Boaventura Cardoso na 84ª edição da Feira do Livro de Lisboa para lançamento de “Noites de Vigília”

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A União dos Escritores Angolanos, em parceria com a Texto Editores (Leya), realizou na tarde do dia 6, na Praça Leya da Feira do Livro de Lisboa, o lançamento do livro “Noites de Vigília”, último romance da autoria do escritor e poeta angolano Boaventura Cardoso.

O livro “Noites de Vigília” é o quarto romance do escritor, que totaliza já 7 obras literárias, entre contos e romances. A sua última obra está centrada nos eventos ocorridos em Angola no período que vai de 1974 a 1975, sendo que nesta obra o autor através das suas narrativas comete a proeza de subtilmente ‘sugerir’ uma reflexão sobre a sociedade angolana.

A narrativa gravita a volta do reencontro de dois ex-militares, que no passado pertenceram a forças militares opostas, facto curioso é o  facto de não haver uma sequência cronológica na obra.

A apresentação do romance, esteve a cargo do ensaísta angolano Luís Kandjimbo, que na ocasião exaltou a publicação de mais esta obra literária por parte de Boaventura Cardoso.

Segundo Luís Kandjimbo, com “Noites de Vigília”, Boaventura Cardoso confirma que tem um estilo narrativo muito próprio, e que o autor mantém bem acesa a “indução provocatória” característica que invariavelmente está patente nas suas obras.

A obra vem de facto confirmar à vontade de abordar temas que têm muito a ver quando os angolanos querem falar da construção da nação.

“É um romance que vai mais além pois é uma narrativa fragmentada, uma narrativa que trabalha com factos históricos, factos reais, sem sombra de dúvidas este livro é uma proposta nova de ler Angola”, disse.

No final da apresentação, Boaventura Cardoso, disse esperar que o livro suscite muitas perguntas e poucas respostas, pois não é missão da literatura dar todas as respostas. E assumiu que o romance é propositadamente desalinhado, para que o leitor construa ele próprio a coerência que a historia traduz.

Escritor, poeta, político, Boaventura Cardoso é membro fundador da União dos Escritores Angolanos (UEA).

Dono de um estilo de escrita singular, Boaventura Cardoso repensa e reescreve a historia de angola reflectindo sobre a realidade sócio-política do país, sendo os seus textos esteticamente elaborados ainda que por instantes propositadamente “desalinhados” para deste modo permitir que a imaginação do leitor seja o fio condutor.

Ao lado de outros nomes sonantes da escrita angolana integrou a chamada “geração de 70”, tendo sido no ano de 2001, galardoado com o Prémio Nacional de Cultura e Artes, na categoria literatura, com o romance “Mãe Materno Mar”.

É também um dos escritores angolanos mais lidos e com mais obra literária traduzida em várias línguas, cada vez mais os seus livros vêm sendo objecto de estudo por parte de investigadores americanos, franceses, italianos, entre outros.

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