Emissão de dívida de Angola surpreende pela positiva – BPI

EDIFÍCIO DO MINISTÉRIO DAS FINANÇAS DE ANGOLA FOTO: ARQUIVO

EDIFÍCIO DO MINISTÉRIO DAS FINANÇAS DE ANGOLA
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05 Maio de 2018 | 22h12 – Actualizado em 05 Maio de 2018 | 22h11

A unidade de estudos económicos do Banco Português de Investimento (BPI) considera que a emissão de dívida pública de Angola foi um passo histórico para o alargamento da curva de maturidades, surpreendendo pela positiva.

Num comentário enviado aos investidores, citado pela agência Lusa, o BPI escreve que “a emissão a 30 anos se trata de um passo histórico para o alargamento da curva de maturidades angolana, surpreendendo pela positiva, já que a expectativa central era de que fosse apenas emitida dívida a 10 anos”.

Angola colocou no mercado de títulos de dívida soberana três mil milhões de dólares norte-americanos em Eurobonds, depois de o ter feito, pela primeira vez, em 2015, altura em que disponibilizou mil e quinhentos milhões de dólares em Eurobonds, com uma maturidade de 10 anos.

Esta emissão foi dividida em duas partes, sendo uma parcela com maturidade de 10 anos, com um valor nominal de 1,75 mil milhões de dólares dos Estados Unidos,  com uma taxa de juro do cupão fixada em 8.25 porcento.

A segunda parcela tem maturidade de 30 anos, com um valor nominal de 1,25 mil milhões de dólares dos Estados Unidos,  com uma taxa de juro do cupão fixada em 9,375 porcento.

A procura por esta emissão, que a agência de informação financeira Bloomberg considerou ser “a mais sumarenta da África sub-sahariana”, foi o triplo da oferta, o que, para o BPI, indica “o sucesso do “roadshow” (apresentação) levado a cabo pelas autoridades angolanas” e demonstra que “a narrativa apresentada aos investidores foi considerada credível, também auxiliada pela subida recente do Brent e anúncio de cooperação com o FMI”.

Por seu turno, o economista-chefe da consultora Eaglestone considera que este é o momento adequado para Angola estancar a subida da dívida pública dos últimos anos, aproveitando o financiamento internacional, as reformas internas e o apoio do FMI.

A Eaglestone é uma plataforma de serviços financeiros que presta assessoria financeiras e operações de “private equity”, à escala internacional.

“Acreditamos que esta é a altura certa para Angola lidar com a subida dos níveis da dívida pública dos últimos anos”, escreveu Tiago Dionísio, numa nota de análise à colocação angolana de três mil milhões de dólares em dívida pública.

“A actual agenda reformista do Governo e o anúncio de que o país chegou a um acordo não financeiro com o Fundo Monetário Internacional (FMI) são passos na direção certa”, considerou o economista, numa nota enviada aos investidores.

Para Tiago Dionísio, “o facto de os preços do petróleo estarem bem acima da estimativa de 50 dólares por barril impressa no Orçamento para este ano e de uma grade parte da dívida do país ser em dólares são um claro bónus para os esforços de consolidação orçamental”.

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