Primeira-dama apela para mais apoio à mulher rural

PRIMEIRA - DAMA DA REPÚBLICA, ANA DIAS LOURENÇO (ARQUIVO) FOTO: PEDRO PARENTE

PRIMEIRA – DAMA DA REPÚBLICA, ANA DIAS LOURENÇO (ARQUIVO)
FOTO: PEDRO PARENTE

13 Outubro de 2020 | 15h42 – Actualizado em 13 Outubro de 2020 | 16h10

A Primeira-dama de Angola, Ana Dias Lourenço, apelou nesta terça-feira, aos órgãos do Executivo para o reforço, de forma substantiva e sustentável, dos apoios à mulher rural, por ser a principal força motora da economia familiar e rural no país.

Em Angola, a mulher rural, reconhecida como um importante agente económico, representa um universo de cinco milhões, 360 mil e 200 pessoas, 18,6% da população estimada em mais de 30 milhões de habitantes, de acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Ana Dias Lourenço, que foi anfitriã, por videoconferência, do Webinar sobre o “Contributo da Mulher Rural nos Sistemas Agro-alimentares e na Economia”, uma iniciativa que contou com o apoio da FAO- Programa das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura, apelou à melhoria das políticas públicas neste domínio, provendo melhor educação, saúde e acesso às tecnologias.

Defendeu a criação de redes de apoio e que se incentive a autonomia dessas mulheres e dos seus filhos nas respectivas comunidades.

Na óptica de Ana Dias Lourenço, é urgente regenerar o agro-negócio, dotando as comunidades de capacidades para se fixarem, aumentado o investimento no meio rural, bem como a diversificação das modalidades de financiamento, tendo como base o micro-crédito.

“A Agenda 2063 da União Africana, a África que Queremos, estabelece que até 2030, pelo menos, 30% das mulheres deverão ter posse de títulos de propriedades”, lembrou Ana Dias defendendo o acesso ao registo de propriedade rural para que sejam mais acessíveis ao cidadão, principalmente às populações do meio rural, com pouca instrução, para facilitar o seu acesso ao crédito.

Acredita ser uma inspiração dos diversos sectores económicos e sociais a aposta no estímulo da produção e consumo de alimentos locais e fortalecer a agricultura familiar para industrialização, dentro de uma estrutura que tenha em conta a sustentabilidade ambiental e a preservação do habitat.

“Desta forma estaremos a garantir o alimento das famílias, a preservar a saúde alimentar, a nossa identidade cultural”, sublinhou, tendo apelado â necessidade de se desenvolver o potencial agro-alimentar e a garantia de parcerias.

Pobreza extrema no meio rural

A Primeira-dama considerou que em Angola a incidência da pobreza extrema não difere muito entre mulheres e homens, estando em torno dos 40,2% para as mulheres e 40,8% para os homens.

A pobreza extrema na zona rural, prosseguiu, é três vezes superior a da área urbana, sendo os maiores níveis registados nas províncias do Cuanza Sul, Lunda Sul, Huíla, Huambo, Uíge, Bié, Cunene e Moxico.

Paradoxalmente, disse, as referidas províncias são as que têm um elevado potencial agro-alimentar.

Quanto à África, com base em dados do Relatório do Banco Mundial (BM) de 2018, dos 28 países mais pobres no mundo, 27 são da África subsaariana, com taxas de pobreza em torno dos 40%, colocando 70% das mulheres e seus filhos como os mais pobres no mundo.

Em África, referiu, os agricultores representam 70% da força de trabalho e 60% da força de trabalho na agricultura familiar são mulheres.

Pelo menos 60 a 80% dos bens agrícolas consumidos em África são produzidos pelas mulheres rurais, que são a base da economia e a chave para a sua expansão, de acordo com Ana Dias Lourenço.

“Acreditamos que políticas e acções concretas para o aumento da produtividade agrícola de forma sustentada é a forma mais eficaz de reduzirmos a pobreza no nosso país e no nosso continente, sobretudo na África Subsaariana”, frisou.

Este webinar sobre o contributo da “Mulher Rural nos Sistemas Agro-alimentar e na Economia” celebra o Dia Mundial da Alimentação e os 75º (septuagésimo quinto) aniversário da FAO, comemorado a 16 de Outubro sob o lema “Cultivar, Alimentar, Preservar, Juntos Agir para o Futuro.

Estiveram no painel, o economista chefe da FAO, Maximo Torero, a comissária da União Africana para Economia Rural e Agricultura, Josefa Sacko, a representante da FAO em Angola, Gherda Barreto, as secretárias de Estado das Pescas e da Família e Promoção da Mulher, Esperança da Costa e Elsa Barber, respectivamente.

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