Rússia pretende reforçar cooperação com Angola, afirma embaixador

EMBAIXADOR DA RÚSSIA EM ANGOLA, VLADIMIR TARAROV FOTO: ALBERTO JULIÃO

EMBAIXADOR DA RÚSSIA EM ANGOLA, VLADIMIR TARAROV
FOTO: ALBERTO JULIÃO

18 Março de 2018 | 18h50 – Actualizado em 18 Março de 2018 | 18h50

A Rússia pretende aumentar nos próximos tempos a cooperação com Angola em vários domínios, que resultem em vantagens recíprocas e supere o volume actual de negócios entre os dois países que ronda em cerca de 200 milhões de dólares.

A pretensão foi reafirmada neste domingo, em Luanda, pelo embaixador da Federação Russa em Angola, Vladimir Tararov, em entrevista à Angop.

De acordo com o embaixador, pelo menos sete acordos estão já preparados para serem assinados entre os dois países, que pode acontecer entre Junho e Julho deste ano, por ocasião da visita do presidente de Angola, João Lourenço, à Federação Russa.

Destes acordos destacam-se o de utilização para fins pacíficos do espaço cósmico, o de energia atómica para fins pacíficos e o de defesa do produto intelectual no ramo militar, que visa a possibilidade de fornecer armas sofisticadas e modernas.

Segundo Vladimir Tararov, a Rússia pretende avançar com mais acordos com Angola, mas os novos por assinar são “muito importantes e vai contribuir para o desenvolvimento da nossa cooperação em vários domínios”.

“Somos amigos de longa data. A nossa ajuda foi desinteressada durante a luta para a libertação. Mas Angola tomou a posição de desenvolvimento multifacético e agora somos obrigados a tomar um
lugar importante nesse processo de desenvolvimento de Angola. Será uma cooperação vantajosa”, ressaltou o diplomata.

“Angola joga um papel muito importante na África e na África austral. Está entre as organizações regionais, encabeça os departamentos dessas organizações e faz o seu contributo para a resolução dos conflitos regionais, e isso pode impulsionar o desenvolvimento económico de África”, acrescentou, revelando que é por isso que o seu país pretende alargar a cooperação.

Instado sobre o volume de negócios, que, em 2011, rondava entre os 80 milhões de dólares, o representante russo em Angola apontou que actualmente situa-se em cerca de 200 milhões de dólares, que para ele é “muito pouco”.

“Subiu um pouco mais, mas não o suficiente. Mais ou menos perto de 200 milhões de dólares. Mas é insuficiente”, indicou, antes de argumentar que a distância que separa os dois países também tem dificultado os negócios.

“Nós estamos longe de um para o outro. A distância entre a Rússia e Angola não permite fornecer muitos produtos. A politica que nós tomamos é a criação de empresas conjuntas em Angola e mesmo na Rússia. Não tenho medo de dizer isso: muitos empresários angolanos podem investir na Rússia para a interligação económica entre os nossos países”, sublinhou.

Afirmou que vários empresários do seu país querem investir no agro-negócios em Angola, por nessa região possuir condições naturais para a produção de alimentos em grandes quantidades para o consumo interno e para a exportação.

Do conjunto de negócios já existentes desde 70, 80 e 90,  figuram os da cooperação no domínio militar, formação de quadros e medicina, entre outros. A exploração do espaço cósmico é o mais recente, com a construção do primeiro satélite angolano – o Angosat 1 que se encontra desde 2017 em órbita.

Para si, a cooperação nesse sector contribui para o desenvolvimento de Angola, mas também fortalecer o país a nível regional, pois vai vender os serviços do satélite a outros, gerando dessa forma receitas.

Sobre o estado actual desse aparelho, que após o seu lançamento surgiram-lhe problemas de comunicação, informou que o mesmo encontra-se em órbita e aguarda-se pelo seu normal funcionamento.

“Se aparecer algum problema no actual satélite, nós vamos construir um outro mais sofisticado do que nesse. Temos seguros que podem ser pagos. Esses seguros valem para pagar um outro”, rematou,
observando que os quadros angolanos para  operarem o satélite em Angola estão formados.

“Fizemos um trabalho na formação de quadros para o domínio cósmico aqui em Angola. Formou-se quadros na Rússia, participaram da construção do satélite e têm o domínio teórico e prático”, assegurou, lembrando que na Funda (norte da cidade Luanda) foi erguido um centro de exploração cósmica com alta tecnologia para onde os técnicos angolanos estão a trabalhar. “A aparelhagem é da última palavra da ciência”, gabou-se.

Sobre a possível venda para Angola de aviões Sukoi para o transporte comercial,  fez saber que não será um negócio entre os dois Estados, logo não domina o dossier por tratar-se de acordos comerciais entre empresários angolanos e russos.

O embaixador também falou sobre a divida externa de Angola perante a Rússia que, apesar de não revelar o valor contraído no tempo da União Soviética, disse que está ser resolvida com a extracção de diamantes em Catoca, província da Lunda-sul.

“Quando a URSS deixou de existir tivemos um problema da dívida externa de Angola perante a Rússia. E quando propusemos um sistema de resolução dessa divida, nós também conseguimos
entrar num entendimento para tentarmos regularizar isto, com base na extracção de diamantes, concluiu.

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