Presidente da República destaca a força do diálogo

Fotografia: Francisco Bernardo |

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O Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, reafirmou ontem em Luanda que a situação em Angola continua “estável do ponto de vista político e social”, apesar dos desafios económicos serem “maiores”  por causa da incerteza dos preços das matérias-primas.

O Presidente da República, José Eduardo dos Santos, garantiu que Angola fará tudo o que estiver ao seu alcance, durante a Presidência do Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Março próximo, para corresponder às expectativas quanto à gestão dos assuntos que constam da agenda das Nações Unidas.
Ao discursar na tradicional cerimónia de cumprimentos de Ano Novo aos membros do Corpo Diplomático acreditado em Angola, ocasião em que costuma conversar de modo informal com os diplomatas estrangeiros a trabalharem em Luanda, José Eduardo dos Santos disse que as incertezas dos preços das matérias-primas no mercado internacional, com realce para o do petróleo, obrigam a que se façam reajustes nos programas e planos de acção.
O Chefe de Estado reafirmou a sua determinação em encontrar os caminhos para “manter a estabilidade e proteger as condições de vida e as conquistas dos angolanos”. Destacou a situação de estabilidade política e social em Angola, numa altura em que se assiste, como referiu, uma “cada vez maior consolidação da unidade e da reconciliação nacional”.
O líder angolano fez uma breve alusão à presidência angolana na Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), cujo mandato de dois anos considerou “cumprido com grande empenho”, ao procurar sempre contribuir para a “resolução ou início de solução dos conflitos que afectam vários países”.
José Eduardo dos Santos, que à testa da Conferência Internacional para Região dos Grandes Lagos, teve um papel determinante no êxito do roteiro de paz e estabilidade na República Centro Africana, facto reconhecido pelas autoridades centro-africanas que conduziram o país durante o período de transição, expressou o desejo de que os resultados eleitorais na RCA permitam dar início à normalização da vida do povo centro-africano.
O líder angolano também falou do Sudão do Sul. Ao mais novo país do mundo, que este ano completa apenas cinco anos de independência, José Eduardo dos Santos desejou que seja coroado de êxitos o processo de formação do Governo de União Nacional e que conduza o país à pacificação total e à retoma da estabilidade económica.
Tal como fizera o ano passado, o Presidente angolano voltou a falar da necessidade de haver concertação, diálogo e negociação para aproximar Estados para que possam encontrar as melhores soluções para os problemas que o mundo enfrenta, pois, como disse, num mundo global e plural, o espírito de abertura para o diálogo, a tolerância e a prevalência da razão e bom senso, são a “chave para a resolução dos problemas que afectam a Humanidade”.
Entre os problemas referenciados por José Eduardo dos Santos ressalta a queda dos preços das matérias-primas no mercado internacional, em particular o do petróleo, que considerou um dos maiores obstáculos aos esforços de recuperação dos países subdesenvolvidos e de desenvolvimento médio.
O Presidente angolano referiu-se também à proliferação de conflitos e guerras locais e subregionais, de que resultam graves consequências humanitárias. José Eduardo dos Santos relacionou os conflitos com o agravamento da crise económica e financeira que o mundo enfrenta. E apontou como exemplos, os conflitos no Médio Oriente e a intensificação do terrorismo, com os desafios que praticamente dominam as atenções do mundo.
“É urgente que se obtenha uma solução abrangente e inclusiva capaz de pôr termo a estes problemas e assim viabilizar a estabilidade de toda a região e remover a causa principal do crescimento do número de refugiados que se dirigem para a Europa”, assinalou.

Conflitos em África

Em relação ao “continente berço”, o Chefe de Estado angolano considerou a persistência de focos de conflitos como a principal preocupação dos africanos. E fez um apelo às Nações Unidas e à União Africana para que dediquem especial atenção às crises em países como a Líbia, Mali, República Centro Africana, Sudão e Sudão do Sul, e ainda a Somália e o Burundi. “A paz deve ser a primeira prioridade de todos os países e em todos os continentes, para que não se comprometa o nosso destino comum. Esse destino não pode ser outro senão o do progresso, desenvolvimento e harmonia entre os povos”, defendeu.

Tratado de Paris

Diante dos embaixadores acreditados em Angola, o Presidente José Eduardo dos Santos voltou a falar do ambiente e em particular os efeitos das alterações climáticas. Fizera-o já na mensagem sobre o Estado da Nação, em Outubro passado, assinalando desta vez a realização do COP21, na capital francesa, como “um grande acontecimento a favor da preservação do ambiente a nível de todo o planeta”
O Presidente José Eduardo dos Santos realçou o facto de, pela primeira vez, terem sido adoptadas medidas efectivas para prevenir e reverter o processo de aquecimento global. Depois de anos de negociações, representantes de 195 países assinaram em Paris um acordo histórico para conter o aquecimento global.  Os países disseram “sim” ao tratado que envolve todas as nações num esforço colectivo para tentar conter a subida da temperatura do planeta a 1,5 graus centígrados.

Todos com Angola

A embaixadora de Cuba, vice-decana do Corpo Diplomático, disse que os países com representações diplomáticas em Angola estão prontos a apoiar no que for possível para atravessar o período difícil resultante da queda acentuada do preço do petróleo. A diplomata cubana destacou o peso de Angola na arena internacional, dada a sua capacidade de diálogo e influência, reforçada com a sua eleição a membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU para o biénio 2015/2016, a presidência da região do Grandes Lagos e comité consultivo permanente da ONU para a segurança da África Central.
Gisela Rivera expressou gratidão, em nome de todos os colegas, pela hospitalidade do Governo e do povo angolano. A diplomata falou dos 40 anos da Independência de Angola, celebrados a 11 de Novembro passado, e encorajou a prosseguir com os esforços na resolução de conflitos e na busca da paz regional.

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