RCA pede apoio para a formação de polícias

Depois da recepção, João Lourenço e Faustin Touadera tiveram aquele que foi o primeiro encontro entre ambos Fotografia: Kindala Manuel|Edições Novembro

Depois da recepção, João Lourenço e Faustin Touadera tiveram aquele que foi o primeiro encontro entre ambos
Fotografia: Kindala Manuel|Edições Novembro

A República Centro-Africana (RCA) pretende que Angola retome o programa de formação da Polícia daquele país, que existiu no período de transição, entre 2014 e 2016.

A intenção foi manifestada pelo Presidente daquele país, Faustin Touadera, que ontem efectuou uma visita oficial e de trabalho a Angola, para a troca de impressões com o seu homólogo, João Lourenço. Os dois estadistas reuniram-se em privado, naquele que foi o primeiro encontro oficial entre ambos.
As autoridades da RCA pretendem também que Angola reconsidere a suspensão dos voos da TAAG para aquele país. O referido voo era o único que fazia a ligação do país com o resto da região central do continente.

Segundo o ministro das Relações Exteriores de Angola, Manuel Augusto, enquanto presidente da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL)– no período entre 2013 e 2017 – , Angola esteve muito engajada no acompanhamento da situação política e de segurança na RCA.
De lá para cá, disse, houve mudança de Chefe de Estado em Angola. “Este é o primeiro encontro oficial entre o Presidente João Lourenço e o Presidente Faustin Touadera”, sublinhou.
“Foi uma ocasião para que o Presidente Touadera informasse ao Presidente João Lourenço sobre a evolução da situação política e de segurança na RCA, que atravessa um momento crítico”, explicou Manuel Augusto, acrescentando que os movimentos rebeldes que actuam naquele país continuam activos, não obstante todos os entendimentos e acordos já assinados.
Manuel Augusto ressaltou a chamada iniciativa africana para a solução da crise na RCA, com a presença, também, da Missão das Nações Unidas (MINUSCA), que tem tentado trazer as forças rebeldes à mesa do diálogo, mas não tem sido fácil. “Há novas iniciativas também sob cobertura da União Africana e o Presidente Touadera aproveitará para informar o seu homólogo sobre o estado das coisas”, salientou.

O ministro das Relações Exteriores reafirmou a abertura de Angola em continuar a apoiar a RCA para a estabilidade do país,sublinhando que “Angola defende a estabilidade em todo o continente e particularmente nas regiões em que faz parte”. “A região da África Central é crucial para nós. A RCA não está tão longe de Angola”, sublinhou Manuel Augusto. “A RCA é um país que deve merecer a nossa atenção, principalmente quando se trata de questões de segurança”.

A RCA caiu no caos e na violência em 2013, depois do derrube do ex-Presidente François Bozizé por vários grupos unidos na designada Séléka (que significa coligação na língua franca local), que suscitou a oposição de outras milícias, agrupadas sob a designação anti-balaka.
Desde então, a quase totalidade do país é controlada por grupos armados e milícias, que cometem violências e abusos. Uma missão da Organização das Nações Unidas (MINUSCA), presente no país desde 2014, e um exército nacional, em formação, procuram restabelecer a ordem.

O Governo do Presidente Faustin Touadera, que venceu as presidenciais de 2016, controla cerca de um quinto do território. O resto é dividido por pelo menos 14 milícias, que, na sua maioria, procuram obter dinheiro através de raptos, extorsão, bloqueio de vias de comunicação, recursos minerais (diamantes e ouro, entre outros), roubo de gado e abate de elefantes para a venda de marfim.
A República Centro-Africana situa-se na África Central e faz fronteira a norte com o Chade, a nordeste com o Sudão, a este com o Sudão do Sul, a sul com o Congo Brazzaville e a República Democrática do Congo e a oeste com os Camarões. Durante 66 anos, foi uma colónia francesa. O país, cuja capital é Bangui, tem uma população de quase 5 milhões e 200 mil habitantes, segundo dados de 2013.
A RCA possui vastos recursos agrícolas, boas reservas de ouro e urânio e as suas principais exportações são diamantes, madeira, café e tabaco.

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