Núncio Apostólico entrega cartas

Fotografia: Rogério Tuti

Fotografia: Rogério Tuti

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, acreditou ontem os novos embaixadores da Santa Sé, Gabão, Mali, Moçambique e Egipto, todos residentes em Angola.

O primeiro a ser recebido foi o núncio apostólico, D. Petar Rajic. Em declarações à imprensa, após a cerimónia, o representante da Santa Sé valorizou o trabalho das autoridades angolanas na promoção da paz, do bem-estar das populações e da reconciliação nacional. De nacionalidade canadiana, D. Petar Rajic destacou o número de fiéis católicos em Angola (mais de metade da população), o que considerou ser motivo de regozijo mas também de grande responsabilidade enquanto pastor.
“A Igreja tem um papel muito importante neste país”, disse o clérigo, sublinhando que vai trabalhar com os membros da sociedade angolana, fundamentalmente nos sectores da educação e saúde. “A Igreja deve ajudar nessas tarefas com muita seriedade, dando a sua assistência na criação de escolas, hospitais e institutos”, defendeu Dom Petar Rajic.
Apesar de ser um Estado laico, Angola tem uma população maioritariamente cristã. As relações entre Angola e a Santa Sé foram impulsionadas com a visita do Presidente da República à sede da Igreja Católica, em Maio do ano passado, onde manteve um encontro com o Papa Francisco. O encontro serviu para falar sobre o estado das relações bilaterais e de projectos de interesse comum, como a construção da Basílica da Muxima, o maior centro mariano da África a sul do Saara. O Chefe de Estado angolano ofereceu ao Sumo Pontífice uma réplica da Basílica da Muxima, que é parte do projecto que inclui uma vila com escola, esquadra de Polícia, centro de Saúde, restaurantes, hotéis, zona comercial formal e informal, centro comunitário, parque de campismo, espaços verdes, infra-estruturas e ainda uma área agrícola para os habitantes.

Moçambique aponta parcerias

Moçambique pretende que a cooperação económica com Angola tenha o mesmo nível de afirmação que as afinidades históricas de amizade e solidariedade. Segundo o novo embaixador de Moçambique, Santos Álvaro, a história comum, além da língua, proporcionam o ambiente necessário a uma cooperação económica mais forte e dinâmica em benefício das populações de ambos os países. “Angola e Moçambique lutaram juntos pela independência, lutaram juntos pela manutenção da soberania e da integridade territorial, agora lutam de mãos dadas contra a pobreza e pelo desenvolvimento, progresso e bem-estar dos dois povos, que por sinal são a riqueza mais importante que temos”, referiu o diplomata.
Santos Álvaro disse que tem bases para relançar a cooperação, seguindo, como disse, o desejo e vontade dos Governos dos dois países. “Existe vontade e determinação de ambos os governos no sentido de criar condições para que as excelentes relações de amizade, cooperação e solidariedade existentes possam ser elevadas a um nível de criação de parcerias de tal sorte que os dois povos possam tirar vantagens.”
Angola e Moçambique mantêm relações históricas que se estreitaram no início de 1978, quando os então presidentes, Samora Machel «e Agostinho Neto encontraram-se e assinaram o Acordo Geral de Cooperação. Os dois países cooperam predominantemente nas áreas do ensino, cultura, comércio, educação e antigos combatentes.

Cairo quer virar a página

O novo embaixador do Egipto assumiu que está determinado a trabalhar para o começo de um novo capítulo da história das relações entre Cairo e Luanda. Ahmed Ahmed Sabry Abdelfattah disse haver “enorme margem de progressão” para a cooperação entre os dois países, e basta, como referiu, rever os projectos de acordo, em especial o da criação de uma Comissão Mista Bilateral, que vai permitir alavancar as relações. “Com esse instrumento vamos poder explorar áreas de interesse comum e promover a troca de delegações oficiais a vários níveis, devido aos projectos de acordo em várias áreas como a cultura, educação e turismo”, defendeu o diplomata.
Angola e o Egipto têm finalizado três importantes acordos, apenas à espera de serem assinados. Trata-se do Acordo Geral de Cooperação Económica, o estabelecimento de uma comissão conjunta e do mecanismo de consultas políticas entre os ministérios das Relações Exteriores.

Libreville apela à História

Para o embaixador do Gabão, Angola é um parceiro histórico, com laços de amizade bastante sólidos. Guy Nambo-Wezet considerou “imperioso” relançar a cooperação em todos os campos, não fossem os dois países “parte do mesmo espaço geográfico e com muitas áreas de interesse comum”.
O diplomata lembrou o acordo que existe entre Angola e o Gabão, que em tempos idos permitiu ligar as capitais com frequências regulares. “É também um dos temas na nossa agenda e pensamos procurar oportunidades para revisitar esse acordo, porque para já, fica-nos um pouco difícil retomar a ligação aérea entre as duas capitais”. A retomada dos voos entre Luanda e Libreville foi sugerida pelo anterior embaixador gabonês, durante uma audiência no Palácio da Cidade Alta. Mouely-Koumba François sugeriu que, uma vez que a Air Gabon está em reestruturação, fosse a TAAG–Linhas Aéreas de Angola a assumir essa frequência.
O Presidente da República acreditou também o novo embaixador do Mali, Diamou Keita. O diplomata diz-se convicto de que o futuro das relações entre os dois países “é de prosperidade”, e considerou fundamental a relação de proximidade entre os líderes dos dois países. A semana passada foram acreditados os embaixadores dos Países Baixos, da Bélgica, Índia, China e Polónia. Todos residentes em Angola.

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