Ministro das Relações Exteriores aborda estado actual da diplomacia

O ministro das Relações Exteriores, Georges Rebelo Chikoti, abordou, em entrevista exclusiva concedida, à ANGOP, em Luanda, o estado actual da diplomacia angolana.

Na entrevista, o chefe da diplomacia angolana fala também das perspectivas sobre a diplomacia externa e dos argumentos que sustentam a candidatura de Angola a um assento de membro não -permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Angop: De modo geral, como caracteriza a diplomacia angolana ?

Georges Chikoti: Eu considero que a diplomacia angolana está muito boa e também muito activa. Primeiro devemos olhar para as diferentes solicitações que Angola tem, tanto para a sua participação em actividades da nossa região ou para além, mas também em termos de visita que nós temos do exterior para dentro de Angola, isto como resultado de uma política de crescimento económico que resulta, no fundo, do fim do conflito em Angola.0,075f991f-8753-4a5e-81c3-75239c59a100--r--NjQweDM0NQ==[1]

É preciso dizer que a paz em Angola marcou uma etapa extremamente importante em que tudo se está a renovar. Nós definimos uma política que partiu do processo de reconciliação nacional entre os angolanos, que é também uma politica de abertura e crescimento que atrai o investimento externo.

A nossa política de investimento externo tem sido uma política de convidar ou atrair parceiros para o nosso país e, nesta perspectiva, nós fizemos vários acordos e parcerias que hoje contribuem para o desenvolvimento de Angola. Várias empresas têm estado a consolidar-se em Angola, a investir em Angola, não só no domínio petrolíferos mas também noutros sectores.

Angola está numa fase, agora de relançamento da sua economia noutros sectores para além dos domínios tradicionais, como os petróleos. Isto tudo é, portanto, resultado da nova imagem que Angola alcançou, porque devemos, de facto, olhar para alguns factos importantes como o facto de sua excelência o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, ter conseguido dar a imagem da nova Angola, quer dizer que uma Angola reconciliada entre si, em que os adversários ou inimigos de ontem passam a ser parte deste desenvolvimento.

Temos uma democracia multipartidária e um Parlamento em que os partidos participam no desenvolvimento de Angola, temos leis que estão abertas para todos e também facilitam o investimento estrangeiro.

Acho que todos estes elementos que foram definidos nesta nossa política fazem de Angola um país visto com bons olhos e, sobretudo, pela sua liderança também. Neste contexto, temos de olhar para o espírito consensual em que o nosso Presidente trata das questões nacionais e também internacionais.

No plano internacional, fomos solidários com todos os problemas que surgiram à nossa volta, participamos activamente para a busca de soluções, em todas as grandes conferências e eventos que ocorreram.

Viram a nossa participação activa na República Democrática do Congo, também temos estado a acompanhar e a contribuir no caso da República Centro Africana, bem como estamos envolvidos em actividades para a solução da crise no Madagáscar, que acabou de realizar as eleições. Tudo isto indica que o nosso país está bem, os angolanos estão activos.

Olha-se até mesmo para algumas actividades desportivas que Angola esteve envolvida nos últimos anos, não só participou activamente como também ganhou eventos importantes. Tudo isso faz parte da imagem da nova Angola que o novo Executivo apresenta e eu acho que isso é extremamente bom para o país.

Angop: Quais são os argumentos de força que sustentam a candidatura de Angola a um assento como membro não -permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas ?

Georges Chikoti: Angola já foi membro do Conselho de Segurança há uns 10 anos atrás e, normalmente, é prática de muitos países que 10 anos após retornem ao Conselho de Segurança e nós, de facto, fizemos esta campanha que hoje tem o apoio da maior parte dos países africanos, portanto da União Africana, da SADC e outros países.

Angola é um país muito activo nos problemas internacionais e acho que nos próximos anos vamos aumentar a nossa participação.

Estamos agora a trabalhar com outros parceiros no âmbito africano para ter uma força de intervenção rápida em momentos de crise para que depois a estrutura da União Africana possa vir, mas nós somos parte destes primeiros 10 países africanos que estão a consertar, ao nível dos Chefes de Estado Maior General, para que, em certos casos, consigamos ultrapassar eventos como golpes de estado, mudanças de poder de forma anti-constitucional, como tem ocorrido em alguns casos em África.

Portanto, tudo isso contribui para o reforço da imagem de Angola e, naturalmente, também para concorrermos a um lugar não – permanente do Conselho de Segurança da ONU.

Ainda em relação a este candidatura ao Conselho de Segurança, onde já temos o apoio da nossa região (SADC), da União Africana (UA), também já estamos a trabalhar com vários países fora dos nossos limites, muitos deles membros permanentes do Conselho de Segurança e acho que continuaremos com esta campanha durante o ano de 2014 para a sua consolidação.

Angop: Qual a estratégia para uma maior integração de quadros angolanos nas organizações internacionais ?

Georges Chikoti: Neste momento nós temos mais ou menos cerca de 40 funcionários em cadeiras internacionais, temos uns que estão a concluir, como a doutora Josefa Sako, que esteve durante alguns anos na Organização Internacional do Café, temos o engenheiro Caholo, que concluiu na SADC e temos ainda em outras organizações como a FAO, Organização Marítima Internacional, Organização da Aviação Internacional, mas acho que isto não chega.

Temos agora que nos mobilizar um pouco mais, isto é, primeiro temos de acompanhar bem os concursos que estão a decorrer, porque alguns postos são políticos e outros são postos de concurso, onde os candidatos angolanos podem concorrer em função das suas aptidões ou capacidade, bem como o domínio de mais de uma ou duas línguas e ter um currículo suficientemente bom.

Nós temos encorajado os angolanos a concorrerem para estes cargos, portanto temos alguns que hoje já podemos promover um pouco mais. Estamos também a tentar negociar com as Nações Unidas e a nossa embaixada em Nova Iorque para que se consiga, de facto, ter um pouco mais de quadros no sistema das Nações Unidas, porque há uns dois anos atrás alguns concorreram e nenhum foi retido e quando observamos achamos que, eventualmente, terá faltado algo mais, quer dizer precisamos de fazer um lobby político, eventualmente, em alguns casos, mas acho que esta é uma actividade que vamos ter de assumir um pouco mais.

Primeiro termos quadros interessados em concorrer para estes postos e depois olharmos para os currículos que eles têm e, em função disso, começarmos a ver as vagas , mas já temos um número relativamente bom na União Africana, temos alguns na SADC, mas podemos fazer mais.

Angop: No quadro da SADC, quando Angola pensa que estarão criadas as condições para sua adesão à Zona de Livre Comércio ?

Georges Chikoti: Angola pediu uma moratória que pode estar a chegar ao fim, mas é preciso ver que em África, de um modo geral, nós estamos todos a níveis muito desiguais e justifica-se, portanto, a moratória que Angola solicitou para primeiro poder se organizar internamente e é preciso ver que nós conseguimos alcançar algumas questões importantes.

Em primeiro lugar, construir as nossas infra-estruturas, portanto termos mais estradas, mais caminhos-de-ferro e também temos de criar algum potencial, porque se não nós vamos ser apenas mercado para os outros e não iremos poder vender nada.

Então, nós temos de criar as nossas infra-estruturas, estruturas industriais e agro-industriais para podermos produzir, pelo menos coisas como básicas que poderemos consumir internamente ou eventualmente comercializar na região. O problema é que não temos produtos para comercializar.

Portanto, muitos países abriram as suas fronteiras mas não têm nada para vender, o que nós estamos a dizer é que queremos uma moratória para fazermos uma organização interna, não devemos nos esquecer que Angola viveu um período de 40 e tal anos de guerra e durante este período tivemos atrasos em muitas áreas chaves para, de facto, podermos implementar ou termos um comércio livre, mas o que Angola quer é, através das moratórias, criar condições internas para, de facto, entrarmos a um nível aceitável, não necessariamente igual a outros mercados, mas a um nível aceitável.

Portanto, Angola tem potencialidades internas naturais que pôde por em valor, dai que pensa em fazer as coisas gradualmente. Eu compreendo que para muitos devemos acelerar, entrarmos imediatamente, mas nós não podemos só ir para que os produtos dos outros possam entrar, devemos é fazer com que nós possamos também vender alguma coisa.

Estamos quase no fim desta moratória, mas eu acho que estamos melhor do que estávamos, mas precisamos ainda de desenvolver o nosso sector industrial, devemos organizar um pouco mais a nossa agro-indústria. Angola, neste momento, produz já muitos alimentos, mas nós temos de entrar para uma fase de transformação ou semi-transformação para podermos concorrer de maneira aceitável na região, portanto este é o objectivo.

Angop: Angola tem acentuado, na sua política externa, o seu empenho na resolução de questões continentais e regionais. Em seu entender, como o país poderá, em conjunto com outros países da região dos Grandes Lagos, trabalhar para que a mesma zona se torne mais estável ?

Georges Chikoti: Relativamente ao leste da República Democrática do Congo, Angola já fez muito, é preciso ver que Angola, numa primeira fase, usou as suas tropas para consolidar a estabilidade, naquela fase da saída de Mobutu Sese Seko e a vinda do Presidente Laurent-Désiré Kabila e o Congo estabilizou-se.

Depois iniciou-se um período novo, que são os conflitos incitados pelos países do leste da RD Congo, que eram anteriormente parceiros do governo deste país. Este período dura, praticamente, desde o fim dos anos 90 até agora.

Bom, o que se enquadra nesta região, são eventualmente pessoas que vêm dos países vizinhos (Uganda /Ruanda) e que pretendem ou as riquezas da região do leste da RDC ou parte daquele território, então Angola na sua política com a SADC sempre considerou que é necessário dar apoio a este país em suas frentes neste âmbito.

Em segundo lugar, nós somos parte da Conferência Internacional sobre Grandes Lagos, que acompanha a natureza ou o evoluir deste conflito. A ideia da CIRGL era justamente a de trazer a paz na RDC, trazer o desenvolvimento de maneira que todos os países estejam ligados a este processo e houve mesmo a ideia de que eles poderiam criar empresas em que pudessem todos participar, produzindo riqueza para todos os países.

Portanto, a este nível nós temos participado em todas as conferências e todos os mecanismos que existem.

Como foram notando, além do movimento de Laurent Nkunda, que durou algum tempo, depois surgiu o movimento do M23, todos eles de facto têm alguma paternidade nos países vizinhos no Ruanda ou no Uganda.

0,9cfef133-b975-4292-9df1-6c0675c0aa56--r--NjQweDM0NQ==[1]Mas, no âmbito desta Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos conseguiu-se criar um mecanismo de negociação que é presidido pelo Presidente Musseveni para ver se fosse encontrado, depois das negociações, um acordo que pudesse permitir a estabilização desta região, que tem merecido também um acompanhamento de Angola.

Para além disso, Angola e África do Sul, estando interessados na estabilidade da RDC e constatando que este país tem estado instável desde 1960, então estabeleceram um acordo Tripartido (Angola, África do Sul e RDC) para ajudá-lo no seu desenvolvimento económico, mas também para a criação de estruturas sólidas internas que vão garantir a estabilidade da RDC.

Este tem sido o nosso acompanhamento deste processo, que felizmente concluiu agora com a aceitação, pelos rebeldes e depois de sofrerem algumas baixas, que anunciaram que iriam ceder.

O acordo prevê que os rebeldes devem anunciar, primeiro, que abandonam definitivamente os ataques contra a RDC e também abandonar a rebelião e aceitam a integração.

Tendo feito esta declaração, o processo prevê que vai depois haver um processo de desarmamento, desmobilização, reintegração e reinserção na sociedade congolesa para aqueles que são congoleses.

Em contrapartida, o Governo da RDC vai declarar uma aceitação da declaração dos rebeldes e será assinar o acordo. Há já alguns dias eles deveriam ter assinado o acordo, mas penso que ficou adiado por alguns dias, mas na verdade a Cimeira que nós tivemos recentemente na África do Sul, no fundo, adoptou todas as decisões que foram aceites entre os rebeldes e o governo da RDC como sendo as bases principais para se por fim ao conflito e iniciar uma nova fase neste país.

É nesta fase em que nós estamos e foi a este nível que nós terminamos as negociações que tiveram lugar na África do Sul na passada semana. Queremos esperar que agora a paz deve se consolidar na RDC e, neste âmbito, como nos dizíamos o acordo tripartido que assinamos a três prevê ajudarmos o Congo a consolidar as suas instituições, mas também o relançamento da economia, a consolidação do Caminho-de-ferro de Benguela como elemento que vai ajudar no desenvolvimento, a reabilitação da barragem do Inga para que possa produzir mais electricidade para a região.

Estes são alguns dos objectivos que estão previstos, desenvolver o sector industrial do Congo, particularmente da região do Catanga, e, consequentemente, pormos a desenvolver a área industrial ao longo deste Caminho-de-Ferro, em que alguns chamam de corredor do Lobito ou Caminho-de-Ferro de Benguela.

Angop: Quais serão as principais linhas da presidência angolana da CIRGL?

Georges Chikoti: A organização tem uma presidência que de dois em dois anos passa para um Chefe de Estado, claro que durante muito tempo se manteve naquela região. A agenda principal nos próximos tempos justamente será a de consolidar a paz na RDC, implementar a agenda do desenvolvimento, sobretudo dos projectos não são só os projectos pequenos de integração económica, mas sobretudo olhar para aquilo que pode ser alvo da consolidação da paz, como projectos industriais conjuntos ao longo do lago Kivo, dentro da região do Kivo, para que possam ter um impacto relevante.

Ainda estamos longe actualmente para podermos fazer grandes projectos, mas a questão da consolidação da paz verdadeira e a cooperação entre estes estados faz parte das prioridades e, como notaram, Angola neste particular tem enviado missões especiais para conversar com o Uganda e o Ruanda para ver, primeiro, o seu envolvimento relativamente à paz, mas também consolidar a ideia de que eles não estão isolados.

Se o Congo estiver em paz todos nós estaremos em paz e que cada um destes países tem algo a dar, portanto é necessário olharmos mais para a paz para poder haver mais desenvolvimento, portanto o Congo é um país que tem muitas potencialidades económicas, mas que não se está a desenvolver nos últimos 40 anos.

Se o Congo tiver paz é mais positivo para todos os vizinhos deste país, dai que vamos dar prioridade ao processo de implementação do acordo que ainda não está assinado e que dentro em breve deverá ser assinado, ver que há paz e depois observar os grandes projectos que o Congo tem, alguns dos quais estão definidos na agenda Tripartida que nós vimos com a RDC , mas também vamos ter de olhar para aquilo que pode ser feito com os vizinhos do leste da RDC, nomeadamente o Uganda e Ruanda, para haver de facto a paz neste região.

Angop: Que ideias tem o país sobre qual deve ser o papel da CPLP ?

Georges Chikoti: Primeiro é preciso ver que a CPLP foi criada como uma comunidade de países que falam a mesma língua e os objectivos da organização não são profundamente políticos, como são por exemplo uma SADC ou as outras regiões ou sub-regiões a que nós pertencemos, então ai tem havido um debate um pouco não muito profundo, porque por exemplo alguns parlamentos achavam que deveria ser órgãos efectivo da CPLP para controlar os governos, as actividades que ocorrem, mas como esta não tem esta função, seria um pouco difícil ter os parlamentos a funcionar tal como se pensa.

Outros ainda gostariam que nos tivéssemos uma comunidade da CPLP onde as pessoas tivessem uma circulação livre e aberta, mas enquanto não houver um maior entrosamento e não redefinirmos os estatutos da CPLP, ao nível político, ao nível de Cimeiras será muito difícil fazer muito mais do que a organização está a fazer.

Eu acho que a CPLP não pode fazer mais se não fizer isso e também acho que não está em condições de fazer muito mais do que já fez até agora.

Por exemplo podem ver que tem sido difícil termos uma posição firme igual ou comunitária sobre casos importantes, como por exemplo o caso da Guiné Bissau, em que uns acharam que deveria ser assim outros que este país deveria voltar, mesmo estando nesta situação em que ela se encontra.

É claro que para nós que somos membros da União Africana e da SADC se houver golpe de estado num país este terá de ser suspenso e não podemos reconhecer um governo que estiver a representar este golpe de estado. Acho que a CPLP ainda não atingiu, eventualmente, uma estádio politico muito forte e pode-se compreender porque.

Primeiro temos países que são do continente africano, que foram na sua maioria, se não todos, colonizados por Portugal, depois temos Portugal, que é a potencia colonial, temos o Brasil que é um país americano com um nível de desenvolvimento completamente diferente, então não há, necessariamente, um entrosamento político, não há um encontro de muitas questões em termos políticos, em termos das estratégias nacionais, logo é muito difícil de fazer convergir a CPLP para muito mais.

Na sua criação eu acho que os nossos presidentes foram sábios porque disseram bom somos países que usam a mesma língua e vamos começar com este critério e depois vamos ver o que se pode fazer.

É verdade que tem havido algumas iniciativas de vários sectores, de vários ministros que se encontram que tratam de várias matérias, mas não podemos evoluir para uma integração ou para muito mais do que isso, apesar de haver trocas de experiências e de conhecimento sobre varias questões que ocorrem e não muito mais do que isso, por enquanto.

Angop: A comunidade poderá ainda ser mais interventiva na questão da Guiné Bissau ?

Georges Chikoti: Angola é um dos países que mais ajudou, porque é preciso ver que Angola, relativamente à Guiné Bissau implementou as decisões tomadas pelos Chefes de Estado, na Cimeira de 2010, que era portanto a de ajudar este país em coordenação com o a CEDEAO.

Eu fui quatro vezes à Nigéria para podermos ver se poderíamos então encontrar uma forma de ajudar a Guiné Bissau. Elaboramos um programa que deveríamos implementar e temos então alguns aspectos resolvidos.

A conclusão daquela Cimeira era que de facto era necessário resolvermos os problemas militares, dai a necessidade de uma pequena unidade militar na Guiné Bissau, com a participação dos demais e depois podermos fazer com que se formasse o exército nacional guineense, não nos termos em que está agora, que é um exército que pertence a alguns generais e talvez com alguma predominância étnico tribal e que alguns não participam nele. Então há esta confusão entre gerações muito antigas, alguns militares do exército da Guiné Bissau têm 85 anos e já deveriam estar na reforma.

Portanto, nunca se fez um processo de reforma profundo que pudesse permitir alguma estabilidade do exército e, naturalmente, para fazer com que não houvessem os golpes ou tentativas de golpes de estado, que até hoje já mataram muita gente.

Em 2010 os Chefes de Estado constataram que tinha havido, muitas mortes, de Chefe de Estado Maior, de Presidente e muitas pessoas e então a ideia era a de contribuir, gradualmente, para paz na Guiné Bissau.

A ideia era Angola contribuir com esta unidade, eventualmente trabalharmos com outros países da região a que a Guiné Bissau pertence, e isso não foi seguido, dai que as recentes eleições criaram novos equívocos e a dificuldade a que se vive hoje.

Angola neste momento, através da CPLP e com outros parceiros, continua a acompanhar o processo neste país, nós pensamos que é necessário na Guiné Bissau resolver – se a questão militar para que os governos que forem eleitos possam ter estabilidade para governar, porque se não houver uma força republicana que garanta a estabilidade e a paz, ainda que hajam eleições, se estiverem os mesmos militares que já estão implicados em muitas questões haverá uma regressão, porque eles irão impor determinadas questões aos governos.

Os militares da CEDEAO que se encontram lá não estão em número suficiente para poderem impor regras. É então necessário que se resolva o problema militar, em que todos os guineense participam porque não me parece normal que até se condicione quem pode participar de actos eleitorais, logo alguém está a impor uma condição e agenda e não parece ser muito bom para que se possa ter bons resultados de estabilidade na Guiné Bissau, um país rico e com muito potencial possa.

É um problema que os políticos e militares têm de resolver, porque a questão da reforma do exército é essencial.

Angop: Para quando a ratificação por Angola do Acordo Ortográfico ?

Georges Chikoti: Eu acho que os técnicos de Angola e Moçambique têm trabalhado muito e eles fizeram um trabalho muito profundo. Estes países necessitavam exprimir-se de modo muito claro. Nós usamos a língua portuguesa, temos a mesma forma de escrever, temos também alguns aspectos que entraram na língua portuguesa.

Estes quadros têm estado a falar e já alcançaram um bom nível para que hoje se consiga eventualmente evoluir para uma ratificação deste acordo.

Acho que os estados têm toda a independência e soberania de olharem para as coisas em função das suas realidades e Moçambique e Angola são países importantes dentro da CPLP que tinham achado alguns elementos a serem amadurecidos.

Os encontros têm sido mais positivos e nós temos já a certeza de que vamos concluir com este processo.

Angop: Que apoio pode prestar Angola a Moçambique para que este país possa encontrar a paz definitiva ?

Georges Chikoti: Relativamente a Moçambique fui solicitado para transmitir, primeiro, a nossa solidariedade aos moçambicanos relativamente a este caso e o senhor Presidente Armando Guebuza informou-me que estariam a fazer tudo de modo muito paciente para que se chegue a uma boa resolução deste conflito.

Naquela altura ainda não tinham havido alguns dos conflitos que surgiram recentemente, mas podem crer que Angola está solidária com o governo de Moçambique, que ainda não solicitou nenhum apoio directo em termos tanto de meios, uma vez que esta é também uma questão que tem sido tratada agora ao nível da SADC.

Recentemente a questão foi novamente abordada e nós ouvimos o senhor primeiro-ministro de Moçambique que informou os Chefes de Estado sobre esta crise e os Presidentes exprimiram solidariedade para com Moçambique.

Na altura, Moçambique achava que ainda estava em condições de poder resolver este problema internamente, uma vez que o Presidente Armando Guebuza lançou um apelo para ao senhor Afonso Dhlakama para que ele saísse da mata e aceitasse a conclusão pacifica deste processo, que foi rejeitado por enquanto, mas nós cremos crer que a posição feita pelo presidente moçambicano é a mais acertada.

O exército moçambicano tem estado a tentar acompanhar estas actividades da guerrilha, recuperando todo o material que andou perdido pelas matas, mas podem crer que Angola, como a região, apoia o Governo de Moçambique.

Pensamos que já não se justifica, mais de 20 anos depois de se ter dado o acordo de paz e pelas vários processos eleitorais que já se realizaram em Moçambique, que alguém decida hoje voltar para a guerra porque não se sente satisfeito. Acho que isto não é aceitável de modo algum.

Nós estamos a acompanhar, numa base regular, tenho conversado também com o meu colega, o ministro de Moçambique, para que tudo que for solicitado nós possamos eventualmente contribuir, mas de momento a parte moçambicana acha que estão a acompanhar a situação com os meios que tem e com o apelo feito.

Angop: Que áreas é que poderão ser ainda mais exploradas na cooperação com a China ?

Georges Chikoti: Com a China nós temos uma boa relação de cooperação, este é um país grande, industrial que conseguiu trabalhar connosco em muitos aspectos. Portanto, nós compramos serviços da China, ela ajudou-nos a construir os caminhos-de-ferro de Benguela, Luanda e de Moçamedes, muitas estradas e edifícios e acho que esta cooperação é uma cooperação extremamente importante.

Será importante agora encorajar a China também a investir em Angola, portanto até aqui ela vendeu serviços, nós pagamos.

Este país tem muitos recursos, ela pode investir em Angola, pode financiar projectos, realizar negócios e penso que é uma área que pode ser estudada. Os dois países podem ainda construir outro tipo de actividades em muitos ramos que nós estamos a reflectir, que eventualmente poderão ser públicas nos próximos tempos.

Eu estive na China recentemente e há outras visitas que estão previstas ao alto nível, eventualmente no início do próximo ano, mas a China é um parceiro extremamente importante com o qual Angola pode fazer muita coisa para além do que já fizemos nestes anos.

Agora vamos afina-la, vamos construir instituições conjuntas, vamos fazer uma parceria eventualmente melhor estruturada para nós podermos alcançar mais desenvolvimentos. Vamos certamente ver outras parcerias, outras entidades com as quais nós poderemos nos relacionar na China para mantermos o nosso crescimento ao nível aceitável.

Angop: Quanto às relações com Portugal existem sinais para que os problemas possam ser ultrapassados ?

Georges Chikoti: Acho que Angola e Portugal possuem relações diplomáticas normais que se mantém, para além do que já se tornou público, há coisas que não são muito boas, por exemplo a embaixada angolana foi apedrejada na semana passada, mas o Governo português também já repudiou este facto.

Acho que Angola e Portugal devem gerir uma relação boa e de cortesia, agora há alguns aspectos que já não se realizarão que são, por exemplo, a questão da parceria estratégica, que estava prevista e não será feita.

Mas o volume de negócios entre Angola e Portugal é importante e tem de ser tido em conta. Há muitas empresas portuguesas aqui, há algumas empresas angolanas também têm estado em Portugal, mas acho que a nossa relação é esta e não muito mais do que isso.

Angop: Tem mantido contactos directos com o seu homólogo português ?

Georges Chikoti: Estou a fazer uma nota para o meu homólogo português, há já algum tempo que não falamos mas continuamos a ser bem representados pelas nossas embaixadas.

Angop: Como reage Angola ao pedido da França de um virar de página no relacionamento entre os dois países ?

Georges Chikoti: É importante este capítulo com a França e outros países também, mas com a França eu acho que tivemos um passado menos bom e hoje, com a vinda do ministro Laurent Fabius aqui à Angola, a França demonstrou uma maior aproximação, até convidaram o Presidente da República, José Eduardo dos Santos, a visitar a França, logo que possível, e, eventualmente, eu irei para este país nos próximos tempos.

Acho que é um país importante, não devemos nos esquecer que eventualmente é a quarta ou quinta potência mundial, logo um país importante, bem como é o terceiro país mais investidor em Angola, dai que considero que precisamos agora de arrumarmos esta relação.

Quando um país importante como a França reconhece que temos de esquecer o passado e construirmos uma maior relação é porque notou que, de facto, há muitas coisas por fazer.

Todos sabemos que o passado foi um pouco difícil e, se calhar, hostil e devemos dizer que pela nossa própria história Angola, durante o seu processo de crescimento, o país teve a maior hostilidade geralmente vinda dos países ocidentais, entre eles também a própria França.

Hoje a França diz isso, nós aceitamos e recebemos isso com agrado e vamos fazer com que esta relação possa crescer e evoluir muito bem.

Nos próximos tempos faremos alguns estudos sobre a supressão de vistos nos passaportes diplomáticos, depois trabalharemos em outra matéria que vai eventualmente olhar para a facilitação de vistos para empresários franceses que têm empreendimentos em Angola e nós vamos tentar trabalhar nesta base também para facilitar empresários angolanos que queiram ou tenham actividades em França.

O ministro convidou investidores angolanos que tenham interesses ou queiram investir na França para o fazerem de livre vontade.

O que eu quero dizer é que a política levada a cabo pelo Presidente da República tem sido uma política que é observada e vista pela maior parte dos países do mundo como uma politica boa, importante e que atrai o investimento, que atrai empresários e, naturalmente, nesta base outras países quem abrir-se para Angola.

Então por isso é que nós temos de olhar para todas estas oportunidades e não olhar apenas para um só país ou ponto, mas há muitas oportunidades que se podem abrir, que existem, estão lá, que olham para Angola como um país de oportunidades e nós também temos de poder explorar estas oportunidades sejam em Espanha, Alemanha, Inglaterra , Itália , em fim países com os quais temos uma relação já de longa data que eventualmente os angolanos não exploraram.

Acho que temos de olhar para todas as oportunidades que o mundo nos abre e ver que existe um mundo grande lá fora com o qual Angola pode de facto realizar bons negócios e onde não há brigas.

Isto é que tem de estar nas nossas mentes e fazermos disso o nosso potencial, o nosso crescimento a nossa realização, usando das potencialidades lá fora para podermos desenvolver o nosso país, levarmos riqueza ao interior onde as pessoas precisam de nós.

Angop: Como Angola tem identificado e aproveitado possíveis vantagens de uma cooperação sul-sul ?

Georges Chikoti: A relação sul-sul agora está a crescer, cada vez mais e é preciso ver que o norte já não representa o único centro do saber e o único centro financeiro em tudo.

Hoje há muitas coisas que podemos fazer com o Vietname, Tailândia, Singapura, Índia, China, Brasil, África do Sul, o que não se verificava antes, uma vez que o esquema anterior era de que tudo tinha de vir do norte.

O facto de hoje reconhecermos que o crescimento da zona sul pode, de facto, permitir realizar empreitadas, negócios ou outra coisa que se queira alcançar é extremamente importante.

Durante muito tempo muitos países subestimaram a possibilidade de um país africano ajudar outro, mas hoje já não é tão verdade assim, porque além do comércio que já se faz muito ao nível sul-sul existem também grandes projectos industriais.

Projectos científicos ou tecnológicos de facto podem ser feitos entre Angola e o Brasil e não precisam de ir, eventualmente.

Estando neste espaço podemos ter coisas que nos são relativamente mais baratas com a mesma qualidade e o que nos queremos de facto é tudo isso.

O que eu estou a dizer é que a cooperação sul – sul cria também muitas oportunidades, para além daquilo que eventualmente podemos fazer com o norte, como sendo coisas de alta tecnologia.

Caso eu queira um televisor da marca Sharp terei de ir para Alemanha, mas se quiser um carro Tata ou um outro que me custe mais baixo, entre quatro a cinco mil dólares ou um computador de 200 a 300 dólares, desde que me satisfaça então terei de ir para a Índia.

Hoje temos motorizadas de três rodas que se vendem aqui há cerca de 200 mil Kwanzas, que não conseguiríamos encontrar em nenhum país europeu, porém esta permite ao camponês ir buscar o seu produto na lavra e vende-lo no mercado, dai que temos de olhar para todas estas oportunidades que se nos oferecem para de facto nós podermos lançar o desenvolvimento do país.

Os nossos desafios em termos de desenvolvimentos estão assim distribuídos, quer dizer que há coisas que nós podemos com menos recursos, recorrendo a países do sul que eventualmente nos oferecem ou que produzem estes meios.

Angop: O que fazer para que a Comissão do Golfo da Guiné seja mais actuante ?

Georges Chikoti: Este é um dos aspectos que nós acabamos de definir agora na Comissão do Golfo da Guiné, porque tivemos agora uma presidência que acabou o mandato.

Tivemos também um encontro, na semana passada, com o ministro da Guiné Equatorial, que actualmente lidera a organização, para primeiro reavaliarmos os nossos objectivos, tal como estão nos estatutos, e a nova equipa, cujo trabalho inicia no principio do próximo ano, deverá ser enriquecida com novos técnicos que serão especialistas em muitas questões.

Precisamos de trabalhar seriamente na questão da segurança marítima, trabalhar seriamente sobre as questões de pirataria marítima, bem como trabalhar muito sobre as questões de fronteiras marítimas nesta região do Golfo da Guiné.

Para isso, precisamos de peritos e de sermos igualmente donos da organização.

Uma questão importante é que a Comissão do Golfo da Guiné possui uma dimensão que é a de não pertencer a nenhuma comunidade regional, seja a CEDEAO ou os estados da África Central, onde por vezes existe alguma interferência, apesar de que algumas instituições que estão filiadas nas outras regiões podem também úteis, em termos do saber.

A ideia que se tem é de que, ao nível da Comissão do Golfo da Guiné, podemos prestar um trabalho muito melhor aos países membros naquilo que diz respeito aos conflitos de fronteira.

Nós precisamos da Comissão do Golfo da Guiné para fazer com que sejam resolvidos os problemas quando forem de fronteira ou quando forem problemas de pirataria e que não haja , no meu entender, alguma ingerência externa.

É preciso ver que países como a Guiné Equatorial e São Tomé e Príncipe precisam muito da Comissão do Golfo da Guiné como um instrumento para a solução dos seus problemas, particularmente naquilo que eventualmente lhes opõe a outros países no continente, que eventualmente têm apoio de outros potenciais.

Angop: Qual a visão de Angola em relação a questões como: energia nuclear, espionagem, comércio mundial?

Georges Chikoti: Sobre o nuclear Angola vai ter de evoluir neste sector em termos pacifico, a tecnologia nuclear hoje é importante na área da medicina. É uma ciência que vamos ter de conhecer e dominar.

Já não nos interessa energia nuclear para dizermos que somos potencias nucleares, este tipo de instrumentos não contribui necessariamente para paz e nos dão mais dificuldades do que facilidades, mas precisamos de conhecer e dominar esta tecnologia, dai que trabalhamos ao nível de Viena de Áustria, onde temos uma embaixadora, para que de facto o Ministério da Ciência e Tecnologia, na área de saúde, possamos de facto dominar esta tecnologia naquilo que ela nos possa ser útil.

Portanto, nós não temos nenhum interesse em sermos uma potência nuclear militar para preocupar os outros.

Relativamente a espionagem, acho que o mundo está a viver um período que é relativamente complexo, após as fases como a da Al-Qaeda e do terrorismo internacional, que usou várias vezes redes de inteligência e outra para conseguir concretizar alguns dos seu objectivos, mas na área da inteligência ou da espionagem também hoje está ultrapassada.

Os países sempre se espiaram em várias coisas, claro que as grandes nações sempre se espiaram também em termos tecnológicos para que aquele não seja ou que eu seja o primeiro, ou para saber que o outro está a fazer.

Mas estas questões se tornaram um pouco mais públicas por causa de algumas denuncias que foram feitas pelo americano Eduardo Snowden, mas também temos de tomar consciência de que estas questões ocorrem, do nível mais pequeno ao nível mais alto, e acho que eventualmente mais chateou alguns países é de eles serem parceiros e o parceiro ser o grande espia que quer controlar até as conversas, telefonemas dos dirigentes, nestes países.

Mas é preciso dizer que mesmo quando eles o negam eles o fazem. Agora acho que isto também me parece, de algum modo, sinal de alguma frustração, é que se tudo tem de ser espiado ao nível em que nós vimos é porque aquele que o faz tem preocupações.

É preciso ver que os países têm de ter crescimento económico, cientifico e estavam habituados a isto, mas depois vão notar que durante um período eles estão em recessão e os outros estão a subir ou, eventualmente, querem entrar num controlo de tudo, saber politicamente o que é que alguém é, se é mesmo nosso amigo ou não.

Quando se chega a este nível é porque eventualmente algumas nações estão a passar algum período de crise e o período de crise faz com que busquemos em todo o lado o que nos poderá servir, quem nos poderá servir ou a quem nós temos de travar, qual o crescimento do fulano, o que ele será.

Projecções para o ano 2025 /2030 prevêem que existirão novas nações que serão potencias medias ou mundiais. Alguns casos já não estão forçosamente na Europa, na América.

O que será o Brasil dentro de 20 ou 30 anos ?, o que será a Turquia e outras ? e, se estas não estiveram sob controlo de outras que têm mais força, que mundo é que vamos viver ?, portanto alguns preocupam-se com isso, porque percebem que eles normalmente têm de estar por cima e os outros abaixo.

De modo geral, grande parte dos países fazem espia, se calhar das mais finas. Ninguém sabe se a China, que hoje é a segunda maior nação comercial do Mundo, o que será dentro de 20 30 anos e quem é que está preocupado, e há quem esteja preocupado em ver quais são os pequenos que estão a crescer e outros ainda querem ver como travar este crescimento.

Estamos a entrar numa fase em que o mundo é multipolar. Temos varias potencias já não é só com um bafo que alguém pode mandar calar um pequeno, depois há aqueles que estão alinhados na ordem de um e outros na ordem do outro.

Foi eventualmente muito revelador este período que atravessamos relativamente a Síria, em que as duas grandes potencias tiveram posições diferentes e prevaleceu a daquela que dizia que não pode haver guerra e não prevaleceu a que defendia a imposição da guerra.

É só para ver que este é o mundo em que nós estamos e a espionagem faz parte dos elementos complementares, nalguns casos decisivos, que os países precisam para tomar decisões contra uns ou contra outros.

É uma fase delicada, mas eu acho que todos os países que crescem têm de compreender isso ou também desenvolver-se um pouco e saber, minimamente, como se defender contra este tipo de espionagem generalizada ou como obter informações que eles precisam para o seu crescimento.

Dizer que no fundo queremos um mundo pacifico, mas eventualmente somos todos adversários, porque aquilo que eu quero pode ser diferente daquilo que o outro queira, mas se calhar todos queremos estar à frente e tudo isso nos opõe, mas para além de tudo isto ainda acredito que todos queremos um mundo cada vez mais pacifico, democrático onde todos podemos conviver. Por este facto é que foi fácil, para alguns, usarem certas armas a algum tempo, mas hoje não é tão fácil assim.

Está provado que algumas guerras que foram travadas recentemente, particularmente no Médio Oriente, não trouxeram os objectivos que preconizaram, quer dizer que nem sempre se poderá resolver tudo pela guerra.

Nem sempre aquele que acha que é mais forte tem sempre aquilo que quer e, eventualmente, este é o período que estamos a viver.

Será que eu vou algum dia deixar de ser o que já fui, mas eventualmente os instrumentos deste tempo podem já não ser só a força, se calhar durante os últimos 40 ou 70 anos o uso da força foi importante, mas agora quem tem força tem de ter uma boa economia e outros aspectos como aceitação.

Normalmente as nações fortes têm tendência de resistir e ser ultrapassadas. O mundo que estamos a viver hoje pode ser totalmente diferente, na sua ordem, em 2025 ou 2030, dai esta luta das inteligências. Com quem poderei contar ou não, que instrumentos possuo e como fazer.

Angola é uma nação pacifica, quer consolidar a sua paz, o seu desenvolvimento, ter relações de amizade com todos os países do mundo que é um dos seus objectivos.

Angop: Que considerações finais poderá fazer ?

Georges Chikoti: Nós temos de ter confiança no futuro, nos dirigentes que nós temos, no Presidente da República.

Eu acho que não é tão fácil dirigir Angola quando nós olhamos para as etapas históricas que Angola atravessou, desde uma guerra que opôs muita gente, uma guerra em que morreram muitas pessoas e o Presidente da República ter dado prioridade, primeiro a consolidação da paz para todos, o que tem sido feito, e depois outras questão importante como é o envolvimento de toda a gente na preservação da paz, bem como lançar o desenvolvimento sócio económico.

Pode ter parecido difícil, há cinco oito anos atrás, mas quando olhamos para o número de infra-estruturas que se realizaram, quando olhamos para o envolvimento das comunidades rurais que estavam em pontos mais longínquos, observamos que de facto conseguimos muito.

Temos uma percentagem ainda relativamente importante de pobreza que eu vejo a volta dos 35 a 38 porcento, mas se nos mantivermos nos ritmos em que estamos, consolidarmos a paz e estarmos unidos e focalizados para este desenvolvimento, certamente que nós poderemos até o ano 2025 termos uma boa parte da pobreza extrema suprimida e estarmos ao nível de uma economia media e esta a luta que nós estamos a fazer internacionalmente, que consiste em sairmos dos países menos avançados para os países de desenvolvimento médio.

Eu acho que estamos a fazer estes objectivos com alguma velocidade, se olharmos para os nossos índices de escolaridade, na área de saúde e muito mais.

Dai a mensagem de esperança, confiança na liderança que nos temos. Temos um Presidente dedicado e entregue ao seu povo e eu acho que ele precisa de todo o apoio para que o país possa estar firme internamente e internacionalmente.

Eu acho que Angola está bem entregue, é preciso crer porque se olharmos à nossa volta vamos dar conta de que existem muitos exemplos menos bons em outras partes.

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