OGE 2020 prevê mais justiça social
O Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2020 já está a ser preparado na base e vai contemplar medidas possíveis para a redistribuição dos recursos com mais justiça social e combate ao desperdício do erário público.
09 Outubro de 2019 | 23h42 – Actualizado em 10 Outubro de 2019 | 09h45
Esta informação foi avançada nesta quarta-feira, em Luanda, pela nova ministra das Finanças, Vera Daves, quando recebia as pastas ao ex-ministro, Archer Mangueira, depois de ter sido empossada pelo Presidente da República, João Lourenço.
Referiu que a justiça na redistribuição dos rendimentos começa pela forma como é executada a despesa pública.
“A responsabilidade pela despesa pública é de todos e cada um dos gestores das unidades orçamentais”, lembrou a nova governante, acrescentado que a má despesa é o mais insuportável de todos os impostos.
Sobre as políticas macroeconómicas traçadas, Vera Daves fez saber que vai trabalhar para que cada vez mais agentes económicos contribuam para financiar o investimento público e as despesas sociais do Estado, com destaque para a melhoria da saúde, ensino, estradas e segurança social.
Quanto à carga fiscal, a nova titular da pasta das Finanças acredita ser possível, num prazo, que seja mais justa e equitativa, de modo a evitar que se transforme num “fardo” e penalize quem quiser investir no país.
Diante dos funcionários das mais variadas áreas do sector, a nova ministra abordou também o tema sobre a libertação de mais recursos para a realização de investimento público e estimular o investimento privado, de modo a cumprir, plenamente, os objectivos do Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2018-2022, com ênfase para a criação de empregos.
Com foco na reforma dos subsídios, ainda em curso, de determinados bens e serviços, como nos sectores da energia, água e combustíveis, Vera Daves salientou que este exercício vai permitir a transferência directa dos rendimentos para as famílias, sobretudo naquelas com baixo rendimento.
No seu entender, a questão dos subsídios é um dos temas mais sensíveis do sector das Finanças, daí a necessidade do Estado reformar os subsídios e transferir os seus rendimentos à população mais desfavorecida.
“O que acontece, em grande medida, é que os subsídios acabam por beneficiar mais os agentes económicos que mais consomem e estes são, normalmente, os que tem maior rendimento”, admitiu.
Vera Esperança dos Santos Daves de Sousa, de 35 anos de idade, é natural de Luanda e licenciada em Economia pela Universidade Católica de Angola (UCAN).
Vera Daves é a primeira mulher que ascende ao cargo de ministra das Finanças em Angola. Até à data da sua nomeação exercia a função de secretária de Estado para as Finanças e Tesouro
Archer Mangueira deixa sector com 90% de dívida púbica
O ex-ministro das Finanças, Archer Mangueira, diz acreditar nas capacidades da nova ministra, que recebe as pastas num momento em que a dívida pública ronda os 90% do produto Interno Bruto (PIB).
“Deixo as finanças publicas num processo de fiscalização fiscal, visando a recuperação económica do País”, disse Archer em declarações à imprensa, à margem da cerimónia de entrega das pastas.
Acrescentou que a divida púbica está a beira dos 90% do PIB, mas realçou que um conjunto de determinantes levaram o crescimento desta.
Considerou a divida pública, como uma relação de “dois pesos”, que depende do crescimento do produto interno bruto, desvalorização cambial e impacto das dividas indexados à taxa de câmbios.
De acordo com o agora governador provincial do Namibe, o país tem um conjunto de determinantes que o levou ao crescimento da dívida pública, destacando os esforços e as medidas que estão a ser implementados pelo Executivo, já com algum sucesso, no sentido de alterar o actual estado de endividamento.
Recordou que o país vinha, há três anos consecutivos, de défice fiscais e até 2018 registou-se um superavit fiscal na ordem dos 2,2% do PIB, o que vai permitir reduzir os níveis da dívida pública.
Para 2019, ressaltou, o Executivo angolano está a executar um orçamento com perspectiva de equilíbrio, o que se augura para o OGE 2020 uma acção que poderá alterar a trajectória do endividamento público.
Quanto à divida externa, Archer Mangueira apontou várias acções em curso para a redução da mesma, com realce para a descontinuidade das linhas de crédito garantidas com o petróleo.