Relações “excelentes e históricas”

Fotografia: Rogério Tuti

Fotografia: Rogério Tuti

A Etiópia pretende que a cooperação económica com Angola faça jus às excelentes relações políticas e aos fortes laços de amizade que unem os dois povos, desde o tempo em que os angolanos ainda lutavam pela sua independência, disse ontem o ministro dos Negócios Estrangeiros etíope, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Em declarações à imprensa, após ser recebido em audiência pelo Presidente da República, José Eduardo dos Santos, Tedros Adhanom Ghebreyesus disse que a Etiópia pretende abrir uma missão diplomática em Luanda “tão logo seja possível”, como forma de impulsionar a cooperação entre os dois países.

Diplomacia económica

Tedros Adhanom Ghebreyesus, que foi portador de uma mensagem do primeiro-ministro Hailemariam Desalegn, ao Chefe de Estado angolano, considerou imperioso que a cooperação económica entre Adis Abeba e Luanda esteja à altura dos desafios dos tempos que correm e defendeu a revisão dos acordos já assinados. “A mensagem que trago do meu primeiro-ministro tem grande incidência na necessidade de a cooperação económica estar ao mesmo nível das relações políticas, que são bastante fortes”, frisou.
O ministro etíope comentou a presença do presidente da Ethiopian Airways na sua delegação, como um sinal da nova perspectiva de cooperação que Adis Abeba pretende implementar. “A nossa transportadora aérea vem para dar força a esta cooperação, na perspectiva de aposta na diplomacia económica”, salientou.
Tedros Adhanom Ghebreyesus recordou que Etiópia e Angola também têm um acordo na área de serviços aéreos, que envolve as companhias de bandeira. “Pretendemos que as duas companhias sejam catalisadoras da nossa cooperação económica”, disse o ministro etíope, que considera um desperdício não conjugar interesses entre duas das economias que mais crescem em África.
A Etiópia tem registado níveis de crescimento com valores de dois dígitos nos últimos nove anos, fruto de um ambicioso programa de crescimento acelerado da economia. O referido programa económico visa incrementar susbancialmente os rendimentos da população e a sua produtividade na agricultura e negócios em pequena escala.

Metas comuns

A Etiópia pretende passar a País de Rendimento Médio em 2016, assim como  Angola que é candidata a passar da lista dos Países Menos Avançados para a lista dos Países de Rendimento Médio já em 2015, segundo a Comissão das Políticas de Desenvolvimento do Conselho Social da ONU. Basta que Angola cumpra com pelo menos dois dos três critérios de elegibilidade: o Produto Nacional Bruto “per capita”, o Índice de Capital Humano, e o Índice de Vulnerabilidade Económica. Além do ministro dos Negócios Estrangeiros da Etiópia, o Presidente concedeu mais duas audiências. Primeiro o presidente da construtora Mota Engil, António Mota, que anunciou o desejo de aumentar o valor do investimento e expandir a carteira de negócios em Angola. A seguir foi Jordi Comas, director executivo do Andbank, um dos maiores bancos privados de Andorra, que pretende apostar no mercado africano e quer que Angola seja a porta. António Mota disse à imprensa após a audiência que a sua companhia tem projectos de investimento na ordem dos 20 milhões de euros. “Durante este ano criar uma empresa de direito angolano na área de construção e montagem de redes de alta e baixa tensão eléctrica para fazer face àquilo que são as necessidades de transporte de energia em Angola”, prometeu.
O empresário falou da presença da companhia no continente africano, com destaque para a construção do caminho-de-ferro de Nacala, em Moçambique, ligando as minas de Moatize ao Porto de Nacala, e valorizou o facto de a Mota Engil ter actualmente mais de seis mil colaboradores, na sua maioria angolanos.  “O projecto caminho de ferro de Nacala gerou um grande contrato e fica pronto no final do ano. Vai haver disponibilidade para se transferir ‘know how’ para Angola, se Angola precisar dele nessa área”, disse António Mota, sublinhando que “o potencial de crescimento de Angola é enorme, tal como o empenho da Mota Engil em participar de forma activa nesse crescimento”.

Porta de África

Igualmente atraído pelos excelentes indicadores macroeconómicos, o Andbank elegeu Angola como porta de entrada para a sua aposta em África. “Somos um banco que está nas principais regiões do mundo, Europa, América e agora queremos vir para África. Angola é um país de referência em África, por isso queremos a partir daqui ter uma presença forte no continente”, disse Jordi Comas.
O alto executivo do Andbank explicou que já tem capital e só entra em actividade depois de preencher os requisitos da legislação angolana. “O nosso objectivo é apoiar as operações do Estado e dos particulares. Queremos ajudar na actual fase do desenvolvimento de Angola, para que o Estado tenha bons financiamentos,  as empresas tenham dinheiro para iniciar as suas actividades e os particulares possam ter sempre acesso a créditos e outros produtos bancários”, garantiu.

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