Simões Pereira pede acompanhamento da Guiné-Bissau
26 Fevereiro de 2020 | 18h08 – Actualizado em 27 Fevereiro de 2020 | 11h37
O Presidente da República, João Lourenço, recebeu hoje (quarta-feira), em Luanda, o candidato derrotado das eleições presidenciais na Guiné-Bissau, Domingos Simões Pereira, que solicitou de Angola o “permanente acompanhamento” do seu país.
O Chefe de Estado angolano já felicitou o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro El Mokhtar Sissoco Embaló, pela sua eleição ao cargo, a 29 de Dezembro último.
À saída da audiência, o também presidente do Partido Africano para Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC) declarou à imprensa esperar de Angola um contínuo acompanhamento do seu país, face à tentativa de manipulação dos resultados eleitorais.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau anunciou, a 17 de Janeiro, a vitória de Umaro Sisso Embaló, do MADEM-G15, como novo Presidente eleito da Guiné-Bissau, mesmo depois de a candidatura de Simões Pereira ter interposto recurso ao Supremo Tribunal de Justiça, a contestar os resultados e a pedir recontagem dos votos.
Para o candidato do PAIGC, a tentativa de Umaro Embaló de tomar posse na quinta-feira, antes da solução do litígio, demonstra desrespeito às leis, aos órgãos de soberania e à ordem internacional.
Considerou que os dados divulgados pela CNE não têm fundamentação, por só reflectirem sobre as actas de duas das 10 regiões administrativas do país, quando a lei exige que as urnas sejam conservadas durante um ano.
Simões Pereira acusou a CNE de desrespeitar a determinação do Supremo Tribunal de Justiça e exigiu a repetição da segunda volta das eleições presidenciais.
Para o derrotado, a recontagem devia acontecer 48 horas depois do pleito eleitoral, mas já passam 60 dias e não foi feita por falta da acta nacional.
Ingerência de países vizinhos
Na óptica do político guineense, alguns países vizinhos procuram manipular os resultados eleitorais, para colocar no poder pessoas dóceis aos seus interesses.
A título de exemplo, disse que o vizinho Senegal anunciou a realização de leilões de poços petrolíferos, incluindo de plataformas que estão no território guineense.
O político guineense admitiu, igualmente, a existência de interesses fundamentados em factores de natureza étnica e tribal.