Embaixadores acreditados

Fotografia: Francisco Bernardo

Fotografia: Francisco Bernardo

O embaixador do Brasil em Angola disse ontem que o sector cultural vai ter um “lugar importante” na cooperação entre os dois países, e destacou o papel da futura Casa de Cultura Brasil-Angola, assunto que abordou no encontro com o Presidente José Eduardo dos Santos, a seguir a acreditação como novo chefe da missão diplomática brasileira em Luanda.

“Vamos inaugurar em breve  e vai ser o lugar onde a cultura brasileira e angolana vão juntar-se para se mostrar ao povo de Angola e do Brasil”, disse Norton de Andrade Mello Rapesta, à saída do Palácio Presidencial da Cidade Alta.
O diplomata referiu-se ao “passado comum” e ao “desejo de um futuro cada vez melhor para as populações”, como a base das relações entre o Brasil e Angola. “O mar não nos separa, é a nossa fronteira. “, disse, citando o escritor Dorival Caymmi.
Ao comentar o facto de começar a sua missão num período de crise do preço do barril do petróleo no mercado internacional, atendendo o peso do crude nas relações comerciais entre os dois países, Rapesta citou Winston Churchill: “Da crise tiram-se as boas ideias. Pode ser uma boa oportunidade para Brasília e Luanda explorarem novas formas de optimizar os recursos disponíveis  para o bem de todos”.
O diplomata defendeu que a queda do preço do barril de petróleo vai fazer com que brasileiros e angolanos pensem em como melhor utilizar os recursos disponíveis em benefício dos respectivos povos. “É uma experiência que podemos trocar também: como fazer melhor com menos. Vai ser benéfico para os dois países”, atirou.
Rapesta também falou sobre os acordos nas áreas de investimentos e facilitação de vistos, assinados recentemente, por ocasião da visita do ministro Mauro Luiz Vieira a Angola. “São instrumentos bastante úteis. Queremos mais angolanos a estudar e visitar o Brasil, e brasileiros vindo conhecer Angola, porque as belezas naturais e os progressos que estão a ser feitos aqui são pouco conhecidos pela grande maioria da população brasileira”, assinalou. Em relação aos investimentos, o embaixador brasileiro disse tratar-se de um dossier que está em fase bastante adiantada, em termos de conversações entre os dois governos. “Temos que trabalhar mais e mais para trazer brasileiros, porque Angola pode ser uma porta para produtos brasileiros para outros países vizinhos. É uma estrada em que podemos trabalhar. Temos todas as facilidades, somos vizinhos. É até mais fácil ligar Santos a Luanda do que Santos a Manaus, de navio”, referiu.

Embaixada do Quénia

Além do embaixador brasileiro, o Presidente da República acreditou os novos embaixadores do Quénia, Argélia e Japão. Todos com residência em Luanda. Em declarações a jornalistas, o embaixador queniano destacou o significado da abertura da missão diplomática do seu país em Angola.
“Uma decisão que reflecte bem o desejo do Governo queniano em melhorar a cooperação com Angola e reforçar os laços de amizade existentes entre os dois países”, disse Josephat Kaunda Mairaka, que falou num histórico de cooperação e interesses comuns a vários níveis. “Partilhamos assentos a nível da Conferência Internacional para Região dos Grandes Lagos, cujo objectivo é promover a segurança, paz e prosperidade na região dos Grandes Lagos. Angola preside a CIRGL e nós somos membros”, disse o diplomata, que ainda felicitou e garantiu apoio a Angola enquanto membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Mas o diplomata queniano está focado nos objectivos da sua missão em Angola. O diplomata disse que no imediato o mais importante é “promover o comércio e os investimentos”, promovendo facilidades para que possa haver, de ambos os lados, visitas de homens de negócios. “A cooperação económica entre os Estados africanos é um princípio da União Africana, e também uma orientação da nossa diplomacia”, declarou.

Japoneses determinados

O embaixador do Japão disse que o seu Governo está cada vez mais apostado em investir em Angola, acompanhando o crescente número de japoneses e de companhias japonesas “fortemente interessados” no mercado angolano. “Ficou bastante claro no fórum de negócios Angola-Japão, realizado o mês passado em Luanda. Vieram 37 empresas e 120 japoneses”, referiu Kuniaki Ito.
O diplomata, que durante anos esteve ligado ao Banco de Importação e Exportação do Japão (JBIC), resumiu o essencial da sua missão em Angola: O nosso Governo quer fazer financiamento activamente projectos concretos e ao mesmo tempo promover a tecnologia japonesa. Quanto a sectores preferenciais, Kuniaki Ito foi incisivo: “Tudo depende da preferência do lado angolano, mas queremos apostar nos transportes e na agricultura”.

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