Reconciliação em Angola assenta em experiências “bem sucedidas”

MINISTRO DA JUSTIÇA E DOS DIREITOS HUMANOS - FRANCISCO DE QUEIRÓS FOTO: VIGAS DA PURIFICACAO

MINISTRO DA JUSTIÇA E DOS DIREITOS HUMANOS – FRANCISCO DE QUEIRÓS
FOTO: VIGAS DA PURIFICACAO

09 Março de 2020 | 19h02 – Actualizado em 09 Março de 2020 | 19h18

O ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queirós, declarou hoje (segunda-feira), em Luanda, que o processo de reconciliação em Angola assenta na experiência “bem sucedida” do perdão e reintegração, sem se apontar culpados, vítimas, vencido ou vencedores.

Francisco Queirós discursava na cerimónia de empossamento dos membros do grupo técnico-científico da comissão para a implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos, cujo coordenador é o historiador Cornélio Caley,

O governante disse que, apesar das recomendações da União Africana e sua experiência de reconciliação, em Angola deve-se ter em conta o sucesso do processo do fim guerra, alcançado a 4 de Abril de 2002 (processo de Paz), que permitiu a pacificação e reintegração de irmãos desavindos.

Exemplicou que ao contrário dos conflitos políticos como o da África do Sul, onde o “apartheid” (então regime segregacionista) era uma política de Estado e os agressores estavam identificados, em Angola as querelas não eram politicamente programadas.

Francisco Queirós citou, ainda, como exemplo o caso do 27 de Maio de 1977, altura que o país tinha apenas um ano e seis meses de independência, estava em conflito interno e exisita um contexto de guerra entre as grandes potências (guerra fria), com impacto na vida interna.

Para o ministro da Justiça, seria arriscado abrir, em Angola, um processo de reconciliação idêntico ao que se fez na África do Sul, por se recear acusações que façam perigar o sucesso do actual processo de reconciliação, “conseguido sem acusações, nem exigência de perdão”, e é contra a repitação de episódios de violência.

O ministro reafirmou que o programa de reconciliação em memória das vítimas visa essencialmente unir os angolanos para construir as bases da democracia, economia de mercado, desenvolvimento económico e social, inclusivo, em prol do bem-estar da população e em defesa da soberania.

Exortou o grupo técnico-científico, empossado hoje, a identificar às vítimas, a sua caracterização histórica, sensibilizá-las para o perdão, preparação de um futuro de paz e de harmonia.

Promover o perdão consta das prioridades 

O coordenador do grupo técnico-científico da Comissão para a implementação do Plano de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Político, Cornélio Caley, apontou como missão trabalhar para “que os angolanos se abracem, fortaleçam a democracia e promovam o desenvolvimento do país”.

O também historiador disse considerar essencial avançar com o perdão, analisar, os acontecimentos havidos em partidos, muitos dos quais com “passivos por resolver”.

Integram a comissão várias individualidades, representando partidos políticos, igrejas e organizações socioprofissionais e da sociedade civil, bem como académicos.

Destacam-se o padre Celestino Epalanga, da comissão justiça e paz da CEAST, Luís Jimbo, do Instituto de Sistemas Eleitorais, o reverendo António Mussaqui, os juristas Salvador Freire dos Santos, Solange Pereira e Carlos Manuel, o historiador e sociólogo Francisco Alexandre, a advogada Florbela Malaquias e o politólogo Fernando Faria.

A historiadora Luzia Milagre, o psicólogo José Nkossi, o artista António Tomás Ana “Etona”, o docente Mário Pinto de Andrade, também, integram o grupo técnico-científico, hoje empossado.

FacebookTwitterGoogle+