços de irmandade e o passado comum dos dois povos “faz todo sentido” que sul-africanos e angolanos não tenham necessidade de obter vistos para visitar um e outro país.
“Aos nossos povos devia bastar a vontade de viajar para Angola ou África do Sul, sem nenhum impedimento”, disse o diplomata que, no entanto, reconhece que Angola tem estado a organizar-se para que as razões evocadas em 1994 sejam totalmente ultrapassadas. O embaixador sul-africano recordou que o tema foi levantado pela actual presidente da Comissão da União Africana, Nkosazana Dlamini-Zuma, na época ministra da Administração Interna.
“As autoridades angolanas chamaram atenção para o facto de Angola partilhar milhares de quilómetros de fronteira com outros países e por isso precisava de reunir todas as condições para um maior controlo migratório e seguir em frente quanto ao acordo de supressão total de vistos”, referiu.
Veterano da luta contra o apartheid, o embaixador Godfrey Ngwenya não esconde a tristeza por voltar a deixar Angola, mas sublinha o ­espírito de missão com que atende o pedido do Presidente Jacob Zuma para outras funções no seu país. “Antes de assumir a missão diplomática em Luanda estive em Angola no momento mais difícil, mas hoje saio de Angola com a esperança de poder ver reforçada principalmente as nossas relações comerciais”.
Para o diplomata, a cooperação bilateral é perfeita, embora exista alguma dificuldade na componente comercial. “Acredito que com o mesmo empenho que os Presidentes Zuma e José Eduardo dos Santos têm tido para tornar cada vez mais sólidos os laços de cooperação entre Angola e África do Sul, tudo se encaminha para que tenham êxitos também na vertente comercial”.
As relações de Angola com a África do Sul têm sido reforçadas nos últimos anos graças à relação próxima entre o Presidente José Eduardo dos Santos e o Presidente Jacob Zuma, que escolheu Angola para a sua primeira visita oficial na qualidade de Presidente da África do Sul.
Ambos os países assinaram diversos acordos comerciais que incluíam a cooperação no sector petrolífero, para permitir à companhia petrolífera estatal sul-africana Petrosa e à angolana Sonangol trabalharem conjuntamente em projectos petrolíferos nas áreas de exploração, refinação e distribuição de petróleo.
O sector mineiro angolano é também de interesse para as companhias mineiras sul-africanas. A renovação das relações entre África do Sul e Angola é um indicador de uma nova era para a região Austral de África, com duas potências regionais a cooperarem diplomaticamente e a promoverem o comércio regional. No plano regional, Angola e África do Sul têm-se destacado como os principais impulsionadores da paz e da estabilidade na região da SADC, uma parceria que têm dado frutos em situações complexas como a crise no leste da República Democrática do Congo. Em Agosto de 2013, os três países assinaram em Luanda um acordo de cooperação que prevê a formação das forças de segurança congolesas por parte de Angola e da África do Sul.
O acordo “define a cooperação entre as partes no domínio da formação das forças armadas e da polícia da República Democrática do Congo (RDC)”.
No domínio económico o acordo abordou ainda “as questões relativas aos portos de Lobito em Angola e de Durban, na África do Sul, assim como a barragem hidroelétrica de Inga na RDC”.

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