Indústria em Benguela na “mira” de investidores dos Estados Unidos
O governador provincial de Benguela, Rui Falcão, efectuou, de 7 a 11 de Outubro, uma visita aos Estados Unidos da América (EUA), onde aproveitou a Conferência sobre a “Indústria de Petróleo e Gás”, em New Orleans, Louisiana, para atrair investidores norte-americanos para esta circunscrição do país, apurou, hoje, a Angop, de fonte autorizada.
13 Outubro de 2019 | 12h23 – Actualizado em 13 Outubro de 2019 | 12h23
A convite da embaixadora dos Estados Unidos da América em Angola, Maria Nina Fite, o governador Rui Falcão, que se fez acompanhar do vice-governador provincial de Benguela para os Serviços Técnicos e Infra-estruturas, Leopoldo Muhongo, participou neste evento internacional sobre petróleo e gás, incluindo energias limpas, em New Orleans, tendo interagido com empresários norte-americanos que queiram investir em Benguela.
Na sexta-feira, último dia da visita de cinco dias em solo norte-americano, Rui Falcão apresentou as oportunidades de investimentos em Benguela aos empresários norte-americanos em New Orleans e destacou as acções que visam melhorar o ambiente de negócios na província, fazendo com que os empresários tenham mais oportunidades, gerando mais empregos e renda, principalmente para os jovens.
A propósito da visita do governador de Benguela, a embaixadora dos Estados Unidos da América em Angola considera que as boas relações entre os dois países ajudam a fortalecer as parceiras dos empresários americanos e angolanos, favorecendo a troca de experiências.
O estado de Louisiana – por onde passa o rio Mississippi (o maior dos EUA), tem características semelhantes a Benguela, primeiro, por ser uma área de agricultura e por possuir uma rede logística com transportes ferroviários e portos, bem como o sector petrolífero.
Por isso, Maria Nina Fite olha para a presença de Rui Falcão no estado de Louisiana como sinal de compromisso do governo angolano, o que pode despertar o interesse dos empresários norte-americanos, abrindo assim possibilidades para investimentos quer na agricultura, quer no sector petrolífero, em Benguela.
Além de visitas a unidades de transformação de gás natural “LNG”, o governante angolano promoveu em New Orleans o potencial de Benguela, particularmente no sector de petróleo, num momento em que Angola realiza realiza o “roadshow” internacional para licitação de dez blocos petrolíferos das bacias marítimas de Benguela e do Namibe, com reservas estimadas em sete biliões de barris de “ouro negro”.
Outra área de investimento sugerida pelo governador Rui Falcão é na transformação agro-industrial, criando soluções para o aproveitamento de produtos como a manga, banana e o ananás, em cuja produção a província de Benguela tem vindo a registar excedentes que, por falta de processamento, se estragam todos os anos, causando prejuízos aos agricultores.
Durante esta missão de captação de investimento, que foi acompanhada, de perto, pela embaixadora do governo de Donald Trump em Angola, Maria Nina Fite, Rui Falcão visitou a plataforma de exploração da petrolífera americana Chevron em águas profundas, onde constatou as reais capacidades técnicas da operadora – que também actua em Angola, no desenvolvimento de projectos complexos em offshore.
Estiveram em debate na conferência sobre petróleo e gás, múltiplos painéis temáticos que vão desde a gestão de recursos humanos a operações onshore e offshore, enquanto a feira de exposição de petróleo do golfo da Costa de Louisiana (LAGCOE 2019) teve como ponto alto a apresentação de inovações tecnológicas para operações mais eficientes.
Intervenções do presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Sebastião Pai Querido Martins, e de Belarmino Chitangueleca, membro do conselho executivo da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), também marcaram o evento, que reuniu em New Orleans delegações de países produtores de petróleo com fortes ligações ao estado americano de Louisiana.
Todavia, as autoridades estimam que o potencial no sector do petróleo e gás poderá tornar Benguela numa plataforma logística importante tanto para o país, quanto para toda a região a Sul do Sahara.
Em busca de novos rumos para indústria transformadora
Esta viagem para os Estados Unidos da América surge dias depois de o governador Rui Falcão ter apontado como meta das autoridades a captação de investimento estrangeiro para relançar o parque industrial como caminho para o crescimento de Benguela, numa altura em que boa parte das unidades de transformação está praticamente paralisada desde os anos 80 e 90.
Em declarações à imprensa, após uma recente visita à empresa Angoflex, no Lobito, Rui Falcão assegurava, embora sem dar detalhes, que eram várias as áreas prioritárias que estariam a ser exploradas – nas quais o governo pretende atrair investidores, no âmbito de um “projecto ambicioso de industrialização de Benguela”.
“Daqui a dias vamos realizar uma actividade que visa motivar um conjunto de entidades estrangeiras a investirem em Benguela”, anunciava, na altura, o governador, defendendo que seria necessário ir ao encontro dos empresários estrangeiros para, num “tête-à-tête”, dizer em que áreas podem investir.
A viagem do governador de Benguela para os Estados Unidos da América assume particular importância num momento de crise e de busca de novos rumos para a recuperação do gigante parque industrial da província, sobretudo na área de produção de papel, processamento e transformação de carne, de frutas e de bebidas a base de frutas, o que, tal como no passado, poderá gerar milhares de postos de trabalho.
Entre as indústrias que faliram, como consequência da guerra que assolou o país até 2002, estão, por exemplo, o antigo Complexo Industrial da Companhia de Celulose e Papel de Angola (CCPA), a Bucaço, uma unidade de produção de salsichas e chouriços, bem como a Jomba Industrial, Cifal, Intra-frutos e Dusol, com linhas de produção de sumos, vinhos frutados e fruta em calda e cristalizada e refrigerantes gaseificados à base de abacaxi.
A missão do chefe do governo de Benguela à maior potência económica mundial, que terminou sexta-feira, 11, é apenas reflexo da diplomacia económica que o Presidente da República, João Lourenço, vem fazendo para transformar Angola em um dos principais destinos de investidores dos EUA, Europa e Ásia, para que a economia nacional retome o ritmo de crescimento dos últimos anos.