Reforço da parceria estratégica

Fotografia: Santos Pedro |

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Angola defendeu ontem a revisão da parceria estratégica entre  África e Índia, com vista ao seu fortalecimento e eficácia nos domínios da Paz e Segurança, Agricultura, Saúde, Emprego, Assistência Social, Comércio, Indústria, Educação e Formação de Quadros, Recursos Marinhos e da Economia Azul.

A posição de Angola foi apresentada pelo ministro das Relações Exteriores, Georges Chikoti, na reunião ministerial da III Cimeira Índia-África, que decorre desde segunda-feira em Neva Deli.
O chefe da diplomacia angolana defendeu a aprovação do quadro para o reforço da cooperação, adoptado na segunda Cimeira, em Maio de 2011, em Addis Abeba. “Pretendemos que o quadro reflicta as prioridades, rumo a um crescimento económico inclusivo para a erradicação da fome e da pobreza, que ainda grassa nos nossos países, e a atribuição de recursos adequados para o desenvolvimento sustentável, definido na Agenda 2063 de África e do respectivo Plano de Implementação Decenal, bem como os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável, no âmbito da Agenda 2030 para o Desenvolvimento e as prioridades do Governo da Índia”.
Georges Chikoti referiu que Angola considera importante a satisfação com urgência do acesso à educação de qualidade para todos, ao desenvolvimento de competências e de capacidades, aos cuidados de saúde acessíveis, às fontes modernas de energias limpas, às infra-estruturas e à oportunidades de trabalho, por meio do desenvolvimento de todos os sectores da economia, incluindo a agricultura, indústria, serviços, mitigação das alterações climáticas e a redução do risco de calamidades. “Por esta razão, Angola apoia uma parceria estratégica entre a África e a Índia, que represente uma cooperação sul-sul multidimensional”, declarou. Apesar dos avanços globais em diversas áreas de desenvolvimento, acrescentou Georges Chikoti, Angola continua preocupada com a deterioração e o estado inaceitável da situação da mulher e da juventude africana, que enfrentam níveis crescentes de desemprego, pobreza, conflitos armados, doenças, analfabetismo funcional e uso de substâncias nefastas à saúde humana.
A cooperação entre a Índia e os países africanos pode permitir um rápido desenvolvimento das respectivas economias, tendo em conta que a Índia tem uma das economias mais desenvolvidas da Ásia, em que o sector da Agricultura, Indústria, Saúde, Ciência e Educação contribuem grandemente para o seu produto interno bruto e os países africanos possuem recursos naturais e humanos, acrescentou Georges Chikoti. Sobre a Cimeira Índia-África, em que Angola participa pela primeira vez, Georges Chikoti considera um mecanismo forte de concertação para o estreitamento das relações de amizade e de cooperação que unem os respectivos governos e povos. “O encontro é um mecanismo complementar ao sistema bilateral de cooperação que os países africanos têm com a Índia nos domínios político, económico, sociocultural, com base nos princípios da mutualidade, complementaridade, solidariedade e na promoção de interacções entre pessoas”.

Linha de crédito

Após a sua intervenção na reunião ministerial, Georges Chikoti informou que Angola já beneficiou de uma linha de crédito da Índia, que neste momento está a ser negociada, para a concretização de projectos no domínio da produção de equipamentos agrícolas.
“Angola também pretende cooperar com o país asiático nas áreas das novas tecnologias de informação, formação de quadros e agricultura, assim como os demais países africanos, incluindo as áreas de energia e negócios”.
No domínio das tecnologias de informação, o ministro José Carvalho da Rocha explicou que o país está interessado em acolher a experiência da Índia na formação de jovens talentos para a criação de programas informáticos. Neste momento, informou o ministro José Carvalho da Rocha, estão a ser estudados os mecanismos de cooperação bilateral, para permitir a transferência de conhecimentos e de tecnologia. Por sua vez, a Índia, além dos benefícios do ponto de vista económico, quer o apoio dos países africanos para ser membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e defende a ideia de o continente africano ter dois membros no Conselho de Segurança, havendo assim um apoio recíproco entre as partes.
Além disso, destacou Georges Chikoti, há um envolvimento da Índia na defesa das grandes questões políticas que preocupam a África, ligadas ao terrorismo e ao Tribunal Penal Internacional.
A ministra dos Negócios Estrangeiros da Índia, Sushma Swaraj, afirmou que tem havido cooperação com os países africanos e com instituições internacionais, mas há necessidade de uma maior aproximação com os pequenos países e as ilhas, para que também alcancem o desenvolvimento económico  sustentável. “Tenho a certeza de que vamos continuar a trabalhar juntos para concretizar projectos e promover o interesse de cada um”.
A reunião, em que participaram ministros das Relações Exteriores e dos Negócios Estrangeiros de todos os países africanos, com excepção do Saara Ocidental, tratou da Declaração da Cimeira e do Quadro de Parceria Estratégica África-Índia, que reflecte a vontade de cooperação entre o país asiático e os países do continente africano.
Os dois documentos, que já foram tratados pelos peritos e revistos pelos ministros, fazem parte da agenda dos Chefes de Estado  e de Governo, que hoje chegam a Nova Deli para participar na III Cimeira. O encontro decorre sob o lema “Parceiros no progresso: no caminho para uma agenda de desenvolvimento dinâmica e transformadora”.
Neste encontro de alto nível, que se realiza amanhã, Angola é representada pelo Vice-Presidente da República, Manuel Vicente.

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